O Panorama Uso de Apps no Brasil Mobile Time/Opinion Box é vital para aperfeiçoar as relações entre marcas, empresas, apps, usuários e clientes e traz atualizações que em alguns pontos não surpreendem, mas por outros aspectos revelam a velocidade das mudanças e o tamanho dos desafios de usabilidade, funcionalidade e experiência.

Há nove anos estou mergulhado no universo do comportamento e do consumo sênior no Brasil. Lá em 2014 quando nada ou pouco se falava sobre este mercado que hoje circula bilhões de Reais, mal se imaginava o que aconteceria anos depois. As linhas de tendência tanto de adesão às tecnologias quanto ao novo e amigável mundo que as telas touch trouxeram para a experiência de navegação já sinalizavam que era um caminho sem volta e que a UX60+ e a UI60+ seria um skill obrigatório. Neste artigo tenho a felicidade de comentar alguns pontos da recém-saída do forno, pesquisa Mobile Time e Opinion Box. Vou me ater ao corte que sempre ganha minha atenção profissional: os 50+.

O gráfico 5, que já uso como provocação para que você faça o download gratuito, consolida um ponto bem interessante ao questionar se o entrevistado “já comprou algum aplicativo para o seu smartphone”. Apenas 22% responderam que sim em um universo de dos 16 anos aos 50 anos e mais. Perceba o tamanho do desafio para os modelos de negócio que demandam enormes investimentos em tecnologia e gente. Em 2015 percebemos uma tendência curiosa ao questionar se os entrevistados 50+ pagariam para usar um app caso ele fosse importante para seu dia a dia. Mais de 65% declararam que sim. Na ocasião mergulhamos na busca destas respostas e o que descobrimos agora é óbvio: acostumados a pagar por informação, serviços ou softwares, parecia absolutamente normal e (atenção!) justo cobrar caso aquele aplicativo fosse realmente útil. Enquanto as outras faixas etárias não cogitavam pagar um centavo sequer por um app. Lembram quando o WhatsApp ensaiou cobrar um pequeno valor anual? 

O gráfico 16 faz um overview nas redes sociais e inicia pelo Instagram preferido pelo público feminino e jovem. Quanto ao uso do aplicativo temos o grupo de 16 a 29 anos que diz passar mais tempo com ele (45%), percentual que cai para 35% entre aqueles com 30 a 49 anos e abaixa para diminutos 21% na faixa a partir de 50 anos. Nos nossos estudos identificamos que o usuário mais velho não se adaptou e não aprecia a linguagem, usabilidade e forma da maioria das pessoas se expressarem (leia-se: se exibirem), no app. A ausência de link que possibilite ampliar a busca de um produto ou a aborrecida frase “link na bio” não são a melhor forma de garantir uma audiência mais madura e com alta capacidade de consumo. O Instagram está instalado em 95% dos smartphones de mulheres e em 88% dos smartphones dos homens. Na análise por faixa etária, nota-se uma penetração maior em dispositivos de jovens de 16 a 29 anos (95%), em comparação com os grupos de 30 a 49 anos (92%) e com mais de 50 anos (86%).

O WhatsApp é o app mais presente na tela inicial do smartphone estando na homescreen de 54% dos aparelhos. Trata-se daquela primeira tela ao acionar o smartphone, não significando que não estejam nas telas 2, 3 ou demais. De todos os públicos, o WhatsApp tem a preferência, presença e constância do público masculino e 50+. A possibilidade de ser monossilábico nas respostas sem ser julgado como grosseiro, fugir dos textões e se sentir mais livre nos grupos de amigos onde poucas ou nenhuma regra existe, tornaram a tela de seis polegadas do smartphone no barzinho depois do futebol ou no encontro dos amigos no clube. 

O Facebook é a segunda plataforma social mais popular em mobile no Brasil, instalado em 85% dos smartphones nacionais com distribuição equilibrada por gênero e classe social. Porém dos seis apps analisados é o que cresce em preferência proporcionalmente ao aumento da idade. Está instalado em 82% dos smartphones do grupo 16 a 29 anos, 85% de 30 a 49 anos e chega a 86% entre o grupo 50+.

O TikTok já ocupa a terceira posição em popularidade nos smartphones estando instalado em 41% dos aparelhos. Com o perfil principal mais jovem acho interessante destacar um fato curioso: está instalado em 33% dos smartphones dos usuários 50+, número menor, mas não menos promissor do que os 48% dos 16 a 29 anos e 40% da faixa de 30 a 49 anos. Em um estudo com metodologias similares em 2020, o TikTok estava presente em 18% dos smartphones deste grupo etário. Quase dobrar em dois anos me parece muito bom.

Voltando ao Facebook quero compartilhar alguns dados bem interessantes e que mostram a resiliência e, por que não dizer, adequação da rede em relação ao público 50+. Nesta faixa etária em dezembro de 2022 identificamos 31,6 milhões de perfis ativos. Desde o início da pandemia até hoje a rede teve um crescimento de 23% sendo que entre os 50+ este índice chegou a quase 55%. A primeira parte da jornada de construção do relacionamento digital entre marcas, produtos e serviços e consumidos sênior creio que conseguimos destacar aqui. As outras etapas que abrangem a UX60+ e a UI60+ adequadas ao novo estágio de vida são mais desafiadores e continuaremos a tratar por aqui ou nos artigos já publicados em minha coluna.

Finalizo desejando um excepcional e magnífico 2023. Adoro termos superlativos e cheios de energia assim como afirmo também que 2023 vai ser o ano mais 60+ da história nos negócios, mercado e inovação. 

 

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