A Galileo é uma empresa de mais de 20 anos. Começou em Utah, nos Estados Unidos, e só recentemente chegou ao Brasil, por meio de uma aquisição. É uma processadora de cartões focada no mercado de bancos digitais. A empresa cresceu. Atualmente, está presente em 16 países e conta com 1,6 mil pessoas no time fazendo processamento de cartões, transferências, buy now, pay later, entre outras ofertas voltadas para a execução de pagamentos. E, neste terceiro trimestre chegou a 160 milhões de contas que processam com a companhia, incremento de 17% na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando chegou a 137 milhões.

“Nos Estados Unidos temos 70% do market share do nosso mercado, que são os bancos digitais”, explica Abdul Assal, chefe de Desenvolvimento de Negócios da Galileo no Brasil, em conversa com Mobile Time.

Um dos players deste mercado, o Banco SoFi, resolveu fazer uma oferta de aquisição da Galileo em 2020 por US$ 1,3 bilhão. Com isso, a empresa passou a ser listada na Nasdaq.

Expansões

“Ao completar a aquisição, uma das estratégias que adotamos à época foi a expansão para novos mercados porque as fintechs também estão expandindo”, explica Assal.

A Galileo, então, começou pelo México, em 2019, por questões de sinergia.

Entre 2020-2021, a empresa adquiriu a argentina Tecnisys, de core bancário, com presença no Brasil há cerca de 10 anos. A aquisição abriu as portas para a expansão na América Latina da Galileo com a vantagem de ter, agora, a infraestrutura básica de um banco.

“Faz todo o sentido para a Galileo ter uma oferta de valor mais completa, não só em pagamentos, mas em banking também. Hoje eu brinco que se você quiser montar um banco do zero a gente consegue ajudar. Temos tecnologia para tal”, explica.

Depois do México, a empresa chegou na Colômbia e, no ano passado, entrou em mais cinco países: Argentina, Brasil, Chile, Peru e Uruguai.

Ao todo, a Galileo (incluindo a Tecnisys) está presente em 16 países e conta com 1,6 mil colaboradores. Sua presença nesses mercados é estratégica, por acreditar que serão alvo de novos bancos, fintechs e empresas internacionais no momento de expansão para novos mercados. “A gente veio para ficar e entramos para brigar pelos clientes grandes. Meu alvo são os maiores porque a nossa tecnologia é robusta para atender e dar escala”, resume Assal.

Galileo de olho nos incumbentes

Galileo

Abdul Assal, chefe de Desenvolvimento de Negócios da Galileo no Brasil. Foto: divulgação

Com novas expertises, a empresa incrementou seu portfólio de oferta de produtos e serviços. Um de seus focos atuais é ajudar os incumbentes a fazerem a transformação digital.

Assal explica que os bancos tradicionais têm tecnologias proprietárias construídas há muitos anos e, com isso, a capacidade de evoluir é muito reduzida ou ficam impossibilitados de desenvolver novos produtos.

“Às vezes, fazer uma alteração numa plataforma tão antiga demora muito e requer um investimento alto. Então, um caminho encontrado por esses players é, ao invés de mexer no seu emaranhado tecnológico, construir um novo produto. Muitos dos nossos clientes querem que a gente ajude na modernização de sua infraestrutura. É um approach de substituição”, explica Assal.

Ao modernizar suas estruturas a partir da tecnologia da Galileo, os incumbentes ganham em fluidez, velocidade e transparência. “É isso que os bancos buscam. Eles precisam fazer um catch up de experiência, mas muitas vezes, a experiência está amarrada a uma solução tecnológica antiga deles”.

A Galileo também oferece serviços de Banking as a Service para varejistas. E com empresas parceiras oferecem a capa regulatória.

“Nos Estados Unidos, temos mais de 20 parceiros que entregam para oferecer Banking as a Service para clientes que não possuem essa capa regulatória. No Brasil, a estratégia é a mesma. Temos parcerias com players do mercado para poder entregar o componente regulatório quando necessário. Vamos trabalhar desde ‘bancões’ até fintechs que tenham a sua instituição de pagamentos, ou que não têm nada e precisam de um apoio de um parceiro bancário”, diz.

No momento, de acordo com Assal, 80% dos casos de uso da Galileo são de transformação digital e os outros 20% são casos novos ou de players migrando para o Brasil usando a tecnologia da companhia.

A Galileo também oferece soluções agnósticas de segurança e antifraude – para abertura de conta, verificação de identidade, se a transação é segura etc. E também se utiliza de IA conversacional que pode ser usada em diferentes casos de uso, como o atendimento ao cliente. Há também solução agnóstica de Buy Now Pay Later.

Expansão mais lenta pela América Latina

No Brasil, entre seus clientes estão CSU Digital, Nomad, Banco XP, Banco Genial, Remessa Online, entre outros. “Agora queremos nos aprofundar no mercado brasileiro para atender outros players que emitem cartões. Somos agnósticos em relação à bandeira”, comenta.

Assal avalia o nascimento dos bancos digitais como algo consolidado no Brasil, mas ainda engatinhando nos outros países da América Latina.

“Aqui, as pessoas estão acostumadas com fintechs e bancos digitais. É um mercado regulado, novos entrantes são bem-vindos pelo Banco Central. Em contrapartida, ainda existe nos nossos vizinhos uma desconfiança do consumidor. Por isso a escala está demorando mais para acontecer. Vai acontecer, mas ela não está no estágio do Brasil”, acredita.

Um case apresentado por Assal foi o do Banese (Banco do Estado de Sergipe). Nele, a empresa reconstruiu o banco digital da instituição e, no momento, está em fase de migração de seus clientes para o novo aplicativo.

Mas a companhia não atende somente bancos, mas sim qualquer empresa que envolva pagamentos. A tag Veloe é um exemplo.

 

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