Quando se trata de inteligência artificial (em especial IA generativa) e regulação, as empresas devem ser “bold”, ou seja, ousadas e ao mesmo tempo responsáveis, na visão de Fábio Coelho, presidente do Google no Brasil.

O executivo conversou nesta terça-feira, 19, sobre inteligência artificial como participante especial do Allied Day. Entre as dificuldades encontradas quando se trata de IA, Coelho citou a questão da regulação e apresentou rapidamente as visões de diferentes países sobre o tema. Se, para a Europa, existe uma preocupação com as proteções individuais, com privacidade e segurança cibernética, na China a abordagem é mais agressiva.

“Do lado dos obstáculos, precisamos ter o guardrails, formas de você ter isso de maneira controlada e não ser usada para o mal. E como é muito novo, é difícil de regular. A discussão da regulação é geopolítica. Estamos falando que ela tem que ser bold e responsable. Tem que ser responsável com o uso da tecnologia em geral, em relação a crianças, minorias, possíveis processos que obliteram, que alteram o output para o mal, mas tem que ser ousada, bold, para termos as soluções que estão aí”, resumiu.

Coelho também comentou como os Estados Unidos estão fazendo para regular a IA e comparou com o Brasil. “A gente observa hoje em dia (nos EUA) uma vontade muito maior de fazer. Eles costumam dizer ‘dez aceleradores e um freio’ e não ‘dez freios e um acelerador’. Trazendo para o Brasil, a gente tem muita coisa acontecendo nesse sentido e estamos trabalhando com o governo para que o País tenha uma regulação que funcione para a nossa sociedade”, disse.

Entre os principais pontos que podem gerar oportunidades com o uso da IA generativa, Coelho apresentou três: melhorar os negócios, a produtividade – tanto de empresas quanto de pessoas – e ajudar na inovação.

IA generativa na dublagem de vídeos

O executivo do Google também falou sobre a possibilidade de a inteligência artificial generativa ser usada para dublagem de conteúdo no Youtube, por exemplo, de modo a expandir o público dos produtores de conteúdo. “Temos excelentes produtores de conteúdo. O Brasil é um dos maiores produtores de conteúdo do mundo no Youtube, mas a grande maioria é em português. Com a dublagem nova, com IA, a boca se mexe como se a pessoa estivesse falando em chinês, por exemplo. Isso traz maior competitividade global para esses conteúdos”, disse.

Porém, o executivo lembra que a dublagem também pode servir para deep fakes. “A nossa função é criar um ambiente para o que Brasil use a tecnologia para sua criatividade e sem se preocupar com o fake. Isso a justiça vai trabalhar”, complementou, lembrando que todo conteúdo que tenha utilizado inteligência artificial no Youtube leva o selo Synthetic ID.

Foto: Fábio Coelho (à esq.), durante sua participação no Allied Day, evento online da distribuidora de eletrônicos, e Silvio Stagni, CEO da Allied. Crédito: reprodução de vídeo

 

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