A contação de histórias infantis ganhou um aliado tecnológico, o aplicativo Storytime (Android, iOS), lançado nesta quarta-feira, 23, para Português, Espanhol e Inglês. Ele permite criar histórias infantis personalizadas, usando inteligência artificial generativa.

Para a construção da história, o usuário define alguns parâmetros, começando pelos personagens e suas características. Eles podem ser humanos, animais ou figuras fantásticas. É possível definir nome, gênero, papel na família, personalidade e até tom de pele. Depois, é selecionado o cenário, a partir de uma lista que inclui uma fazenda, uma floresta, uma escola, um navio, dentre outros. Por fim, pode-se solicitar a inclusão de alguma mensagem específica, como algum aprendizado ou um problema a ser resolvido. Na prática, o próprio processo de seleção dos dados para a construção da história acaba sendo divertido e estimula a criatividade das crianças.

A partir desses dados definidos pelo usuário, em cerca de um minuto o Storytime cria uma história com começo, meio e fim. Ela aparece por escrito na tela, acompanhada de ilustrações, e é lida por um narrador cuja voz também é escolhida previamente. Cada história criada costuma ter entre três e cinco minutos de duração.

Depois de criada uma primeira história, é possível gerar outros capítulos dela, com os mesmos personagens e o mesmo cenário. Também é possível levar aqueles personagens para outros contextos, e iniciar outras séries de histórias. Fica tudo salvo no app.

A ideia é que o serviço seja usado não apenas para a hora de dormir, mas em outras situações, como em uma longa viagem de carro ou quando se está em casa sem nada para fazer, sugere o  criador do Storytime, Luis Alegria, em entrevista para Mobile Time.

Por trás do Storytime

O Storytime usa o GPT 4o para gerar a história, o Dalle-3 para as imagens e o ElevenLabs para a síntese de voz dos narradores. A beleza técnica do app está em guiar de maneira simples os pais e as crianças a produzirem uma história com IA generativa sem precisar conhecer essas ferramentas tecnológicas.

“Tenho um amigo com três filhas que cria histórias com o ChatGPT. Mas nem todo mundo consegue utilizar da melhor forma. Dá para criar histórias muito boas se você consegue fizer um prompt adequado, mas a maioria dos pais não sabem. Então criei uma plataforma para isso”, relata Alegria.

O futuro está no áudio

O empreendedor, que já foi diretor de produtos do Rappi e CPO do Evino, aposta que a interface de áudio para a contação de histórias deve ganhar cada vez mais espaço no dia a dia das pessoas ao redor do mundo.

“O Storytime está focado em histórias auditivas. As crianças de hoje em dia estão lendo menos. Elas leem 30% menos que na década passada. E seus pais trabalham 20% mais. Logo, falta tempo de qualidade para ler e contar histórias para seus filhos, o que tem um impacto negativo em habilidades cognitivas e na criatividade”, comenta.

Ele próprio, por ser disléxico, prefere ouvir uma história narrada do que lida.“Fui disléxico toda a minha vida. Só consegui ler quatro livros do inicio ao fim. Mas ouço muitos audiobooks. E aprendo muito na prática. Acredito que no futuro usaremos menos celulares, menos telas, e muito mais conversas”, comenta. Sua previsão, aliás, está em linha com aquela que Andrew McLuhan externou em entrevista recente publicada neste noticiário.

No futuro, o Storytime terá uma funcionalidade para que os próprios pais clonem suas vozes, para que as crianças escutem as histórias como se contadas por eles, mesmo se não estiverem presentes, promete Alegria.

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Luis Alegria, fundador e CEO do Storytime

Modelo de negócios e projeções

A assinatura do Storytime custa R$ 39,90 por mês e dá direto a uso ilimitado. Os primeiros sete dias são gratuitos para teste. O pagamento é feito pelo billing das lojas App Store e Google Play.

A expectativa do executivo é alcançar 100 mil downloads dentro de três a seis meses e R$ 1 milhão de faturamento nos primeiros 12 meses de operação.