O mundo da tecnologia sempre procura, ávido, por um novo assunto para se ‘apaixonar’. Como um amante no início do relacionamento, quer saber tudo, procurando detalhes que o façam conhecer melhor o objeto da admiração. E, em uma realidade onde algo acontece e já é publicado em tempo real, não há um segundo a ser perdido.

Depois do conceito de Metaverso redescoberto pela empresa criada por Mark Zuckerberg e já profundamente explorado e comentado mesmo antes de ser desenvolvido, agora o assunto nas manchetes dos veículos e perfis nas redes sociais é a compra do Twitter por Elon Musk.

Pessoa mais rica do mundo, o bilionário pagará cerca de US$ 44 bilhões pela empresa em um acordo que deve ser fechado este ano. Muito mais que o seu real valor de mercado, que é de cerca de US$ 36 bilhões.

Os esforços de Musk deram início a uma novela corporativa, com direito a substituição de diretoria, processos de acionistas da Tesla e a venda de quase US$ 4 bilhões em ações dessa companhia para pagar a compra. E o imbróglio parece que está longe de acabar.

O Twitter é uma rede social fora da curva. Não conseguiu acompanhar os concorrentes e as atualizações e novos recursos chegam apenas de forma confusa, muitas vezes irritando os usuários. Segundo a plataforma, no primeiro trimestre de 2022 foram 189,4 milhões de pessoas no mundo inteiro.

A rede social é sempre palco de verdadeiras guerras e debates culturais e políticos: o ex-presidente americano Donald Trump foi gentilmente convidado a se retirar em 2021. O status de bagunça total o torna um alvo eterno, inspirando opiniões fortes.

Provavelmente ninguém tem o Twitter como sua rede social preferida. Mas, se quer reclamar, lá é o local, no melhor estilo do meme ‘Vou xingar muito no Twitter’.

O relacionamento de Elon Musk com o Twitter sempre foi de melhores amigos. Segundo por mais de 88 milhões de pessoas, lá ele costuma publicar tudo sobre sua vida pessoal e profissional.

E os motivos da compra são ‘nobres’. Segundo o empresário, “a liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento e o Twitter é a praça da cidade digital onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade”.

Outro trecho do comunicado divulgado para a imprensa diz que “também quero tornar o Twitter melhor do que nunca, aprimorando o produto com novos recursos, tornando os algoritmos de código aberto para aumentar a confiança, derrotando os bots de spam e autenticando todos os humanos”.

Como se diz no meio corporativo, ‘there is no free lunch’ (não há almoço grátis, na tradução). Sim, acredito que ele tem boas intenções, mas há muito mais por trás e que ainda não foi revelado.

Quando o Facebook comprou o WhatsApp em 2014 por US$ 19 bilhões, todos ficaram se perguntando o que a empresa queria com uma rede social gratuita e que não trazia renda. Muito mudou desde então, como a integração com o Instagram, o lançamento da plataforma Business e o WhatsApp Pay. E o dinheiro começou a entrar.

No Twitter, o modelo de negócios baseado em publicidade mudou pouco desde que foi lançado em 2006. Em 2021 teve apenas US$ 5 bilhões em receita.

Creio que a compra seja, principalmente, para utilizar a base de usuários. Assim como o Facebook fez. Dar uma maior liberdade de expressão, tornar o algoritmo mais transparente e criptografá-lo de ponta a ponta traria mais segurança para a plataforma.

E mais usuários, claro. É o caminho para o oferecimento de novos serviços, como chamadas de áudio e vídeo que já existem em outras plataformas, e tornar a plataforma finalmente um super app, coisa que o WhatsApp ainda não conseguiu e o WeChat chinês faz com perfeição.

Telegram, WhatsApp, Signal. Esses aplicativos podem se preparar para um novo rival de peso e que tem ao seu lado um Super Trunfo: a rede de satélites Starlink.

Autorizada a ser utilizada no Brasil no final de janeiro deste ano, o objetivo é levar internet a locais que ainda não têm cobertura. É a infraestrutura que tem sido utilizada na Ucrânia, por exemplo.

Imagine estar no meio do oceano ou da selva amazônica e precisar se comunicar. Basta ligar o smartphone, iniciar o Twitter e ter a conexão necessária. Grátis ou paga, é algo que será descoberto em um futuro próximo.

Um homem tão poderoso não tiraria tanto do próprio bolso para se tornar o único dono de uma rede social à toa. Louco ou visionário, podemos esperar algo único e totalmente fora da caixa!

 

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