Hoje, o TikTok é sem dúvida um dos maiores aplicativos e plataformas digitais do mundo, sendo, inclusive, um dos principais agentes de uma disputa geopolítica entre os EUA e a China. Mas 12 anos atrás surgia um serviço com uma funcionalidade similar ao do app chinês, o Vine, que, de promessa, virou fumaça.
Lançado em 2013, o Vine foi um dos primeiros aplicativos do começo da era digital a introduzir a ideia de vídeos curtos. Ele foi criado por Dom Hofmann, Rus Yusupov e Colin Kroll, em junho de 2012, mas só teve seu lançamento oficial no ano seguinte, em janeiro de 2013, para iOS, e alguns meses depois para Android.
Mesmo durante o seu período de testes, em 2012, entretanto, o app já chamava a atenção. Em outubro, por exemplo, ele despertou a atenção do Twitter (hoje, X), que rapidamente desembolsou cerca de US$ 30 milhões para adquirir a plataforma, antes mesmo de seu lançamento oficial.
A proposta da plataforma era simples: consistia basicamente de vídeos de apenas seis segundos, que eram reproduzidos em loop. Os usuários podiam gravar o vídeo diretamente pela câmera do celular, com a gravação acontecendo enquanto o usuário tocava a tela, o que permitia criar cortes rápidos, efeitos e edições dentro do próprio aplicativo.
Em julho de 2013, a plataforma ganhou novas funcionalidades, como ferramentas de grade e imagem fantasma para a câmera, canais temáticos e de tendências, e a opção de revinar (revine, no trocadilho em inglês). A função era similar ao retweet, ou seja, o usuário podia compartilhar o vídeo curto no próprio perfil, com a possibilidade de também compartilhar os vídeos em outras redes sociais, como o Facebook e o próprio Twitter.
O Vine rapidamente se tornou um fenômeno global. A limitação de seis segundos demandava uma certa criatividade dos usuários, o que levou ao surgimento de um novo estilo de humor e edição. A famosa dupla francesa de música eletrônica, Daft Punk, chegou a utilizar o Vine para divulgar as faixas de seu último álbum, o Random Access Memories.
A plataforma foi um sucesso tão grande que em abril de 2013 o Vine chegou a ser o aplicativo mais baixado nas lojas de apps americanas, além de ter sido eleito um dos 50 melhores apps para Android no mesmo ano pela revista Time.
O declínio do Vine
Curiosamente, entretanto, a plataforma durou tanto quanto os seus vídeos curtos. Apesar de seu sucesso, o Vine enfrentou algumas dificuldades que foram significativas o suficiente para comprometer a sustentabilidade da plataforma a longo prazo.
Um dos principais problemas enfrentados foi que outras plataformas e redes sociais concorrentes, como o Instagram, também passaram a incorporar a gravação de vídeos curtos de 15 segundos nos perfis de seus usuários. Outro problema foi que os produtores de conteúdo do Vine passaram a migrar suas atividades para outras plataformas, como o próprio Instagram, o Snapchat na época, e o Youtube, que começavam a explorar o formato de vídeo de maneira mais estruturada.
Assim, em outubro de 2016, o Twitter anunciou oficialmente que encerraria o serviço, e, em janeiro de 2017, o aplicativo foi desativado definitivamente. Sem um modelo de monetização eficaz e enfrentando uma forte concorrência das outras plataformas, o Vine não conseguiu manter sua base de criadores e usuários ativos.
Em janeiro de 2017, o aplicativo foi oficialmente encerrado, e sua função principal foi reduzida a uma ferramenta chamada Vine Camera, que permitia apenas a gravação de vídeos curtos sem a antiga rede social.
Nos últimos anos, rumores sobre um possível retorno do Vine voltaram a circular, especialmente após a aquisição do Twitter por Elon Musk em 2022. O bilionário sugeriu em diversas ocasiões que poderia trazer o aplicativo de volta, chegando a realizar enquetes no Twitter para avaliar o interesse do público.