| Publicada originalmente no Teletime | Em meio à disputa acirrada das operadoras, a América Móvil (AMX), holding dona da Claro, aposta mais nos upgrades dos seus planos do que no aumento de preços para ganhar espaço no segmento móvel brasileiro.

“Estamos sempre focados mais em ‘upselling’ (venda de upgrades) para nossos clientes, porque, ao fazer upselling, oferecemos mais aos usuários e eles pagam mais. Acredito que seja muito melhor fazer ‘upselling’ do que simplesmente aumentar os preços”, afirmou Carlos García Moreno, CFO da América Móvil.

A liderança da companhia participou de conferência com analistas para comentar os resultados do terceiro trimestre nesta quarta-feira, 16. De acordo com o executivo, além da oferta de mais pacotes de dados, a empresa segue mirando a migração dos clientes de planos pré para pós-pagos no País.

No terceiro tri, a Claro encerrou com 88,3 milhões de usuários móveis, um acréscimo de 610 mil linhas nos últimos 12 meses. São 53,2 milhões de assinantes pós-pagos e 35 milhões de linhas no pré.

Banda Larga

Por outro lado, no caso da banda larga, o CFO da América Móvil reconheceu que o churn foi “um pouco mais alto” e lembrou que “há muita concorrência” com os provedores locais.

Neste sentido, Moreno afirmou que a Claro tem trabalhado com uma estratégia de convergência, um modelo que combina a entrega de serviços residenciais e móveis. Em um ano, a oferta convergente da Claro que combina serviços residenciais e móveis cresceu 7,8%.

“[A estratégia] tem funcionado muito bem, adicionando telefonia móvel e TV por assinatura. Recentemente, também lançamos uma nova maneira de oferecer TV por assinatura combinada com a banda larga”, disse Moreno, frisando que a oferta de streamings como Globoplay, Apple TV e Netflix funciona como um hub de entretenimento.

“O que precisamos realmente é melhorar os canais que têm mais audiência. Temos condições muito, muito boas no mercado”, ressaltou o CFO. Entre julho e setembro, a Claro teve 59,8 mil adições líquidas na banda larga e fechou o período com 41,6 milhões de Homes Passed (HPs).

Em relatório divulgado nesta manhã, os analistas Carlos Sequeira e Osni Carfi, do BTG Pactual, ressaltaram o bom desempenho da América Móvil no Brasil no terceiro tri. Eles lembram que a dona da Claro teve alta de 7,2% nas receitas de serviços no País (sendo +8% em receita total).

Ela foi impulsionada, principalmente, pelas receitas de serviços móveis (+9,8%) e a receita do pós-pago (+12,5% ano a ano). Na linha fixa, os analistas pontuaram que a companhia registrou o maior avanço em oito anos (+4,1%), com o bom desempenho da banda larga fixa e das redes corporativas (ambas com +9% ano a ano).

Consolidado

No terceiro trimestre, a operação consolidada da América Móvil apurou receita de 223 bilhões de pesos mexicanos (+9,6%). Entre janeiro e setembro, a receita foi de 632,2 bilhões de pesos, com um crescimento mais tímido (+2,8%) frente ao ano passado.

Assim, o lucro líquido fechou em 6,4 bilhões de pesos no terceiro tri, um avanço expressivo na comparação com a mesma janela de 2023 (+216,8%). Nos nove meses até setembro, porém, houve uma queda (-67,6%).

O Ebitda do terceiro trimestre ficou em 89,4 bilhões de pesos (+11,9%), com a margem subindo de 39,2% para 40%. Entre janeiro e setembro, o indicador registrou 253 bilhões de pesos (+4,9%.).

Para o BTG, a AMX está sendo negociada com um retorno estimado sobre as ações para 2025 entre 10% a 11%, um desconto em relação à Vivo (que está em 8,5%) e em linha com a TIM (a 10%). Também há desconto em relação às empresas globais de telecom integradas (5%).

“Acreditamos que a América Móvil é um ótimo investimento para aqueles que buscam modelos de negócios estáveis, uma sólida posição competitiva, forte geração de fluxo de caixa e um generoso retorno”, diz o BTG.