No Governo Federal, 33 órgãos do governo tinham, em 2023, 73 projetos de inteligência artificial em produção. Em 2024, o número subiu para mais de 200 projetos em desenvolvimento. A informação foi divulgada por Renan Gaya, diretor de infraestrutura de dados da Secretaria de Governo Digital, ligada ao MGI (Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos), durante o evento IA em ação: transformando o governo brasileiro, que aconteceu em Brasília nesta terça-feira, 18.

Receita Federal, Banco Central, Tesouro Nacional, Anvisa são algumas dessas instituições com projetos em andamento. Gaya detectou uma concentração na área econômica, fiscal e financeira. “A gente quer a IA também no combate à fome, na saúde, na educação, na Justiça. A gente precisa fazer esse fomento da IA para que ela possa chegar mais desse lado aqui”, explicou.

Não à toa, a SGD investe em prospectar e estruturar projetos baseados em inteligência artificial em cada órgão de modo que a proposta esteja mais adequada àquela instituição. Para isso, cria metodologias para identificar os projetos e estruturá-los.

A secretaria também investe em experimentação. Antes de fazer o projeto e investir, são feitos testes com a ideia, produzidos de uma maneira mais econômica para evitar custos desnecessários.

A ideia não é que cada órgão tenha o seu próprio projeto, mas também que eles não se sintam amarrados a uma plataforma. Mas o reaproveitamento de ideias e de uma estrutura tecnológica será valorizada.

“O reaproveitamento traz aceleração. Queremos aproveitar o potencial das empresas – como Serpro e Dataprev – para ofertar para os órgãos públicos soluções padronizadas e centralizadas ou que ao menos os requisitos estejam bem definidos. A gente não quer que todo órgão reinvente a roda. E também não é só ter uma plataforma. Os órgãos terão autonomia, mas a gente quer ter opção de uma ferramenta reaproveitável. E, assim, acelerar a adoção da IA”, contou o diretor de infraestrutura de dados da SGD.

Núcleo de IA do governo

Para avançar com projetos de IA em órgãos públicos, o MGI, MCTI, Serpro, Dataprev, Finep e Enap se juntaram e formaram o Núcleo de IA do governo. O grupo ainda não está formalizado – deve acontecer neste semestre –, mas trabalha há um ano em:

  • prospecção e estruturação de projetos de IA;
  • discussões sobre a plataforma do governo;
  • experimentações;
  • desenvolvimento da plataforma de IA do governo;
  • capacitação de servidores e monitoramento e desenvolvimento de uso de IA .

“A ideia, para o próximo ano, é ter mais parceiros – como startups, setor privado, organizações da sociedade civil e quem mais desejar produzir conjuntamente”, comentou Gaya.

Entre as metas do núcleo estão: capacitar 115 mil servidores públicos até 2026, desenvolver 25 soluções de IA (meta do PBIA, pois a do Núcleo é maior) e disponibilizar uma plataforma para desenvolvimento de IA até 2026.

Ao todo, o Núcleo trabalha atualmente em 113 projetos ligados à IA. A maior parte deles está em fase de prospecção e experimentação nos órgãos. Boa parte tem foco em chatbot, assistentes virtuais para atendimento ao cidadão, ferramentas de IA generativa para geração de texto, processamento de linguagem natural e sistema de previsão ou análise preditiva, de acordo com Thaciana Cerqueira, coordenadora geral de fomento de inteligência artificial responsável na SGD/MGI.

O propósito do Núcleo é promover o uso responsável das tecnologias de IA nos órgãos e entidades públicos federais para melhorar a qualidade dos serviços, de modo que sejam simples, rápidos e efetivos.

A ideia é que o Núcleo coordene, fomente e articule a adoção ética e responsável e eficiente na administração pública federal.

Foto principal: Renan Gaya, diretor de infraestrutura de dados Secretaria de Governo Digital/MGI. Imagem: reprodução de vídeo

 

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