Você já ficou preso na hora do rush, em um sinal de trânsito que permite a passagem de apenas três carros por vez, formando um congestionamento? Agora, imagine esse único sinal sendo parte de uma rede mais ampla. Seria impossível fazer qualquer coisa caso essa rede não se ajustasse quando houvesse um evento ou atividade importante que possa causar um aumento significativo no tráfego de dados. A história nos mostrou que mais carros na rua significam mais congestionamentos e atrasos no trânsito. O mesmo conceito vale para os dados: ano após ano, o mercado ganha novos dispositivos de tecnologia, que exigem quantidades cada vez maiores de largura de banda. Como podemos sustentar a demanda e mitigar os acúmulos de tráfego em nossas ruas e dentro de nossas redes? Muitos estão vendo o 5G e suas aplicações de trânsito inteligente como solução. A próxima onda de tecnologia de ponta na América Latina proporcionará uma excelente oportunidade para maximizar a eficiência das redes em geral. No entanto, fazer com que essas redes funcionem como “redes inteligentes” requer programabilidade, escalabilidade e automação.

É preciso trabalhar com os operadores para criar redes que podem se adaptar e ajudar os provedores de serviços na expansão de suas redes conforme as necessidades de negócio e o próprio mercado evoluem, incluindo a explosão nas demandas por largura de banda e a crescente necessidade de processamento ultra rápido e com baixa latência. O que torna essa abordagem única é que ela pode funcionar para muitas das infraestruturas as quais dependemos no nosso dia a dia, desde sistemas de iluminação até sistemas de controle de sinais de trânsito.

Aproveitando ao máximo nossas redes elétricas

Ao acender uma luz, a maioria de nós não pensa na jornada que começa na fonte onde a energia é gerada, viaja através das linhas de transmissão, e termina levando a eletricidade para nossa casa ou trabalho pelas linhas de distribuição. Este processo é semelhante à operação de uma rede de dados. Com o tempo, à medida que a economia digital continua a crescer e o apetite por energia aumenta, garantir a confiabilidade da rede elétrica se tornará um desafio cada vez maior.

Em muitas redes elétricas latino-americanas, uma interrupção em um trecho do sistema pode causar apagões generalizados. Foi o que aconteceu em 2019 nos países do Cone Sul – Argentina, Paraguai, Uruguai e partes do Chile. Uma falha que afetou várias linhas de transmissão levou a uma reação em cadeia que deixou milhões de pessoas sem energia na região. O mesmo aconteceu no Brasil em 2018, quando uma sobrecarga em linhas de transmissão causou falta total ou parcial de energia em quase todos os estados brasileiros. Modernizar as redes elétricas para incorporar maior automação e programabilidade é o primeiro passo fundamental para evitar blecautes semelhantes no futuro. A chegada do 5G na região irá possibilitar exatamente isso, fornecendo conectividade para lidar com o enorme volume de sensores necessários para que as redes inteligentes funcionem. Uma rede resiliente e de baixa latência é essencial para permitir que a “rede inteligente” detecte falhas automaticamente e redirecione a energia da linha de transmissão danificada para outras partes da rede, garantindo que a região afetada pelo problema ainda tenha energia elétrica. E tudo isso sem a necessidade de intervenção humana.

Temporização não é tudo

Por um bom motivo, os sistemas de sinalização de trânsito são temporizados. No entanto, isso pode levar a engarrafamentos na hora do pico. Esse problema é especialmente predominante na América Latina, onde algumas das cidades mais populosas da região estão no topo da lista das piores cidades do mundo em termos de trânsito. Os engarrafamentos causados ??por sistemas ineficientes de sinalização de trânsito contribuem para os problemas de congestionamento, poluição e atrasos em cidades como Bogotá, Cidade do México e São Paulo. Bogotá, por sinal, é dona do pior trânsito na América Latina, registrando quase 191 horas (ou mais de uma semana em horas corridas) desperdiçadas no trânsito por ano! Cidade do México, Rio de Janeiro e São Paulo não são muito melhores, com os residentes passando o equivalente a quase um mês de trabalho do ano sentados no trânsito. Você pode imaginar como um sistema de sinais de trânsito construído com programabilidade, automação e escalabilidade melhoraria nossa experiência de deslocamento?

Nunca é demais reforçar como a capacidade de trocar informações em tempo real desempenha um papel significativo na maximização de eficiência das redes, e nos coloca em uma posição privilegiada para nos beneficiarmos das promessas do 5G e da conveniência das cidades inteligentes. Câmeras e sensores podem coletar dados de trânsito e densidade de carros e compartilhar essas informações em tempo real, permitindo que os sinais de trânsito mudem dependendo do volume de veículos na via e não apenas com base em algum algoritmo inflexível. Esta informação pode ser especialmente útil durante a hora do rush. Por exemplo: o sistema de sinais de trânsito de uma via lateral cujo período de sinal verde é curto poderia detectar automaticamente uma fila crescente de carros esperando para entrar na via principal e se ajustar automaticamente, estendendo o ciclo do sinal verde e permitindo a passagem de um número maior de veículos.

A chegada do 5G acrescentará uma nova camada de eficiência aos sistemas de sinalização de trânsito. Os carros autônomos, que geralmente são mencionados junto com o 5G, aumentarão o compartilhamento de dados e trabalharão em conjunto com os sinais de trânsito para melhorar o fluxo do tráfego. Todos esses dados também podem alertar os motoristas quando for o melhor momento para sair de casa, minimizando o tempo e o combustível gastos na rua e reduzindo – ainda que ligeiramente – o desgaste do carro.

Fazendo o futuro acontecer

Embora esse tipo de rede tenha como foco o mundo das telecomunicações, ele também é necessário para tornar o 5G e a troca maciça de dados destas outras aplicações realidade. Semelhantes às redes elétricas e aos sistemas de sinalização de trânsito, as redes de telecomunicações precisarão redirecionar o tráfego de dados dependendo da demanda em diferentes partes da rede – e fazer isso automaticamente.

Assim como os sinais de trânsito precisam se adaptar a diferentes padrões e situações de tráfego, uma rede de telecomunicações deve conseguir se adaptar aos picos de dados para evitar interrupções no acesso à internet. Por exemplo, uma partida de futebol no Maracanã, no Rio de Janeiro, se beneficiaria da largura de banda ajustável dedicando mais processamento ao estádio com a massa de pessoas que enviam fotos e vídeos para seus amigos que não tiveram a sorte de conseguir ingressos. Da mesma forma que uma rede elétrica precisa ser capaz de redirecionar a energia caso haja interrupção em um determinado ponto, as redes de telecomunicações precisam ter a capacidade de fazer o mesmo com os dados, ao mesmo tempo em que fornecem baixa latência e velocidades rápidas. Para que todas as redes de dados funcionem em sua capacidade total, sem interrupções, serão necessárias redes que possam se adaptar e integrar automação, escalabilidade e programabilidade. É assim que potencializaremos não apenas o futuro das redes, mas, essencialmente, o futuro da América Latina – desde o aprimoramento dos sistemas elétricos e de trânsito até a garantia da escalabilidade e do crescimento exponencial de sua crescente comunidade de negócios.

 

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