A Globo iniciou nesta terça-feira, 29, um teste piloto no Rio de Janeiro de transmissão de DTV+, o novo padrão da TV digital brasileira, anteriormente conhecido como TV 3.0. Além da transmissão aberta e gratuita em 4K, a DTV+ se caracteriza pela interatividade com o espectador e pela possibilidade de apresentar publicidade e conteúdo de forma segmentada, por área da cidade, ou até personalizada.
“Com a DTV+ a TV aberta mantém seus atributos e passa a incorporar elementos da economia digital, com pacotes de publicidade típicos das grandes mídias digitais”, descreveu Raymundo Barros, diretor de tecnologia da Globo e presidente do Fórum do Sistema de TV Digital Terrestre, em coletiva de imprensa nesta terça-feira.
A expectativa é de que o lançamento comercial aconteça no Rio de Janeiro e em São Paulo até a Copa do Mundo de 2026. O plano é que as 15 maiores praças tenham a tecnologia até 2030. E a rede inteira, dentro de dez anos.
Cabe lembrar que o governo federal ainda não publicou o decreto oficializando os detalhes do novo padrão brasileiro de TV digital, mas acredita-se que isso acontecerá em breve.
Áudio e vídeo segmentados, T-commerce e replays
A Globo realizou para a imprensa uma demonstração de algumas das novas funcionalidades que são possíveis em DTV+.
O áudio de uma transmissão pode ser separado em diferentes canais. Em uma partida de futebol, por exemplo, é possível escolher ouvir apenas o som da torcida da casa, ou só da torcida visitante, ou dos comentaristas. Da mesma forma, em um show, é possível separar os instrumentos da mesa de som e ouvir somente as guitarras, ou apenas a bateria e o baixo, ou então o público.
Também é possível ver replay de cenas ou de gols, abrindo uma tela separada àquela da transmissão em tempo real.
Além disso, a transmissão pode ser segmentada geograficamente. Um noticiário local pode exibir uma notícia para um bairro e outra reportagem para outro bairro ao mesmo tempo. Da mesma forma, o intervalo comercial pode ser segmentado geograficamente.
Na DTV+ os espectadores podem se logar com seu “Globo ID”, login dos produtos Globo. Com isso, no limite, as publicidades poderão ser personalizadas no futuro.
Para os usuários logados será possível realizar compras de produtos que aparecem nos programas, como a camisa de futebol de um clube ou uma coleção de pratos em um programa de culinária, por exemplo. É o chamado “T-commerce”, ou comércio na TV.
“Em 2007, a TV aberta foi digitalizada. Mas os modelos de negócios seguiram os mesmos, não foram digitalizados. Continuamos com patrocínio, mídia avulsa e branded content. Tínhamos pouca liberdade para novos modelos. Agora seremos capazes de capturar receitas adicionais”, acrescentou Barros.
Outra funcionalidade interativa da DTV+ é a participação em enquetes ao vivo, como a do Craque do Jogo durante partidas de futebol.
“Entregaremos uma experiência muito mais imersiva e com novas camadas”, comentou Leonora Bardini, diretora da TV Globo.
O logo da emissora no canto direito superior com um círculo colorido em volta identificará quando a transmissão é feita em DTV+. Todas as funcionalidades são controladas através do controle remoto.
DTV+: rede, equipamentos e conectividade
Para o teste piloto, a Globo está usando temporariamente um canal em 290 MHz com autorização da Anatel em caráter experimental. Uma antena de baixa potência foi instalada no Sumaré, no Rio de Janeiro, com alcance de alguns quilômetros. Durante o período de teste, a emissora transmitirá 6 horas por dia em DTV+, com foco no horário nobre.
Para receber o sinal de DTV+, serão distribuídos antenas e conversores para algumas dezenas de residências cariocas na Zona Sul e na Barra da Tijuca. A fabricante do primeiro protótipo de conversor é a Vivensis. Para as TVs atuais, é necessário o uso do conversor. Mas a expectativa é de que até a Copa do Mundo os principais fabricantes já estejam vendendo televisores com o padrão DTV+ embarcado.
Para se logar e receber publicidade personalizada, é necessário que a TV esteja conectada à Internet. Mas a separação de áudio e a publicidade segmentada geograficamente não dependem de conectividade.
Foto no alto: Raymundo Barros, diretor de tecnologia da Globo, e Leonora Bardini, diretora da TV Globo (Crédito: Fernando Paiva/Mobile Time)