A inteligência artificial (IA) está deixando de ser apenas uma promessa futurista para se tornar uma aliada concreta na construção de uma educação mais acessível, personalizada e inclusiva. Tecnologias como plataformas adaptativas, sistemas de tutoria inteligente e leitores de tela estão ajudando a transformar o ambiente escolar, garantindo que mais estudantes – com ou sem deficiência – tenham a oportunidade de aprender em seus próprios ritmos e com mais autonomia.

No Colégio Pauliceia, em São Paulo, por exemplo, alunos autistas se comunicam melhor com o uso do aplicativo Snap Core First, que utiliza símbolos em tablets para facilitar a comunicação alternativa. Já estudantes surdos têm se beneficiado de tradutores de linguagem de sinais baseados em IA, que transformam sinais em texto ou fala em tempo real. São recursos que não apenas promovem a inclusão, mas também aumentam o desempenho e a autoestima dos alunos.

A personalização do aprendizado é outro ponto forte da IA. Ferramentas como o Reforça App, usado por alunos da rede municipal do Rio de Janeiro, entregam conteúdos ajustados ao desempenho de cada estudante. Em um mês de uso, mais da metade dos alunos de uma escola carioca apresentaram melhora nos resultados. Outras plataformas, como a Geekie One e a DreamBox, ajustam automaticamente o conteúdo com base no progresso dos estudantes, oferecendo trilhas de aprendizado sob medida – seja para quem precisa de reforço, seja para quem busca desafios.

Essas tecnologias funcionam de forma semelhante ao ENEM, cuja pontuação é baseada na Teoria de Resposta ao Item (TRI). Assim como a prova nacional, os sistemas de IA consideram mais do que acertos: avaliam o padrão e a coerência das respostas, criando diagnósticos mais precisos sobre o conhecimento do aluno.

Mas os ganhos vão além das notas. A IA contribui para a criação de um ambiente escolar mais empático e diverso, no qual as necessidades de cada estudante são reconhecidas e respeitadas. Um estudo da International Journal of Educational Technology mostrou que o cruzamento de dados sobre desempenho e engajamento pode prever com até 92% de precisão quais alunos estão em risco de reprovação – permitindo intervenções antes que seja tarde.

Apesar de tantas promessas, a realidade das escolas brasileiras ainda impõe barreiras importantes. A falta de infraestrutura, o difícil acesso à internet e até a o alto índice de trabalho infantil em muitas regiões são entraves que precisam ser enfrentados antes mesmo da implementação de tecnologias de ponta.

Além disso, é preciso tratar com seriedade questões como o tempo excessivo de tela na infância e a proteção dos dados dos alunos – especialmente porque muitos deles são menores de idade. A capacitação dos professores também é vital. De nada adianta a tecnologia se os educadores não estiverem preparados para usá-la de forma eficiente, ética e integrada ao currículo.

Iniciativas como o Projeto Educacional Individualizado (PEI), previsto na Política Nacional de Educação Especial, são exemplos de como o Brasil já busca adaptar o ensino às particularidades de cada estudante. Com apoio da IA, esse processo pode ser ainda mais efetivo.

O futuro aponta para inovações como a realidade aumentada e virtual em sala de aula e assistentes virtuais personalizados. Aplicativos como SkyView permitem que os alunos explorem o céu com AR; outros simulam tornados, usinas e ambientes complexos para tornar o aprendizado mais prático e envolvente.

A integração da IA na educação não será mágica nem imediata. Exige investimentos, políticas públicas robustas e articulação entre governos, escolas, professores e empresas de tecnologia. Mas com planejamento e compromisso, é possível construir um sistema educacional mais justo, inclusivo e adaptado às necessidades de cada estudante.

Se o desafio é grande, o potencial também é. A IA não veio para substituir o professor, mas para ajudá-lo a ensinar melhor. E, acima de tudo, para garantir que nenhum aluno fique para trás.

 

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