A abertura do setor de telecomunicações, quase 30 anos atrás, trouxe consigo um aumento da competição e, ao longo do tempo, uma simplificação das ofertas e das contas telefônicas. Isso começa a acontecer agora também no setor elétrico, com a abertura promovida pelo mercado livre de energia. A GUD Energia, uma joint-venture formada pela geradora Auren e pela Vivo, quer repetir no setor elétrico a simplificação ocorrida na gestão de telecomunicações. Uma das iniciativas em análise é oferecer toda a gestão de consumo de energia em um app, por exemplo.
“O setor elétrico tem um desafio grande nos próximos anos que se assemelha ao que viveu telecom lá atrás com a abertura de mercado. E a Vivo vem há alguns anos se fortalecendo como um hub digital de serviços não somente de telecom”, explica Fábio balladi, diretor geral da GUD Energia, em conversa com Mobile Time.
“Juntamos uma empresa com know-how na geração de energia (Auren) com outra que tem experiência no varejo (Vivo), com relacionamento forte com o cliente, bom NPS, e foco em digitalização, que é uma tendência do setor energético quando olhamos mercados mais maduros. Na Inglaterra, por exemplo, dá para contratar energia através de app”, complementa o executivo.
Na conta de energia de uma distribuidora tradicional, o consumidor fica sabendo quanto gastou de energia de 30 em 30 dias, a cada nova leitura do relógio, e somente quando recebe a conta. Na GUD, um painel online informa o consumo diariamente. Isso permite que clientes corporativos que compram energia da GUD tenham maior visibilidade do seu gasto com eletricidade, podendo tomar decisões mais assertivas de alteração de seus processos e controlando melhor as despesas.
Outra vantagem da GUD é a simplificação da conta, apresentada de forma mais clara e objetiva, sem sustos com mudanças de bandeiras tarifárias, além de garantir uma economia de até 30% na conta, graças à geração de energia renovável pela Auren.
“O consumidor não entendia a conta. Não sabia porque gastava mais ou menos: era refém das bandeiras tarifárias. O setor elétrico tem esse desafio de descomplicar esse cenário, de tornar a conta mais simples, facilitando a gestão e o controle, para que o cliente tenha mais previsibilidade e possa gerir melhor suas despesas. A GUD quer levar energia de forma descomplicada, aproveitando o know-how dessas duas gigantes (Auren e Vivo)”, explica Balladi.
Hoje, todas as informações de consumo de energia dos clientes da GUD chegam via API ao portal online. Um passo natural será levar isso para dentro de um app no futuro, aponta o executivo.

Fábio Balladi, diretor geral da GUD Energia
GUD aguarda abertura da baixa tensão
O mercado livre está aberto para clientes de média e alta tensão. Isso significa, basicamente, clientes corporativos, incluindo pequenas e médias empresas. Lançada em meados do ano passado, a GUD superou suas expectativas e comercializou 600 GWh em 2024.
A joint-venture aproveita a base de quase 5 mil vendedores da Vivo espalhados pelo Brasil, mas seu serviço pode ser contratado por qualquer um, mesmo se não for assinante da operadora. O interessado envia sua conta de luz mais recente e recebe em menos de 24 horas uma proposta de migração. A portabilidade, contudo, pode levar até seis meses, prazo estipulado pela regulamentação. É instalado um medidor inteligente no local e, uma vez concluída a migração, o cliente passa a receber duas faturas: uma da GUD, pela energia consumida, e outra da sua distribuidora local, pelo transporte dessa energia até o seu endereço.
O mercado livre de energia será aberto em algum momento para o consumidor de baixa tensão, ou seja, para residências. A expectativa atual é de que isso aconteça em 2028, mas o prazo ainda pode ser alterado. Quando isso acontecer, será natural também que sejam criados pacotes combinando serviços de telecom da Vivo e de energia da GUD. Esse casamento já acontece em alguns mercados europeus, como em Portugal.
O que a Vivo já faz hoje é oferecer algumas soluções extras de Internet das Coisas (IoT) para clientes corporativos que contratam a GUD.
GUD no MobiXD
O case da GUD será apresentado por Fábio Balladi no 4º MobiXD, seminário organizado por Mobile Time sobre novas frentes de negócios das operadoras móveis. A agenda atualizada e mais informações estão disponíveis em www.mobixd.com.br
A ilustração no alto foi produzida por Mobile Time com IA