A Neomobile, empresa especializada na venda de conteúdo móvel, estima que seu faturamento mundial aumentará 50% este ano, atingindo a marca de 150 milhões de euros. Desse total, aproximadamente 30%, ou quase 50 milhões de euros, virão de sua solução de mobile commerce. O restante será proveniente de seus negócios em conteúdo móvel.
A solução de mobile commerce da Neomobile se baseia em uma plataforma de micropagamentos usando o billing das operadoras, através de SMS premium. Isso é usado principalmente por websites na venda de bens virtuais ou conteúdos digitais em geral. Trata-se de uma alternativa à cobrança via cartão de crédito, cuja penetração é baixa em países emergentes como o Brasil. "Temos hoje cerca de 60 parceiros utilizando nossa plataforma no País. A maioria são sites de jogos on-line", afirma Fernando Pensado, gerente geral da Neomobile no Brasil. No mundo, a solução da companhia é usada hoje por 800 parceiros comerciais e está disponível em operadoras de 69 países, que representam cerca de 1,5 bilhão de assinantes de telefonia celular. A Neomobile fortaleceu sua atuação em m-commerce ao adquirir no começo deste ano a Onebip, empresa especializada nessa área.
Análise
O uso das plataformas de billing das operadoras móveis para a realização de vendas de bens virtuais está ganhando força especialmente em países emergentes, onde a penetração de cartão de crédito é baixa. No Brasil, além da Neomobile, há iniciativas também da Movile e da TimWe. A cobrança é feita como se fosse um SMS premium, descontando diretamente da conta telefônica do assinante ou de seus créditos telefônicos, no caso de clientes pré-pagos. No Brasil, o valor padrão do SMS premium é de R$ 4 (mais impostos).
Há apenas dois problemas que precisam ser trabalhados na oferta de micropagamentos via rede celular. Um deles é o alto custo dos impostos. Embora a venda não seja exatamente de um serviço de telecomunicações, os governos estaduais entendem que deve incidir o ICMS de telecom sobre essas transações, que hoje está acima de 30% em alguns estados. O Mobile Entertainment Forum (MEF) e as operadoras celulares vêm discutindo possíveis saídas para essa questão.
O outro problema é a pequena participação dos provedores de conteúdo (no caso, os websites) na receita. O percentual que lhes cabe costuma ficar entre 30% e 35%, bem abaixo do que receberiam se a compra fosse feita com cartão de crédito. O restante é dividido entre operadora e a dona da plataforma de micropagamentos. Entretanto, essa pequena participação tende a ser compensada pelo fato de o pagamento via celular ampliar o público do produto.