O novo chefe de dados e inteligência artificial do Magalu (Android, iOS), Caio Gomes, explicou que a companhia selecionou quatro projetos para iniciar seus trabalhos e começar a guiar a varejista para ser uma companhia centrada e focada em IA: “A minha missão é trazer o olhar executivo da empresa para a IA”, disse Gomes.
Em conversa recente com Mobile Time, o executivo pontuou que escolheu como prioridades e “pedra fundamental” neste momento:
- Marketing;
- Logística;
- Seleção de produtos;
- Um novo cérebro para a Lu.
“O Magalu tinha projetos de machine learning e IA, mas eles aconteciam de maneira desorganizada, sem uma visão específica”, detalhou. “Não quero usar IA como ajuda em um processo. Quero usar IA para a transformação dos produtos aqui dentro e que funcione de maneira central”, completou.
A ideia do CAIO do Magalu (um acrônimo para Chief Artificial Intelligent Officer, mas que por pura coincidência é o primeiro nome do profissional) é permear a IA em todas as camadas da empresa para esta ganhar aumento de eficiência e qualidade de tomada de decisão.
Atualmente com uma equipe de aproximadamente 70 pessoas, o objetivo inicial da recém-criada área de IA da varejista é trazer “projetos grandes e transformacionais” para “mover o ponteiro de maneira rápida”. Assim como ajudar as equipes do Magalu com projetos de ganhos rápidos (‘quick wins’, no original em inglês) para desbravar o desconhecido ao “cortar o mato alto” e ajudar a corporação a “se tornar AI-First”.
“Nos últimos dois meses, eu conversei com boa parte da empresa para tentar identificar quais são as oportunidades. Neste primeiro instante não é possível atacar todos os problemas”, disse, ao lembrar que a companhia tem 39 mil pessoas ao todo. “Transformar uma empresa do tamanho do Magalu em AI-First e AI-Centric é um projeto longo”, completou o CAIO.
Lu no centro
Gomes explicou que a influenciadora digital e assistente virtual ganhou uma roupagem nova feita com Unreal 3D. Mas a próxima etapa é usar a Lu em outras áreas do site, em especial para desenvolver um “canal conversacional” e atender todas as etapas do funil de experiência do usuário.
Portanto, o Cérebro da Lu é uma aposta em um “novo tipo de experiência de compra” baseado em IA. Algo que o CAIO da varejista vê como um movimento similar ao lançamento dos primeiros aplicativos de smartphones em 2008 e 2009.
Isso passa por ter uma “plataforma única” que seja multi-LLM por definição e que use SLM e ajustes finos (fine-tuning, em inglês) para casos específicos.
“Vamos usar diversos tipos de grandes modelos de linguagem (LLM), e também pequenos (SLM) e outros modelos fundacionais para as ações que queremos para criar uma experiência conversacional”, detalhou. O líder de IA do Magalu confirmou que a companhia deve trabalhar no desenvolvimento de SLMs próprios. Mas em LLMs, a tendência é usar aqueles que estão disponíveis no mercado.
Marketing, logística e produtos
Em marketing, Gomes explicou que o foco será em desempenho. Em sua visão, o tema é “essencial” e este segmento pode se beneficiar usando modelos modernos reais de IA, em cima de marketing de performance. A produção de conteúdo com auxílio da IA também é uma possibilidade a ser estudada pela companhia.
Em logística, Gomes reforça que a proposta é mudar e repensar os processos para ter a inteligência artificial em seu núcleo duro. Isso inclui utilizar a IA para adaptar a roteirização e o planejamento de entregas, organização dos espaços logísticos para os vendedores (fullfilment center). Esse plano deve durar anos. Mas, inicialmente, a companhia deve avançar em last mile e middle mile para reduzir o tempo de entrega, pois “é o que melhora a experiência do consumidor”.
Na seleção de produtos, o foco da equipe de inteligência artificial da varejista será a melhoria de catálogo, buscas e recomendações, no primeiro ano de atividade. Atualmente tem testes na oferta de celulares, mudança de descrição de produtos e foco na experiência mais personalizada e busca mais adaptativa.
A divisão também conversa com outras áreas da empresa, como financeiro e consórcio em planos para o futuro.
Copiloto próprio
Embora não seja prioridade no momento, o CAIO da varejista afirmou que está em conversas para desenvolver um copiloto próprio voltado ao comerciante que vende por meio do e-commerce do Magalu (seller). Mas reforçou que a concepção é para resolver problemas do negócio. Portanto, o foco é “primeiro encontrar a dor” do cliente: “Você pode misturar um copiloto com outras ferramentas que vão trazer uma experiência muito melhor para o seller. É isso que queremos fazer”, disse.
Magalu Cloud
E em outra ponta recente da estratégia da empresa, Gomes afirmou que a estratégia é de “plataforma e produto”. Ou seja, a divisão vai apoiar o desenvolvimento de produtos internos que posteriormente poderão ser ofertados na Magalu Cloud.
“Neste primeiro momento, eu quero seguir a estratégia que a Amazon usa na AWS: vamos primeiro resolver os problemas internos. Quando for resolvido, isso vira um produto dentro da Magalu Cloud”, detalhou. “Nós estamos pegando alguns problemas e produtos que temos internamente e começamos a fazer um trabalho de transformá-los em produtos”, completou, sem poder revelar quais são esses produtos.
Deu como exemplo a recente criação da oferta de retail as a service na Magalu Cloud para PMEs que terá como objetivo criar produtos e oferecer “pedaços da experiência do Magalu” para o varejo, como produtos de cloud. Mas reforça que não pretendem competir com plataformas de e-commerce, como VTEX, por exemplo.
Imagem principal: Caio Gomes, chief artificial intelligence office do Magalu (divulgação)