As operadoras móveis brasileiras vêm alterando nos últimos anos a sua estratégia em relação ao “zero rating”, nome dado à oferta de acesso ilimitado (sem desconto da franquia de dados) a determinados aplicativos, como aqueles de redes sociais e mensageria. Entretanto, acabar com o WhatsApp ilimitado é um movimento arriscado. 53% dos brasileiros com smartphone afirmam que trocariam de operadora caso a sua prestadora atual cancelasse o acesso gratuito ao aplicativo de mensageria. É o que revela pesquisa inédita realizada por Mobile Time e Opinion Box.

Foi perguntado o que as pessoas fariam se a sua operadora não oferecesse mais acesso gratuito ao WhasApp. Enquanto 53% disseram que trocariam de operadora; 24% responderam que priorizariam o uso do aplicativo em redes Wi-Fi; 6% reduziriam a utilização do WhatsApp; e 17% afirmaram que isso não mudaria o seu comportamento de uso do app.

Surpreendentemente, os mais dispostos a trocar de operadora em caso de fim do WhasApp ilimitado são os usuários das classes A e B (62%). Na classe C, 56% mudariam de operadora. Entre aqueles das classes D e E, 48%.

Na análise por faixa etária, os mais incomodados seriam aqueles com 50 anos ou mais (55%) e aqueles na faixa de 30 a 49 anos (55%). Entre os jovens de 16 a 29 anos, 47% disseram que mudariam de operadora.

Na segmentação por gênero, as mulheres são mais sujeitas a mudar de operadora por causa disso (55%) do que os homens (51%).

A pergunta foi feita como parte da nova pesquisa Panorama Mobile Time/Opinion Box sobre mensageria móvel e assistentes de IA no Brasil, cujo relatório será publicado em breve. Foram entrevistados 2.099 brasileiros que possuem smartphone e acessam a Internet, entre os dias 15 e 30 de janeiro. A margem de erro é de 2,1 pontos percentuais.

WhatsApp ilimitado: um erro das teles?

O zero rating foi uma estratégia adotada pelas operadoras há mais de uma década para atrair novos assinantes e fidelizar os já conquistados. Começou abrangendo Facebook e WhatsApp, mas depois se expandiu para outros apps de redes sociais e utilitários. Na maioria dos acordos, os apps não pagam nada às teles e nem recebem delas qualquer remuneração para terem zero rating. Foi pensado como uma relação de “ganha-ganha”.

O que inicialmente era para ser um diferencial competitivo de uma ou outra operadora que saiu na frente acabou virando um item obrigatório nos planos de todas as teles. Quem não tivesse isso na oferta, estava fora do jogo.

Paralelamente, o crescimento vertiginoso no uso desses aplicativos sobrecarregou as redes móveis. Hoje, há um entendimento entre as teles de que o zero rating beneficiou mais a popularização desses apps over the top (OTT) do que rentabilizou as operadoras.

Essa mudança de compreensão da parceria está levando as teles a alterarem sua estratégia de zero rating. Uma das saídas é trocar o acesso ilimitado por franquias dedicadas para apps específicos.

O novo ‘mindset’, por assim dizer, das teles também está por trás de iniciativas como o “fair share”, que é a defesa de que as big techs contribuam para os custos de manutenção, expansão e evolução das redes de telecomunicações.

A imagem no alto foi produzida por Mobile Time com inteligência artificial

 

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