Com a expectativa da Copa do Mundo em 2014, está previsto que o Brasil passe por uma série de mudanças em sua infraestrutura. Porém, muito vem sendo discutido sobre o fato de o país não estar pronto para receber um evento de dimensões globais dentro dos prazos estabelecidos, principalmente no que diz respeito aos setores de TI e Telecom.
As chamadas “TICs” (Tecnologia da Informação e Comunicação) fazem parte da segunda etapa do planejamento para a Copa do Mundo de 2014. Toda essa base deveria estar pronta até 2012, pois servirá para as transmissões esportivas e serviços aos turistas e cidadãos brasileiros interessados em acompanhar os jogos.
Porém, a pouco mais de um mês para a chegada de 2012 e faltando menos de três anos para a Copa, o governo brasileiro ainda está definindo critérios para a implementação do Plano Nacional da Banda Larga (PNBL). Este já está atrasado, uma vez que as regiões Nordeste e Sudeste, onde ficam mais da metade das 12 cidades-sede dos jogos, já deveriam ter recebido as conexões desde 2010, conforme o projeto inicial. Ainda em abril de 2011, houve um debate com o objetivo de decidir se a conexão do plano seria de 600 Kbps, o que é insuficiente, ou de 1 Mbps, pelo preço de R$ 35,00.
Seis meses após essa discussão, a ONU divulgou um estudo que ajuda a entender em qual posição o Brasil realmente se encontra com relação a outros países nesse. Os dados mostram que um pacote de banda larga móvel de 1GB no Brasil custa em média US$ 51.27 por mês – trata-se da banda larga mais cara do mundo.
Diante desses fatos chocantes, no quesito preço, o Plano pode até parecer vantajoso em um primeiro momento. Contudo, deixando de lado o preço do serviço do governo e partindo para o quesito capacidade, o cenário parece bem desanimador. Enquanto estamos brigando para conseguir 1 Mbps, está previsto que o plano dos Estados Unidos deve atingir até 100 Mbps. O coreano, por sua vez, já abrange entre 1 e 2 Gbps. Isso significa que a conexão coreana é até 2.000 vezes mais rápida do que a do PNBL.
Alguns poderiam contestar que, em termos de tecnologia, esses dois países não devem ser comparados com o Brasil por uma questão de desenvolvimento econômico. Todavia, o mesmo estudo aponta que países menos desenvolvidos que o Brasil estão à nossa frente quando se trata de banda larga móvel. O Sri Lanka, por exemplo, cobra US$ 4.34 pelo serviço por uma conexão de 7,2 Mbps. A verdade é que países como Quênia, Marrocos, Turquia e Vietnã estão em situações mais privilegiadas do que a nossa.
É evidente que o Brasil está muito atrasado na corrida global pela conectividade. Mas, olhando a situação por um prisma mais otimista, podemos pensar que dificilmente o País daria os seus primeiros passos espontaneamente para o PNBL. Apenas um evento de dimensões colossais como a Copa do Mundo e as Olimpíadas poderão nos trazer algum benefício de infraestrutura em maior escala. O que nos resta é torcer para que algum legado reste à população brasileira após os eventos esportivos. Se a Internet popular realmente chegar a todos os municípios nacionais até 2014, como foi prometido, já teremos alguma coisa.