Em seu discurso na abertura da 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou a importância da regulação das plataformas digitais, pediu o cumprimento de regras no mundo digital e defendeu uma inteligência artificial culturalmente diversa, com a cara do Sul Global, e que os países em desenvolvimento também tenham acesso à tecnologia. Disse ainda que deveria haver uma governança digital mundial com todos os estados com assento.

Comentando sobre os desafios na América Latina, o presidente do Brasil afirmou que o futuro da região depende da construção de um estado sustentável, eficiente, inclusivo “e que enfrente todas as formas de descriminalização. Que não se intimida diante de indivíduos, corporações e plataformas digitais que se julgam acima da lei”, alfinetou o presidente.

“A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras. Elementos essenciais da soberania incluem o direito de legislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentro de seu território, incluindo o direito digital”, complementou.

Lula e a Inteligência artificial

Mais uma vez, a inteligência artificial foi tema do discurso de Lula. Comentou sobre a concentração do saber e do desenvolvimento da tecnologia em alguns países. O presidente abordou a importância de uma IA diversa, que se preocupe com a diversidade cultural e que respeite os direitos humanos.

“Vivenciamos a consolidação de assimetrias que levam a um verdadeiro oligopólio do saber. Avançam a concentração sem precedentes na mão de um pequeno número de pessoas e de empresas sediadas em um número ainda menor de países. Interessa-nos uma inteligência artificial emancipadora, que tenha a cara do Sul Global, que fortaleça a diversidade cultural, que respeite os direitos humanos, que proteja dados pessoais e promova a integridade da informação. E, sobretudo, que seja ferramenta para a paz e não para a guerra”.

Lula também reforçou a importância de uma governança intergovernamental da IA promovida pela ONU em que todos os estados teriam assentos.

As outras investidas de Lula em IA

Não é a primeira vez que o presidente brasileiro sugere uma governança internacional para a inteligência artificial. Em junho deste ano, em sua participação na cúpula do G7, Lula salientou sua importância no desenvolvimento de uma economia no Sul Global, mas que também seja uma ferramenta em prol da paz. Para isso, defendeu uma governança internacional e intergovernamental da IA de modo que todos os países tenham assento.

E, no Brasil, em março, Lula desafiou cientistas brasileiros a criarem uma IA nacional durante reunião do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia assim como na reunião com reitores de universidades, também propondo o desenvolvimento de uma IA brasileira; e quando entregou as medalhas aos vencedores da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). E, em julho, especialistas entregaram o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que prevê investimento de mais de R$ 23 bilhões e um supercomputador, além do desenvolvimento de um grande modelo de linguagem nacional.