Nos últimos anos, uma preocupante ameaça tem emergido no cenário da segurança digital: o deepfake. Trata-se de uma tecnologia que utiliza a inteligência artificial chamada deep learning (aprendizado profundo) para criar vídeos, áudios e imagens falsas extremamente convincentes, nos quais pessoas podem ser manipuladas digitalmente para parecerem dizer ou fazer coisas que nunca fizeram.

A inteligência artificial aprende características a partir de mídias existentes e utiliza esses dados para gerar conteúdo manipulado. Embora programas rápidos e fáceis de usar possam criar deepfakes de baixa qualidade, os mais convincentes requerem softwares de edição e equipamentos sofisticados.

O recente caso da imagem do Pentágono pegando fogo que viralizou na Internet e influenciou a queda das ações na bolsa de valores dos Estados Unidos, ou o comercial da Volkswagen que trouxe vida à Elis Regina cantando com Maria Rita, sua filha, são exemplos notórios do impacto dessa técnica. Segundo dados enviados pela Impressions, aplicativo de deepfake, à Agência Pública, os brasileiros já são a segunda maior nacionalidade na plataforma, com 20% do total de usuários.

Por outro lado, dados divulgados pela Kaspersky mostram que 65% brasileiros não conhecem o conceito de deepfake. Além disso, 71% dessas pessoas não reconhecem quando vídeos, imagens ou áudios foram editados nessa técnica. Isso dá abertura para que criminosos usem essas técnicas para aplicarem golpes como roubo de dados, por exemplo. A partir desses dados, os cibercriminosos conseguem acessar contas bancárias das vítimas e páginas restritas com reconhecimento facial.

Essa capacidade de manipulação de mídia tem implicações profundas na segurança digital e requer uma resposta eficaz dos especialistas em cibersegurança. Nesse sentido, é preciso olhar com atenção para o avanço da inteligência artificial no que tange à cibersegurança.

Como o deepfake ameaça a segurança digital

As implicações do deepfake na segurança digital são vastas e preocupantes. Uma das principais consequências é o aumento do risco de ataques de phishing e engenharia social. Com vídeos deepfake convincentes, os criminosos podem criar situações em que parecem ser pessoas confiáveis, como CEOs, funcionários de instituições financeiras ou até mesmo amigos e familiares, enganando as vítimas e obtendo acesso a informações confidenciais. Além disso, a reputação e a confiança das pessoas, empresas e instituições também estão em jogo.

A disseminação de vídeos deepfake pode levar a danos irreparáveis à imagem de uma pessoa ou organização, afetando relacionamentos, carreiras e até mesmo a estabilidade social. Políticos, celebridades, figuras públicas e pessoas comuns correm o risco de serem alvos de manipulações maliciosas, o que pode ter um impacto significativo em sua credibilidade e relacionamentos.

Detecção e prevenção de deepfakes

Com o avanço da tecnologia, identificar deepfakes tornou-se mais desafiador, no entanto, nem tudo está perdido. Assim como o deepfake utiliza inteligência artificial para criar vídeos falsos, a cibersegurança pode se valer da mesma tecnologia para combater essa ameaça. A IA pode ser usada para desenvolver sistemas de detecção de deepfakes mais avançados e eficazes.

Os algoritmos de aprendizado de máquina podem ser treinados para identificar anomalias nas imagens e vídeos, como imperfeições nos movimentos faciais, alterações sutis no tom de pele ou distorções na voz. Essas técnicas podem ajudar a diferenciar vídeos autênticos de deepfakes e alertar os usuários sobre possíveis ameaças.

Além do mais, anomalias ainda são comuns nas imagens geradas por IA, como detalhes estranhos nas orelhas, mãos, olhos e cabelos, principalmente em deepfakes que envolvem pessoas inexistentes. Porém, além da identificação, é crucial adotar medidas preventivas para evitar ataques cibernéticos com o uso dessa tecnologia.

Para combater a ameaça dos deepfakes, é essencial fortalecer a educação e a conscientização em relação a elas. É importante sempre verificar as fontes das imagens e vídeos antes de compartilhá-los ou tomar decisões baseadas neles, usando ferramentas de pesquisa reversa, por exemplo. Uma boa prática é consultar sites de notícias confiáveis e organizações de verificação de fatos em casos que envolvam figuras públicas ou políticos para validar a autenticidade do conteúdo.

Investir em tecnologia de detecção de deepfakes também é fundamental para identificar conteúdo falso e prevenir danos significativos. Reforçar a segurança cibernética e manter sistemas e dispositivos atualizados com medidas robustas de segurança é outra estratégia importante para prevenir ataques cibernéticos destinados a manipular informações. Ao adotar essas práticas, indivíduos e empresas podem se proteger melhor contra os perigos do deepfake e minimizar os danos potenciais causados por ataques cibernéticos com essa tecnologia. A vigilância constante e a colaboração com especialistas em segurança cibernética são essenciais para garantir a integridade das informações compartilhadas e evitar disseminação de conteúdo falso.

Com a conscientização, a educação e a adoção de medidas de prevenção, é possível minimizar os riscos e proteger-se contra essa tecnologia insidiosa. Estejamos sempre atentos, verificando as fontes e fortalecendo a segurança digital para garantir uma experiência online mais segura e confiável. A tecnologia do deepfake apresenta um desafio significativo para a segurança digital, mas também oferece oportunidades para o desenvolvimento de soluções avançadas.

 

*********************************

Receba gratuitamente a newsletter do Mobile Time e fique bem informado sobre tecnologia móvel e negócios. Cadastre-se aqui!