A aliança entre empresas ou modelos de negócios que inicialmente se entendiam como concorrentes é mais comum do que imaginamos. Recentemente, a série “Som na Faixa”, do Netflix, trouxe o embate inicial entre as gravadoras e o Spotify. O próprio streaming, para permanecer na mesma seara, era tratado como o fim das empresas tradicionais de mídia. Jornais e revistas também criticavam o avanço dos portais on-line, operadoras de telefonia contra os serviços de VOIP… A lista é extensa, mas em várias situações a briga acabou em parceria estratégica.

No varejo, tal movimento começou a ser percebido com maior atenção com a difusão de estratégias omnichannel. A disputa entre o físico e o virtual deixou de ser relevante quando se colocou o consumidor em primeiro plano. Afinal, ele é omnichannel, depende apenas do contexto de compra que lhe é mais favorável. Podemos dizer que passaram-se mais de 10 anos entre o início do conceito do omnichannel e seu estágio atual de aceitação. E agora há diversos indicativos de que a concorrência inicial, que passou para um namoro, chegará ao altar para um casamento duradouro, que também é chamado atualmente como comércio cooperativo. Como?

Pois bem, nos últimos anos, não foram poucas as análises de especialistas que colocaram em xeque o papel dos shoppings centers. Sob forte concorrência dos marketplaces, seria inevitável repensar o modelo de negócios. Para piorar a vida dos shoppings centers, o que era uma tendência para alguns anos à frente virou realidade com a pandemia da Covid-19, que completou três anos de seu início agora em março. Neste meio tempo, as vendas on-line explodiram, enquanto o movimento nos shoppings, após uma queda drástica, retomaram seus patamares históricos.

Acontece que a corrida dos marketplaces por maior oferta de produtos, lojistas confiáveis e logística eficiente, idealmente com entregas no mesmo dia, colocou os shoppings centers novamente como estratégia-chave para o desenvolvimento do e-commerce. Posicionados em locais privilegiados em grandes centros urbanos e com portfólio amplo e diverso de lojistas, os shoppings centers hoje figuram no topo das prioridades dos grandes marketplaces.

Vale lembrar que o varejo presente nos shoppings centers não necessariamente é formado apenas por grandes redes, com estrutura própria de comércio eletrônico. Muitas vezes, talvez na maioria, é preciso trazer o lojista para este universo de maneira muito didática. Então, soluções focadas em omnichannel agilizam o ingresso das lojas físicas tanto nos shoppings digitais (termo como os marketplaces dos shoppings centers são chamados) quanto em outras iniciativas de vendas integradas, como redes sociais e WhatsApp. Feito isso, o comércio cooperativo ganha forma.

E seu ápice, até o momento, é a inclusão destes lojistas em poderosos marketplaces, como iFood, por exemplo. Neste modelo, todos os atores do varejo são beneficiados, o que é extremamente importante para o seu sucesso. Pode-se entender a disputa entre físico e digital como algo do passado. Mas não é só isso. O cliente passa a ser colocado em primeiro lugar, como deve ser.

 

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