“Nada no mundo é mais poderoso do que um história”. Para quem assistiu ou leu Game of Thrones, essa frase pode ser familiar. Ela foi dita pelo Tyrion Lannister em um momento da saga. Quis começar esse artigo com essa frase, pra nos lembrar que o mais importante, central e protagonista são sempre as histórias.
Mas vamos falar aqui de como produzimos, distribuímos e consumimos histórias: os formatos. Algumas histórias transitam muito bem entre vários desses formatos e Game of Thrones é uma delas. Uma história que primeiro foi lançada como um livro físico, ganhou sua versão em e-book, virou uma série audiovisual e mais recentemente tem suas versões também em audiobook. Estamos falando da mesma história, em diferentes formatos. E por que isso é importante?
Vamos lá!
Primeiro: quando você aumenta formatos, você multiplica consumidores. Ao disponibilizar uma mesma história em formatos diferentes, você dá a chance de que alguém escolha como prefere consumir aquele conteúdo.
Segundo: pode parecer um contrassenso, mas quero dizer que é verdade e já provei isso na pele ao liderar a produção dos audiobooks de Harry Potter, um novo formato pode ser uma experiência totalmente diferente de se relacionar com a mesma história. Se você é fã de um universo de interesse – e como exemplos temos Harry Potter, Marvel, Star Wars – você sempre vai querer consumir as histórias em um novo e diferente formato, mesmo que você conheça ela de trás pra frente.
Terceiro: como produtor de conteúdo, ao trazer multiformatos para um conteúdo, você expande as chances de alcance de consumidores e consequentemente o awareness e a receita gerada por aquele conteúdo. Some formatos e você multiplicará ganhos!
Na literatura essa história já não é mais nenhuma novidade. Histórias há muito tempo nascem livros em papel e crescem como filmes, séries e mais recentemente ebooks e audiobooks. O que começou também a acontecer alguns anos atrás na indústria editorial é que para muitas histórias o nascimento já não acontece mais em um livro em papel.
Com o fenômeno da autopublicação, que começou no início da internet com os blogs (50 Tons De Cinza nasceu com um blog, tendo como protagonista um vampiro e não um bilionário) e evoluiu com as plataformas que permitem não só a publicação, mas também a monetização de livros digitais, esse formato começou também a ser a primeira saída de muitas histórias. Aí o caminho inverso aconteceu: um autor se consagra na autopublicação digital e é convidado por uma editora para lançar uma edição impressa dessa mesma história.
Mais recentemente, com o renascimento do audiobook – sim, porque eles existem desde a década de 1970 nos EUA em fitas K7 – começamos também a observar um movimento de players que produzem conteúdo original que nasceu em áudio e posteriormente se convertem em ebooks, livros digitais e até produções audiovisuais. Quer um exemplo? Mulher Maravilha, a biografia de Elke Maravilha, escrita por Chico Felitti.
Tudo isso pra dizer que se você trabalha, produz, vende ou é só um interessado em histórias e literatura, o sol dessa galáxia tem que ser o conteúdo, a história. Os formatos são os veículos que vão te permitir chegar a um número de pessoas que pode ser menor (caso você opte por apenas um formato) ou maior (caso você decida que o multiformato te ajuda a expandir a audiência dessa história).
E mais do que os formatos que já existem, também é importante que você está sempre conectado com o perfil de consumo de quem quer se entreter, se informar ou aprender com uma história. Será que a maneira como sempre se leu é a maneira como as novas gerações leem? Se quiser saber um pouco mais disso, escrevi um artigo intitulado “O consumo fragmentado nos tempos de TikTok” que você pode ler aqui.
Então, se você gosta de uma boa história e está do lado do balcão que pode ajudar ela a ganhar o mundo, não se prenda a formatos, permita que essa história voe por diferentes formatos, para diferentes pessoas e cumpra a função de um bom conteúdo: impactar muitas e muitas pessoas.