Em novembro, o aplicativo Omnivore, usado para salvar artigos da web para leitura posterior, foi vendido à startup ElevenLabs. Um dos efeitos da venda foi seu encerramento.

Essa categoria de apps surgiu em 2008, junto com o iPhone, com o Instapaper. Foi um dos primeiros exemplos de novas demandas criadas pela revolução dos smartphones.

Outro fator que propiciou o surgimento dos apps do tipo “salvar para ler depois” foram as dificuldades de adaptação dos navegadores web para as telas pequenas dos celulares e a nova realidade multiplataforma que eles inauguraram.

As abas infinitas e os favoritos, recursos que ajudavam as pessoas a gerenciarem leituras no computador, se mostraram insuficientes no mundo multitela.

Peguei-me pensando nisso desde o anúncio do fim do Omnivore.

Havia muito o que gostar dele: aplicativos e extensões decentes e para várias plataformas, recursos avançados de sobra, tudo de graça — planos pagos sequer eram oferecidos.

Teria sido um transtorno se tivesse me comprometido com ele. Só não o fiz porque já tinha um lugar para salvar artigos para ler depois: o navegador web.

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Tento tirar o máximo de vantagem da famosa integração entre dispositivos e softwares da Apple. Por isso, uso o Safari no dia a dia.

Um dos seus recursos menos comentados do navegador da Apple é a Lista de leitura, que — você deve ter imaginado — faz o que o Omnivore se propunha a fazer.

Se a finalidade de ambos é a mesma, a forma não poderia ser mais distinta. Enquanto o Omnivore — e seus pares, como o ainda na ativa Instapaper, o Pocket da Mozilla, e soluções modernas como Readwise e Matter — se destacam pela ampla gama de recursos, a Lista de leitura do Safari chama a atenção pela falta deles.

A única coisa que diferencia a Lista de leitura de uma pasta com favoritos são o acesso aos artigos salvos mesmo sem conexão à internet e o estado (lido/não lido). Ela também tem um trunfo relacionado ao ecossistema: a integração profunda com o iOS e o macOS, que facilita bastante o salvamento de links.

É pouco, perto do Omnivore e similares? Sim, mas é o suficiente para mim.

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A Lista de leitura é um dos muitos recursos nativos do navegador de que faço uso e que me livram de dependências externas (leia-se: apps) e dos riscos inerentes a eles, como um encerramento abrupto tal qual o do Omnivore, ou assinaturas pagas que vão se empilhando na fatura do cartão.

No Safari, um de que gosto muito e uso quase sempre combinado à Lista de leitura é o Modo leitor. Com um clique ou toque, um artigo numa página web ganha formatação especial para leitura, sem anúncios e outras distrações e com várias opções tipográficas.

Para os velhos favoritos, dei-lhes a função de me lembrarem de sites que visito vez ou outra, mas de que não posso me esquecer ou que são chatinhos de se encontrar pelo buscador. Os melhores exemplos são os sites de burocracia fiscal (emissão de notas) e algumas ferramentas web, como editores de imagens que rodam no navegador.

Outra coisa bacana? Grupos de abas. Meu blog é uma espécie de curadoria de assuntos e acontecimentos que me chamam a atenção no mundo da tecnologia, com algumas seções distintas. Tenho grupos de abas para cada uma e vou jogando nelas os links com potencial de serem usados, esteja onde estiver — no celular ou no computador.

Fala-se muito das extensões dos navegadores como a parte que agrega as funcionalidades avançadas dos mesmos. Talvez o seu mereça uma olhada mais atenta. E isso vale não só para o Safari.

Chrome, Edge, Firefox, Vivaldi… todos eles têm recursos pouco usados, alguns mais, outros menos. O que é certo é que provavelmente usamos menos do que eles oferecem e, nessa, podemos estar perdendo coisas úteis e legais.

 

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