Parceira do Mercado Livre  (AndroidiOS), a Pulpou age através de uma ferramenta chamada de Programa de Proteção de Marca (BPP), do próprio marketplace. Ali as suas soluções são usadas para identificar conteúdos inadequados, como produtos falsificados ou que ferem a propriedade intelectual das marcas. O objetivo é aumentar a credibilidade da plataforma, proteger comerciantes e clientes. Pelo BPP, a empresa já está presente em alguns países da América, como México, Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos e Peru. Agora, quer fincar raízes no Brasil. Em julho, a Pulpou anunciou a sua chegada oficial ao País, onde terá seu próprio escritório e visa expandir seu atendimento a outros varejistas.

Há alguns anos, a empresa já atua no mercado brasileiro, onde, além do Mercado Livre, auxilia Amazon (Android, iOS), Americanas (Android, iOS), eBay (AndroidiOS), Magalu (AndroidiOS) e Shopee (AndroidiOS). De acordo com o CEO da Pulpou, Gabriel Pasqualini, nesse período, a companhia conseguiu ajudar especialmente a indústria de cosméticos e de produtos eletrônicos. A chegada oficial ao Brasil tem como intuito expandir o alcance da companhia a outras lojas de varejo do País. A Pulpou acredita que, em dois anos, igualará o faturamento no País ao que registra no restante da América Latina.

“O Brasil é um mercado incrível, a nossa aposta no país é muito grande. Queremos investir para preparar a nossa equipe e fazer um trabalho sólido. Desejamos crescer”, afirmou o CEO. De acordo com ele, a Pulpou deve investir tudo que for arrecadado por aqui na sede brasileira. Além disso, as aparições em eventos devem ser recorrentes. Confiante na nova empreitada, Pasqualini prevê que dentro de cinco anos as pessoas acreditarão que a companhia é brasileira.

Ferramentas

Entre as aplicações disponíveis na plataforma está o Brand Protection. Através dele, o cliente da Pulpou consegue monitorar os sites de venda online, parceiros da empresa de tecnologia, e saber como seus produtos são comercializados. Nesta avaliação, é possível verificar infrações de propriedade intelectual, como a venda de itens falsos, mas que são anunciados com o nome de uma marca. Uma vez identificado o problema, o cliente da Pulpou pode solicitar a baixa da publicação. Para isso, há PDFs pré-formatados para a loja online e o comerciante infrator. Gerados automaticamente, eles trazem todas as informações da marca, como representação legal, direitos de propriedade intelectual e a descrição completa da publicação com problema.

Caso a marca suspeite de algum vendedor dentro do marketplace, ela pode monitorá-lo e receber informações regulares a respeito dele. Para facilitar o fluxo de avaliação, a plataforma tecnológica retira conteúdos que poluem visualmente a página, como banners e promoções. Nesta funcionalidade, há ainda o BPC Companion, em que diferentes equipes podem atuar simultaneamente, de modo que se uma está revisando determinado anúncio, a outra consegue identificar e partir para outra publicação. 

Outra inovação é o Price Traking, em que o cliente da Pulpou fica de olho nos seus produtos e de sua respectiva concorrente. O objetivo é monitorar os valores de venda, dando um panorama comparativo e emitindo alertas, ou seja, identifica se os itens são comercializados por um valor acima ou abaixo do estipulado pela marca e pelo mercado. As notificações, inclusive, são acompanhadas de fotos do anúncio suspeito. O cliente da Pulpou ainda escolhe a periodicidade que deseja receber seus relatórios, mesmo em épocas cujo fluxo de comercialização é maior, como em datas comemorativas. Além disso, o acesso à funcionalidade se dá via API (Interface de Programação de Aplicação) ou por arquivos de Excel. 

As duas tecnologias contam com o auxílio de bots e têm diversos filtros de busca. Com isso, somente no Mercado Livre, a Pulpou registrou mais de 1 milhão de reclamações dos mais de 7 mil associados presentes em 18 países, registrando um êxito de 80%, ao garantir a remoção dos conteúdos infratores.

Para o CEO, a Pulpou possibilita acompanhar as tendências de mercado. “No Price Traking, o serviço de acompanhamento nos permite verificar quais são as categorias de um determinado produto que têm maior saída, por quais valores, as novidades e o que já não está mais sendo comercializado”, destacou Pasqualini.

Novas funcionalidades

Recentemente, a empresa lançou outras ferramentas. A primeira delas é o Pulpou Agent, desenvolvido com o auxílio do ChatGPT, capaz de detectar as principais informações sobre vendedores e produtos que impactam o negócio dos clientes da empresa. Outro lançamento foi o Image Matcher, que também usa IA e identifica o uso de imagens de catálogo da marca, mesmo que tenham eventualmente sido alteradas. Já o Seller Matcher consegue traçar o perfil do comerciante e saber se ele se cadastrou com outro nome, além de verificar se a mercadoria anunciada é falsa ou não. Nesta modalidade, o cliente da Pulpou pode entrar em contato com o vendedor e solicitar que ele se adeque às políticas do site.

Da Argentina para o mundo

Fundada em 2014, a Pulpou se inspirou em soluções que já existiam nos Estados Unidos, Europa e Ásia, para desenvolver a sua plataforma, mas com foco na América Latina. Segundo Pasqualini, os anúncios de produtos falsificados cresciam cada vez mais no Mercado Livre e ainda não havia uma ferramenta focada em combater o problema.

“Notamos que roupas e calçados esportivos, perfumes e DVDs eram os produtos que mais sofriam com as falsificações. A partir disso, começamos a nos questionar como poderíamos identificá-los e encontrá-los”, explicou o CEO. Com isso em mente, a empresa participou de uma rodada da Smart Money e angariou US$ 125 mil dólares. O dinheiro foi investido na contratação de pessoas especializadas no mercado. Desde então, a Pulpou não precisou mais buscar suporte financeiro. “Nós nunca tivemos prejuízo e nunca precisamos incorporar capital externo. Estamos nos esforçando para termos mais vendas, através de novas parcerias”, pontuou o CEO.

Consolidação da Pulpou

Aos poucos, a companhia foi conquistando espaço em outros marketplaces e, atualmente, a Pulpou monitora em torno de 100 lojas online. Em mais de dez anos de experiência, a empresa removeu em torno de 10 milhões de publicações infratoras. Somente em julho deste ano, 1,2 mil publicações foram removidas, segundo Pasqualini. 

No seu entender, apesar do problema dos anúncios inadequados ser um grande desafio, ele é controlável. “Tudo depende do marketplace. Alguns são mais comprometidos e outros nem tanto. Além disso, esses sites têm uma estrutura própria que ajuda a identificar publicações com conteúdos falsos ou inadequados”, observou o CEO. Embora existam anunciantes que retornam às plataformas, mesmo depois de terem suas contas excluídas, ainda assim a Pulpou é capaz de identificá-los. Outro ponto acrescentado por Pasqualini, é que os marketplaces estão exigindo cada vez mais dados no cadastro de vendedores, com o intuito de verificar a identidade e garantir um ambiente mais seguro.