O décimo terceiro salário está chegando para os brasileiros. A expectativa é que a população continue indo às compras mesmo depois da Black Friday após melhora apresentada na economia e com o retorno dos consumidores ao universo dos créditos com o recente lançamento do Programa Desenrola Brasil, do Governo Federal, para renegociação de dívidas de até R$ 5 mil.
Com o maior interesse do consumidor, aumenta também a necessidade de estar atento a golpes e fraudes na hora de realizar as compras e vendas pela Internet, principalmente, para os e-commerces que têm um papel fundamental na defesa proativa contra as ameaças que os rondam durante a Black Friday e em datas importantes como o Natal. Isso porque, no Brasil, foram registradas 80 mil vítimas de golpes online de janeiro a setembro de 2023, causando um prejuízo de mais de R$ 500 milhões. Os dados são do estudo contratado pela Unico e diversas empresas em parceria com a OLX. A maior frequência destes crimes ocorre em compras e vendas de celulares, roupas, itens para casas e eletrônicos – uma média de 9 mil golpes por mês.
A privacidade e a proteção de dados pessoais têm sido um tema frequente, especialmente depois da criação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), sancionada em 2020. Contudo, um dos grandes obstáculos para o avanço nesse campo é a compreensão do consumidor de que seus dados pessoais são informações de valor e que é dever de todos os agentes que os utilizam protegê-los. O compartilhamento irrestrito deles pode gerar riscos, sendo utilizados especialmente para fraudes de identidade, mas também por agentes mal-intencionados que estejam interessados em prejudicar alguém. Por exemplo, podem ser utilizados para “stalkear” uma pessoa sem ser identificado, pode levar a crimes, principalmente, de natureza patrimonial (furto com fraude eletrônica, estelionato, extorsão, etc.). São tantos riscos que fica difícil enumerar.
Além disso, nossas interações físicas e virtuais se somam para carregar não apenas dados sobre as pessoas, mas também sobre seus comportamentos, hábitos de consumo, expectativas de transações e acesso a todo tipo de serviços. Essa exposição de dados sensíveis não se explica apenas pela imprudência do consumidor. Aliás, em grande parte das vezes, acontece por falta de conhecimento ou até ingenuidade. O erro do cidadão reside em acreditar que não possui informações importantes, que elas não teriam utilidade para golpes ou fraudes ou que, por ser uma pessoa desconhecida, não seria alvo de criminosos. Há, ainda, a descrença de parte da população de que há algo a fazer para impedir ou mitigar o uso indevido dos seus dados, calcada na assunção de que todos os seus dados já foram expostos e o consumidor se encontra, portanto, totalmente vulnerável.
Isso vale muito para o período da Black Friday e do Natal, por exemplo. Se a pessoa não puder ou não quiser desistir de usar um produto, deve entender e questionar o e-commerce sobre a necessidade da coleta de determinados dados e de como a gestão dos seus dados pessoais é realizada. Sempre que o consumidor tiver dúvidas ou se sentir lesado, deve entrar em contato com a empresa, acionar os órgãos competentes, tanto nas redes sociais quanto nos canais de atendimento, indicados pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). Com a tecnologia evoluindo em velocidade exponencial, é fundamental contar sempre com o que há de mais recente em termos de segurança.
Por outro lado, os e-commerces devem investir em tecnologias de segurança, criptografia, monitoramento constante, ter uma equipe bem treinada e, principalmente, investir em soluções de autenticação de identidade e antifraude. Isso para garantir não só a identidade do comprador, mas a titularidade do cartão de crédito no momento da compra, validando se aquela pessoa é realmente quem diz ser e se é a dona do cartão utilizado e, desta forma, trazendo maior segurança nas transações online.
As medidas de segurança a serem adotadas não são essenciais apenas para o cumprimento da LGPD pelas empresas. As fraudes no e-commerce, além de gerarem prejuízos financeiros diretamente relacionados às fraudes, podem desencadear maiores problemas para quem vende online. Isso porque esses golpes têm como consequência os pedidos de chargeback, que são as contestações de compras. Quando o cliente tem o cartão clonado e usado no seu e-commerce, por exemplo, ao não reconhecer a compra, ele aciona a sua operadora de cartão para receber o estorno dela. Se a loja recebe muitos chargebacks, pode acontecer a aplicação de medidas extremas, como multas, sanções e até o descredenciamento da empresa. Com isso, a marca não pode mais operar em compras digitais.
Além disso, ao se apoiarem nessas tecnologias as empresas elevam o grau de confiança de seus clientes e passam a oferecer experiências fluidas e seguras. Uma pesquisa encomendada pela Unico ao Instituto Locomotiva apontou que 71% dos entrevistados são a favor de um mecanismo para a pessoa escolher quais dados quer compartilhar com cada instituição, seja pública ou privada, mantendo controle sobre quem, e em que momento, acessa as informações. Além disso, 80% acreditam em tecnologias como a biometria facial para substituir as senhas e reforçar a segurança nas compras.
A LGPD também traz obrigações para os e-commerces, mas certamente a ação da sociedade fará com que essas empresas se posicionem corretamente em favor da proteção de dados. É importante deixar claro que não se está satisfeito, e cobrar os seus direitos conferidos pela lei. As empresas, no geral, devem buscar cada vez mais pela conscientização sobre a importância do devido uso e tratamento de dados pessoais e sensíveis, informar o consumidor sobre possíveis riscos e golpes, além de estar atento a esses momentos de vulnerabilidade nas relações de consumo com a sua marca.
Garantir que seu e-commerce esteja pronto para momentos críticos como a Black Friday, com acessos simultâneos, aumento da possibilidade de ataques maliciosos às plataformas e aos seus usuários precisa fazer parte da preparação para as vendas. Investir em soluções de segurança e na prevenção de fraudes é fundamental. Se você oferece segurança para seu cliente, seus resultados serão melhores e a longo prazo.