Pouco se falou sobre 6G no Mobile World Congress deste ano (MWC25). O assunto passou longe da maioria das palestras e painéis, à exceção de alguns estandes de fornecedores e, mesmo assim, de forma tímida. A impressão para quem comparece todo ano ao evento é que se falou menos de 6G desta vez do que na edição anterior. É bem diferente do que aconteceu com o 5G, cuja presença nas discussões e nos estandes era maior a cada ano, conforme se aproximava o lançamento da tecnologia. Mas por que isso não acontece com o 6G?

A sexta geração de telefonia móvel ainda não está padronizada, é verdade. Mas nos anos que precederam a chegada da quinta geração isso não foi impeditivo para se falar bastante dela durante o MWC.

A explicação para se tratar pouco do 6G agora está na demora do retorno sobre o investimento no 5G. O hype em torno da quinta geração de telefonia móvel foi muito grande, mas sua rentabilização não acontece na velocidade esperada. Por isso, falar em 6G neste momento não parece muito apropriado.

O foco das teles está todo em construir novas fontes de receitas. Isso explica uma série de movimentos que não começaram este ano, mas ganharam força nesta edição, como a ideia de as teles se transformarem em empresas de tecnologia (techcos) e a transformação de suas redes de telecom em plataformas abertas cujos recursos podem ser explorados via APIs através da iniciativa do Open Gateway.

O uso de inteligência artificial, seja na criação de novos serviços ou para reduzir os custos de manutenção das redes, também está na ordem do dia – até uma aliança global de teles em IA foi criada.

Encontrar novas fontes de receita (ou meios para a redução de custos) virou prioridade. A criação de plataformas para drones, combinando 5G, IA e APIs de Open Gateway, é um exemplo. E há quem aposte em seus laboratórios de P&D para criar novos produtos, especialmente as operadoras japoneses e chinesas.

Outro sinal dos tempos atuais aparece no campo regulatório e político: as grandes teles querem permissão para a consolidação. Com menos players no mercado, será possível ganhar escala e melhorar os números nos balanços, satisfazendo os investidores para, depois disso, voltarem a falar de 6G sem medo de ofender alguém.

Foto no alto: entrada do MWC25, em Barcelona (Crédito: Fernando Paiva/Mobile Time)

 

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