O WhatsApp não vai mais cobrar por conversas iniciadas por usuários com empresas. Até então, apenas as primeiras 1 mil sessões por mês eram gratuitas. Depois desse limite, o WhatsApp cobrava das empresas que usam o WhatsApp Business API no Brasil o equivalente a US$ 0,03 por conversa iniciada pelo usuário, chamadas de “conversas de serviço”. A mudança acontecerá a partir de 1º de novembro e valerá para o mundo todo.

Outra novidade importante é em relação às conversas iniciadas pelas empresas, que são divididas em três tipos de acordo com o seu propósito: marketing, utilidade e autenticação. Hoje, a Meta cobra por conversa de até 24 horas, e os preços são diferentes dependendo de tipo: no Brasil, a conversa de marketing custa US$ 0,0625; a de utilidade, US$ 0,008; e a de autenticação, US$ 0,0315. A partir de 1º de abril de 2025, em vez de cobrar por conversa, a cobrança será por mensagem.

Porém, mensagens de utilidade enviadas dentro de uma conversa já em andamento com o usuário, dentro de uma janela de 24 horas, não serão cobradas. São consideradas mensagens de utilidade aquelas de caráter informacional na prestação de um serviço, como confirmação do status de um pedido ou o agendamento de uma consulta, por exemplo.

O novo modelo de precificação será implementado em duas fases. Um primeiro grupo de empresas que usam o WhatsApp Business API será cobrado dessa maneira a primeira a partir de 1º de abril de 2025 e um segundo grupo, a partir de 1º de julho de 2025.

Por fim, a Meta anunciou que vai expandir o serviço de autenticação de dois fatores no WhatsApp para mais sete mercados da Ásia-Pacífico, Europa, Oriente Médio e África e partir de 1º de fevereiro de 2025. Por enquanto esse serviço está disponível apenas na Índia e na Indonésia.

As novidades foram comunicadas a parceiros do mundo inteiro e publicadas na página da Meta para desenvolvedores. Em seu comunicado, a empresa explica: “Estamos atualizando os preços na plataforma WhatsApp Business para que sejam mais simples e consistentes com as práticas do setor, incentivem experiências de mensagens de maior qualidade para as pessoas e se alinhem melhor com o valor entregue às pessoas e às empresas.”

Análise das mudanças no WhatsApp

A nova estratégia de precificação vai incentivar ainda mais que marcas adotem o WhatsApp como canal de atendimento digital para seus clientes. A cobrança por conversa iniciada pelo consumidor inibia as empresas a investirem pesado na divulgação desse canal, com receio de estourar seus orçamentos. Além disso, essa cobrança acaba estimulando a existência de players não homologados no WhatsApp, com preços baixos, mas sem garantia de qualidade de serviço.

Mobile Time entrevistou o Pietro Bujaldon, CEO e fundador do smarters, um dos principais BSPs do WhatsApp no Brasil, para repercutir as mudanças. Na avaliação dele, o fim da cobrança pelas conversas iniciadas pelo consumidor vai permitir que as empresas invistam mais no canal de WhatsApp. O dinheiro que hoje é gasto para arcar com as “conversas de serviço” poderá ser realocado em mídia para promover o atendimento pelo app de mensageria, sem aumento de orçamento.

“As empresas vão poder investir mais em mídia paga em formatos de anúncio como click para WhatsApp da Meta ou do Google ou de outras plataformas, como TikTok. Ou vão poder melhorar a experiência no canal, investindo em treinamento do time de atendimento, ou em IA para o canal ficar mais poderoso”, prevê Bujaldon.

A mudança de cobrança por conversa para cobrança por mensagem é bem vista pelo mercado por se tratar de uma simplificação. É também uma adesão ao padrão que o mercado está acostumado há mais de duas décadas com o SMS.

Por fim, a iniciativa da Meta pode ser vista como uma reação ao RCS, que vem crescendo bastante este ano e deve ganhar ainda mais fôlego após a adesão da Apple. Entretanto, o CEO do smarters discorda: “não acho que seja uma reação ao RCS. O RCS é competidor do SMS”.

Ilustração no alto: Nik Neves para Mobile Time