O Brasil 401 redes celulares privativas (RCPs) em operação, informa levantamento feito por Mobile Time na nova edição do Mapa de Redes Celulares Privativas no Brasil. Trata-se de mais que o triplo da quantidade apurada um ano atrás, quando foram mapeadas 128 RCPs. Novas fontes de dados e uma nova definição de RCP contribuíram para boa parte desse aumento – leia mais detalhes abaixo.
Essas 401 RCPs em operação no Brasil somam cerca de 1.600 sites, aumento de 68% em relação aos 950 sites computados na edição anterior. Cabe ressaltar que não estão contabilizadas ERBs da rede pública em projetos de RCPs com APNs.
Agronegócio é o destaque entre redes celulares privativas
O setor com maior número de RCPs mapeadas é o agrícola. Foram identificadas 117 redes, um aumento de mais de quatro vezes em comparação com as 25 redes informadas no ano anterior.
O crescimento na adoção de RCPs no agronegócio está diretamente relacionado ao surgimento de integradores e provedores de soluções especializadas para esse setor, como a Solis. Essa segmentação ainda não está tão evoluída em outros setores.
Cabe ressaltar que possivelmente o número de RCPs no agronegócio nacional seja ainda maior que o verificado neste relatório, pois estima-se que haja muitos projetos nos rincões do país feitos com integradores de menor porte e sem registro na Anatel. São casos em que os fabricantes vendem equipamentos aos integradores mas não têm visibilidade de como são utilizados depois.
No campo, as redes celulares privativas estão sendo usadas para garantir a comunicação dos funcionários na lavoura e também para transmitir dados coletados pelas máquinas – a maioria dos modelos mais novos de tratores e colheitadeiras já saem de fábrica capacitados a se conectar às redes móveis, bastando haver cobertura. Entre as aplicações mais comuns que usam a comunicação via RCP estão: controle de pragas; controle de incêndios; monitoramento de gado; sensor de umidade; automação de pivôs de irrigação; e controle de registros de pulverização.
Novas fontes e nova metodologia
Parte do aumento no número de RCPs mapeadas é explicado pela colaboração de novas fontes nesta edição do relatório, como Datora|Arqia e Khomp; pelo cruzamento de dados no sistema Mosaico da Anatel, em cooperação com a Celplan; e pela mudança de metodologia na contagem de RCPs – agora redes em municípios diferentes e/ou não contíguas são contadas como redes distintas, ainda que pertençam ao mesmo contratante e tenham o mesmo core.
Se excluídos o cruzamento de dados no Moisaco, as novas colaborações e a nova definição de RCP, foram mapeadas 258 redes, o que ainda representa um aumento significativo de 102% em comparação com as 128 RCPs identificadas no ano passado.
Análise
O desempenho positivo do mercado brasileiro de RCPs pode ser explicado por uma combinação de fatores, a começar pelo ambiente regulatório favorável, com a oferta de um cardápio de frequências pela Anatel para essa finalidade, desde bandas baixas, como a de 250 MHz, apropriadas para telemetria para o agronegócio e para o setor de energia, até bandas mais altas, como a de 3,7 GHz, que pode ser usada para redes 5G com aplicações que requerem maior velocidade e menor latência, como aquelas de automação industrial. Esse cardápio foi reforçado este ano com a adição das faixas de 410 MHz e 450 MHz. São poucos países com uma oferta tão diversificada e acessível de espectro para RCPs.
A pujança no Brasil de setores econômicos como os de óleo e gás, mineração e agricultura também conta a favor. Os três são reconhecidos pelo uso de alta tecnologia e constante modernização de suas operações para o aumento da eficiência, o que tem gerado demanda por RCPs. Na manufatura, merece destaque o papel da ABDI em promover o conceito de indústria 4.0, incluindo a adoção de RCPs 5G dentro das fábricas. No setor de energia, cabe destacar a liderança da UTCAL vocalizando pautas como a disponibilização de novas faixas de espectro para as utilities.
Outro ingrediente para o sucesso das RCPs é o barateamento dos equipamentos de infraestrutura de telecomunicações, em parte decorrente do ganho de escala, em parte devido à competição entre os fornecedores.
A inovação em âmbito comercial e na construção do modelo de negócios também tem contribuído. Um exemplo é o esforço da Embratel, que conseguiu simplificar a precificação dos projetos ao vender redes celulares privativas por metro quadrado.
Para completar, houve nos últimos anos um trabalho contínuo de educação do mercado, seja através de matérias na mídia, seja por meio da execução de dezenas de provas de conceito (PoCs) para demonstrar as vantagens de se montar uma RCP.
O Mapa de Redes Celulares Privativas 2024 está disponível para download gratuito neste link.
Ilustração: Nik Neves para o Mobile Time