O teste de network slicing da TIM com a Porsche Cup fez o recorte da rede 5G para transmissão simultânea em dez carros que aceleravam a 260 quilômetros por hora – e a solução foi preparada para funcionar com mais veículos. Em conversa com Mobile Time, Alexandre Dal Forno, diretor de desenvolvimento de mercado IoT & 5G da da operadora, explicou que a rede foi preparada para atuar com 30 carros ao mesmo tempo na disputa em São Paulo no sábado, 16.

A rede tinha 18 ERBs 5G standalone e 28 ERBs LTE com tecnologia da Ericsson. Diferentemente da transmissão habitual de corridas que foca mais nas cabines de TV e câmeras estáticas, os equipamentos da fornecedora foram espalhados pelo circuito para garantir a transmissão em tempo real, Full HD e sem gargalos de dentro dos carros, com uma fatia dedicada da rede de quinta geração. Ao mesmo tempo, a torcida que acompanhou as quatro horas de corrida tinha a rede pública para acessar a Internet móvel.

O público obteve uma conexão média de 300 Mbps de downlink e 100 MB de uplink. Por sua vez, os carros tiveram uma média de 6 Mbps em download e upload, mas tiveram picos de 25 Mbps em download e 30 Mbps de upload.

Caso de uso

Além da transmissão de imagens feitas com duas câmeras (uma virada para o painel e outra para o piloto), Dener Pires, CEO da Porsche Cup Brasil, revelou que os carros tiveram transmissão de telemetria, o que incluiu pressão de pneus e dados vitais do motor (temperatura, pressão de óleo, de combustível e d’água).

Pires explicou que os carros têm tecnologia proprietária de comunicação. Os veículos são versões de competição de lendário 911, como o 911 GT3 992 e 911 GT3 991, ambos preparados pela montadora na Alemanha. Como o grid tem aproximadamente 40 carros, a Porsche Cup escolheu sete veículos de times com condições de título da temporada 2024 para receberem as câmeras conectadas, os outros três foram aleatórios.

Vale dizer que além dessas câmeras no carro (uma virada para frente e outra para o piloto), a categoria também transmitiu as imagens por meio de câmeras com rádio, mas essas sem conexão com a operadora.

Aprendizados

(Transmissão de imagens com câmeras 5G)

O executivo da categoria automobilística explicou que as câmeras no carro ajudaram a acompanhar um acidente de um piloto na prova, pois as imagens mostraram que o motorista estava bem. Mas acredita que podem ajudar também em situações de controle e direção de prova, além de trazer mais informações e uma nova visão da categoria ao público.

“Estamos entusiasmados. Vejo que temos uma possibilidade de mexer com as transmissões para o público, inserir IA e levar mais informações sobre o esporte. Temos condições de ver decisões de diretores de prova mais justas e mais rápidas para ser um produto mais interessante para o público consumir”, disse, ao afirmar que levará o aprendizado para a Porsche na Alemanha para que o case seja replicado em outros países.

Por sua vez, Dal Forno reforçou que o diferencial do caso de uso entre TIM, Ericsson e Porsche Cup está na aplicação e, embora o fatiamento de rede tenha sido similar ao caso no Sambódromo, o teste com os Porsches foi mais desafiador por causa da velocidade média de 260 km/h, além da alta temperatura e vibração dos veículos, e tudo funcionado em tempo real durante quatro horas.

Próximos passos

O diretor da operadora reforçou que a prova de automobilismo mostra que o network slicing pode ser usado para aplicações de missão crítica extrema e demonstra que a TIM está preparada para fazer o fatiamento da rede em diversas aplicações, seja estática na transmissão de um carnaval, com veículos de alto desempenho em automobilismo, e setores como agricultura, logística e rodovias.

Para o futuro, Pires, da Porsche Cup, disse que pretende ampliar a transmissão para 30 carros no grid. Mas acredita que pode ser possível ter os 80 carros da categoria no Brasil, isso considerando os pilotos que correm no pelotão de elite e os das divisões subsidiária e de base.

Pela TIM, Dal Forno destacou que este é o começo da jornada do network slicing no Brasil e que a funcionalidade podem levar esse teste para outros autódromos. O executivo lembrou que o fato de ser um caso de uso com uma marca internacional pode inclusive ser replicado em provas da Porsche Cup na Itália com a Telecom Italia.

Imagem principal: Largada da nona etapa da Porsche Cup em Interlagos no sábado, 22 (divulgação/Porsche Cup Brasil)

 

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