A AWG, agregadora de serviços de entretenimento móvel, soma 8,8 milhões de assinantes únicos, informa Juan Di Nucci, CEO cofundador da companhia, em conversa com Mobile Time. 75% dessa base está na América Latina e o restante, na África. A empresa opera em 21 países.
A AWG atua como uma ponte entre provedores de conteúdo, de um lado, e canais de distribuição, do outro, como operadoras, ISPs e fintechs. Fundada em 2004 na Argentina originalmente para a distribuição de ringtones, hoje ajuda a distribuir conteúdo digital de diferentes verticais, como games, streamings de vídeo, esportes etc. Ao todo são 27 parceiros de conteúdo, incluindo NBA, Sony, Disney, Babbel e PlayKids.
“Ajudamos algumas das maiores empresas de entretenimento a gerar receita e distribuir serviços na América Latina e na África”, resume Di Nucci.

Juan Di Nucci, CEO da AWG (crédito: divulgação)
Como agregador, a AWG leva os conteúdos digitais de parceiros para serem distribuídos para um público que, em muitos casos, não têm cartão de crédito ou nem mesmo conta em banco. A cobrança é feita diretamente na conta telefônica ou descontando do saldo pré-pago, no caso de operadoras móveis, por exemplo. Ela conta com uma plataforma própria de carrier billing, caso a operadora precise.
Atualmente, a AWG tem 62 canais de distribuição, a maioria operadoras móveis, como Claro, TIM, Entel, Tigo, Personal, MTM, Movistar, Antel, dentre outras. 70% da sua base de assinantes se concentra em operadoras móveis; 20%, em instituições financeiras; e 10%, em ISPs.
O conteúdo pode ser vendido como “white label”, ou seja, com a marca do canal de distribuição, ou com aquela do seu criador original, variando caso a caso.
O modelo de negócios costuma ser de revenue share, com a receita sendo dividida entre o canal de distribuição, o provedor de conteúdo e a AWG. Em 2023, a empresa movimentou US$ 75 milhões, entre assinaturas de conteúdo e venda de publicidade – outro produto da empresa é a venda de inventário digital dos seus parceiros de conteúdo.
A expectativa da AWG é de crescer 20% ao ano em faturamento ao longo dos próximos cinco anos, informa Di Nucci.
História da AWG interligada à transformação digital do entretenimento
A história da AWG se confunde com aquela da transformação digital na indústria do entretenimento, especialmente do mundo da música. Seus fundadores vieram de gravadoras, quando essa indústria enfrentava uma crise causada pela pirataria física e digital, na forma de CDs piratas e MP3, 21 anos atrás.
“Nascemos na primeira transição da indústria de entretenimento, quando o digital rompia o modelo existente. Decidimos fazer o que sabíamos, que era vender música e cobrar digitalmente, primeiro com ringtones. Na mesma época apareceram outras empresas pioneiras também”, recorda o executivo.
Di Nucci faz questão de ressaltar que a AWG surgiu do setor de entretenimento, não de telecomunicações ou tecnologia. E destaca que hoje entende entretenimento de forma mais ampla, não restrito a música e filmes, mas abrangendo também educação, conteúdo infantil, ensino de idiomas, games etc.
O executivo lembra que antigamente, na era pré-smartphone, as operadoras costumavam ficar com 70% da receita nos acordos de revenue share de conteúdo móvel. Agora é o inverso: a maior parte fica com o provedor de conteúdo.
A AWG segue procurando novas categorias de conteúdos e serviços para os quais sua atuação como agregadora possa contribuir para as vendas. “Mudamos todos os anos. A empresa de cinco anos atrás era diferente da que temos hoje. E seguimos mudando”, afirma.
O que não mudou até agora é a decisão de manter a empresa em modelo “bootstrap”, ou seja, mantida e gerida pelos sócios originais, sem investidores externos.
A ilustração no alto foi produzida por Mobile Time com inteligência artificial