Pela primeira vez na história da Pesquisa de Percepção de Riscos Globais, as preocupações ambientais se destacam entre os principais riscos de longo prazo. Falha na mitigação e adaptação às mudanças climáticas é o primeiro risco (por impacto) e o segundo (por probabilidade) nos próximos 10 anos. Em tom de advertência, os autores do relatório dizem que “os impactos imediatos das mudanças climáticas somam uma emergência planetária que incluirá perda de vidas, tensões sociais e geopolíticas e impactos econômicos negativos”.

Alarmismos ou previsões catastróficas à parte, o fato é que reduzir ou eliminar substâncias perigosas, diminuir o consumo de energia, limitar as emissões, gerenciar a reciclagem e o descarte de resíduos vão se tornando práticas cada vez mais frequentes para atenuar impacto no meio ambiente e garantir sustentabilidade.

Quando uma empresa lança um novo produto, já não basta pensar na sua funcionalidade e atributos específicos. A questão do impacto ambiental, seja na origem da matéria prima, no processamento ou descarte, tem de fazer parte da concepção de qualquer novo produto, porque esta é uma demanda do consumidor. Uma recente pesquisa encomendada pela IDEMIA, e realizada pela Data2Decisions, em 10 países, apontou que 76% dos consumidores estariam dispostos a fazer a portabilidade de seus ativos financeiros para instituições que ofereçam e, mais do que isso, pratiquem a sustentabilidade.

Apesar do crescimento das transações por aplicativos, os cartões continuam amplamente utilizados. Segundo os últimos dados do Banco Centraldo Brasil, em 2018, havia 183,6 milhões destes cartões em circulação, em geral, fabricados com PVC, policloreto de polivinila, utilizando matéria prima de origem fóssil. Atualmente, para limitar o consumo e o desperdício de recursos naturais, o sistema bancário já pode oferecer aos seus clientes um cartão reciclado a partir de resíduos industriais em conformidade com os princípios da economia circular, contribuindo para a redução de resíduos e sem comprometer a qualidade e a segurança.

Por ser uma inovação, a maioria ainda desconhece o cartão de PVC reciclado. De acordo com a pesquisa da IDEMIA, apenas 27% dos consumidores brasileiros têm conhecimento da disponibilidade desta tecnologia de menor impacto ambiental. Mas 98% dos respondentes disseram que até trocariam de banco, caso um concorrente oferecesse cartões reciclados.

Substituir produtos de origem fóssil por outros que sejam ecologicamente corretos é relevante para o meio ambiente. Afinal, segundo o Nilson Report 2018, a cada ano, são produzidos cerca de 6 bilhões de cartões. O Brasil, como signatário do Acordo de Paris, comprometeu-se a reduzir até 2025 suas emissões de gases de efeito estufa em até 37% (comparados aos níveis emitidos em 2005), estendendo essa meta para 43% até 2030. Este objetivo só será alcançado com iniciativas em todas as áreas e a adoção de cartões de crédito reciclado pode representar uma contribuição importante. Ao oferecer uma solução “eco-friendly” aos seus clientes, o sistema financeiro brasileiro terá não só a possibilidade de ampliar a fidelização destes clientes, sobretudo os mais jovens, como demonstrará, na prática, seu compromisso com a sustentabilidade, e ajudará a combater os riscos que mais preocupam o World Economic Forum no momento.

 

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