A cobrança por franquia de dados é, até agora, a forma como as operadoras brasileiras estão monetizando as redes 5G junto ao consumidor final. Mas uma tendência que começa a aparecer em algumas operadoras no exterior é a de cobrança pela experiência, aponta o diretor de marketing da Huawei, Carlos Roseiro. Isso significa oferecer para o assinante a possiblidade de ter uma conexão melhor temporariamente, graças a recursos disponíveis no gerenciamento de redes 5G, como o network slicing.

Esse caminho já é trilhado por operadoras na China e na Tailândia. Roseiro cita o caso da tailandesa AIS, que comercializa três tipos de pacotes para experiência privilegiada: 1) prioridade de tráfego: a conexão do usuário é tratada de forma prioritária, o que pode ser útil em áreas congestionadas; 2) melhor uplink: velocidade superior para envio de dados, algo importante para produtores de conteúdo em vídeo ao vivo, como youtubers; 3) experiência aprimorada para games: maior estabilidade e menor latência no uso de determinados games pré-definidos.

São como se fossem pacotes VIPs que podem ser contratados a qualquer momento, para uso temporário, explica o diretor da Huawei.

5G Advanced e redes privativas

Outras duas tendências que entusiasmam a Huawei para o futuro é o upgrade das redes para 5,5G (ou 5G Advanced) e a adoção de redes celulares privativas pelo mercado corporativo.

O 5,5G foi padronizado a partir do release 18 e permite chegar a até 10 Gbps de downlink graças à agregação de várias frequências, somando pelo menos 200 MHz. No Brasil, além das faixas tradicionais de 4G e 5G, seria preciso usar também ondas milimétricas (26 GHz) ou a faixa de 6 GHz, se ela de fato for destinada para serviços móveis, como proposto pela área técnica da Anatel.

Em redes celulares privativas (RCPs), a Huawei enxerga dois possíveis modelos: 1) RCP pura, com equipamento e frequência controlados pela empresa contratante, e cobertura delimitada em um polígono; 2) rede privativa virtual, ou rede privativa dentro da rede pública, através de network slicing. A vantagem da RCP virtual é que ela não fica confinada a um polígono, mas pode funcionar em toda a extensão da rede pública. Na Alemanha, a Vodafone criou uma RCP virtual para uma aplicação de monitoramento de trens, por exemplo.

A Huawei lançou na Futurecom deste ano uma nova ERB 5G com foco em RCPs. Chamada de Minirapid, ela opera em 700 MHz e pode ser instalada rapidamente, usando qualquer backhaul. O equipamento aguarda homologação pela Anatel.

Ilustração no alto: Nik Neves para Mobile Time