Segundo pesquisa encomendada pelo Nomophobia.com, 87% dos brasileiros se consideram dependentes dos celulares para realizarem tarefas do dia a dia e 60% sentem ansiedade ao se separar do dispositivo móvel. O estudo foi realizado em seis países da América Latina. Além do Brasil, as entrevistas foram conduzidas em Argentina, Chile, Colômbia, México e Peru. No total, 3 mil pessoas participaram do levantamento, sendo 758 brasileiras.

Os percentuais significativos vão de encontro ao aumento de smartphones no país. O levantamento indica que 71% dos entrevistados do Brasil têm um smartphone, enquanto 27% admitem ter dois. Ainda segundo a pesquisa, 79% afirmam que usam o dispositivo hoje de forma diferente à de cinco anos atrás, indicativo de que os aparelhos passaram a oferecer mais funcionalidades. 

Tanto é que, 85% dos brasileiros afirmam que os smartphones facilitam as transações financeiras e 64% dizem que o não acesso à conta é motivo para ansiedade. Já 70% dos usuários utilizam o aparelho para entretenimento, como ouvir música, assistir a filmes ou séries e jogar. O celular também tem sido útil para encontrar um parceiro, pois 30% dos entrevistados disseram que conheceram a pessoa com quem se relacionam em redes sociais ou aplicativos de relacionamento.

Uso excessivo e curioso

O vício em smartphone rende situações inusitadas. Segundo o levantamento da Nomophobia.com, 20% dos brasileiros disseram já ter usado o aparelho em eventos religiosos, 11% enquanto andavam de bicicleta e 4% durante relações sexuais. Os locais mais comuns em que as pessoas costumam tirar o celular do bolso são em salas de espera (81%), em restaurantes (71%) e no transporte público (67%).

Outro hábito comum é mexer no smartphone assim que acorda (76% disseram fazer isso), enquanto 80% admitiram que a interação pelo aparelho é a última atividade antes de dormir. Em contrapartida, muitos brasileiros revelaram que se incomodam com o uso do celular em algumas situações, como ao dirigir (68%), ao longo de eventos religiosos (51%) e nas relações sexuais (50%).

Por outro lado, a maioria entende que se excede no tempo de utilização do telefone (79%), ao menos 35% sofreram problemas pessoais ou profissionais por conta disso e 13% perderam o emprego. 12% dos brasileiros acreditam sofrer de nomofobia (medo de ficar desconectado do celular). Um dos principais motivos para esse temor é o receio de ficar sem contato com familiares e amigos (77%).

Se uns têm motivos razoáveis para o uso, outros exageram na dose. Ao menos 5% dos entrevistados admitiram que já tiraram selfies em velório ou funeral; 8%, em local de acidente; 10%, durante uma situação de emergência. O apego pelo aparelho é tão grande que 29% dos brasileiros afirmaram que ele é mais importante do que a família e os amigos.

Comparativo com o restante da América Latina

A Nomophobia.com afirma que a região latino-americana cada vez mais tem se tornado dependente dos smartphones. Ainda assim, o Brasil lidera essa relação de dependência, pois 79% de seus entrevistados disseram acreditar que extrapolam no tempo de uso do aparelho, seguidos por mexicanos (63%), argentinos (62%) e peruanos (57%). O Brasil lidera quando o assunto é a pressão no trabalho para estar sempre com o dispositivo móvel (51%). Na sequência, estão os colombianos (42%) e os argentinos (41%).

Embora o ideal fosse equilibrar essa conta, sabendo dosar o tempo com o celular e com o mundo real, mais da metade dos participantes do levantamento de Brasil,  Chile e México disseram que se sentem perdidos sem o seu aparelho. Na América Latina, 66% dos participantes falaram que olham o smartphone, mesmo que não tenha qualquer notificação, enquanto o Brasil fica à frente da média, com 74% de usuários vivenciando isso. 

Ilustração de Nik Neves para o Mobile Time.

 

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