Ao longo da minha trajetória como empreendedora, tive a honra de entrevistar algumas das figuras mais influentes deste país. E, entre tantas que se destacaram na minha visão, a personagem que protagoniza o primeiro capítulo do livro “Mulheres Positivas” na sua primeira edição até hoje me traz grandes reflexões.
Estou falando da incrível jornada de Alcione Albanesi, a fundadora do Amigos do Bem. Foi durante uma viagem especial que tive o privilégio de conhecer de perto esse projeto notável, e ainda tive a companhia de Alcione e sua filha Caroline. Na época, estava grávida, mas essa oportunidade seria um momento único na minha vida.
Testemunhei em primeira mão como o projeto dela transforma vidas nos lugares do país com os índices mais baixos de desenvolvimento humano, regiões onde as necessidades básicas como água, comida e saneamento são escassas.
Alcione emergiu como uma verdadeira catalisadora de mudanças, impactando positivamente milhares de vidas através de sua jornada de coragem, dedicação e altruísmo. Essa experiência deixou uma marca profunda em mim, reforçando o meu respeito e admiração pelo projeto.
No entanto, Alcione é apenas um exemplo entre as inúmeras mulheres que me inspiram diariamente.
Falando sobre o cenário internacional, também separei algumas mulheres que servem de inspiração, que seguem impactando o mundo de maneira significativa e que me enchem de orgulho pois, assim como eu, reservam parte do seu tempo para lutar por um mundo melhor.
Malala Yousafzai, Michelle Obama e Serena Williams são apenas três nomes dentre tantas mulheres incríveis que vêm fazendo a diferença na luta pela equidade de gênero.
Ainda refletindo sobre a minha trajetória e voltando alguns anos atrás, em 2010, lancei o Movimento Mulheres Positivas, uma iniciativa de impacto social com o propósito de capacitar mulheres a nível pessoal e profissional por meio da tecnologia. Para contextualizar os leitores desse artigo, eu cresci em um ambiente profundamente marcado pelo machismo e, desde jovem, decidi que me empenharia para que nenhuma outra mulher ou menina tivesse de enfrentar o que eu precisei. Há uma década, escrevi meu primeiro livro e nele compartilhei histórias de mulheres resilientes e que me ajudaram de certa forma a trilhar a minha própria história. Esse momento solidificou a minha convicção de estar no caminho certo.
Busquei aprimoramento, cursando o “Women Leadership Program” em Oxford, onde adquiri técnicas de negociação avançadas e modelos de negócios escaláveis, com a aspiração de transformar o mundo. Logo percebi que, mesmo com a escrita de livros, minha capacidade de impacto e alcance seria limitada, já que meu intuito sempre foi transformar vidas verdadeiramente. Essa epifania me conduziu a uma pesquisa de mercado, com o objetivo de identificar as principais dificuldades enfrentadas pela mulher brasileira e como a tecnologia poderia corrigir essas disparidades.
Há oito anos então, demos início ao desenvolvimento do protótipo inicial do que hoje é o aplicativo atual do Mulheres Positivas. Hoje, tenho o privilégio e a honra de proporcionar mais de 100 mil oportunidades de emprego, cursos e uma gama diversificada de serviços para mulheres. Estamos falando de um aplicativo com mais vagas afirmativas para mulheres na América Latina, e que atualmente inclui mais de 180 empresas parceiras, além de um programa de Mentoria Intercompany.
Desde o início desse movimento – hoje global – tenho observado atentamente o contexto das mulheres no Brasil, a fim de compreender profundamente as nuances desse universo e aprimorar constantemente nossas iniciativas de apoio às mulheres. Nesse sentido, um cenário que me sensibiliza profundamente e impulsiona meu compromisso em prol das mulheres é o fato, documentado pelo Guia de Direitos Humanos, de que as mulheres continuam recebendo salários inferiores aos homens. Além disso, é notório que muitas estão inseridas em ocupações informais ou mais operacionais. Mesmo quando possuem empregos formais, enfrentam barreiras para alcançar posições de decisão na política e na economia. A vulnerabilidade delas é evidente, e a infeliz realidade da violência doméstica, seja ela emocional, física ou sexual, ainda são frequentes. Para piorar, muitas mulheres enfrentam uma carga desproporcional de trabalho ao serem responsáveis pelas tarefas domésticas e pelos cuidados com os filhos.
Movida por essa triste realidade, diariamente enfrento desafios para garantir que o Movimento Mulheres Positivas ofereça uma série de iniciativas. Nosso objetivo é promover o acesso à educação, fomentar a empregabilidade e oferecer acolhimento e apoio às mulheres que estão em situações de violência. Além disso, estamos empenhados em ampliar a visibilidade e o reconhecimento das histórias, trajetórias e realizações das mulheres. Acredito firmemente que esses pilares são fundamentais para impulsionar o progresso em direção à equidade de gênero na sociedade. Cada dia é um novo desafio, mas é com paixão e determinação que seguimos em frente, almejando um futuro em que as mulheres sejam reconhecidas e valorizadas por suas contribuições, e onde a equidade de gênero seja uma realidade incontestável.
Ao longo das últimas duas décadas, tenho dedicado meu tempo à pesquisa e escrita sobre o universo feminino. Frequentemente, me questionam sobre as mulheres que admiro. Minha resposta é clara. Sinto admiração por aquelas pessoas que se empenham em promover transformações positivas nas vidas dos outros, doando seu tempo para melhorar o nosso mundo social, ecológico e ambiental. Essa dedicação independe de sua posição, status social ou condição financeira. Valorizo profundamente as mulheres que usam suas vozes, experiências e trajetórias para impactar de maneira positiva a vida de seus semelhantes.
E esse desejo de dar visibilidade, amplificar vozes e celebrar as trajetórias de mulheres que têm provocado mudanças significativas em seus âmbitos de atuação me motivou a criar o Prêmio Mulheres Positivas. Uma iniciativa que surgiu com o intuito de compartilhar histórias de mulheres que realizam um trabalho notável, mas que frequentemente passam despercebidas e não recebem o reconhecimento merecido. O propósito é inspirar outras mulheres a perseguirem seus sonhos e a contribuírem para uma vida mais digna, humana e inclusiva.
O Prêmio Mulheres Positivas é estruturado em torno do voto popular e das indicações coletadas por meio do aplicativo Mulheres Positivas. Destacamos histórias de mulheres que lideram iniciativas focadas na transformação positiva das vidas das pessoas. Essas mulheres são homenageadas com prêmios em dinheiro para que possam continuar a trilhar seus caminhos de impacto social.
Ações assim provam que, cada uma de nós, independentemente do nosso papel ou projeto, pode gerar um impacto positivo por meio de ações tanto pequenas quanto grandiosas.
A transformação da sociedade em um lugar mais equitativo para as mulheres e para todas as pessoas é uma responsabilidade partilhada entre diversos agentes: empresas privadas, setor público, instituições de ensino, comunidade acadêmica e outros. É fundamental unir esforços, partilhar objetivos em comum e avançar coletivamente na mesma direção. Somos uma unidade, mas ao mesmo tempo somos diversos.
Nosso compromisso não se restringe apenas à causa das mulheres; estamos engajados por nós mesmos, por nossas famílias, por nosso País e pela criação de uma sociedade mais equitativa e justa. Este é um esforço coletivo que transcende as fronteiras individuais.
Dedicamo-nos não somente para beneficiar as mulheres, mas também para contribuir positivamente com nossos entornos familiares, nossa nação e para a construção de uma comunidade onde a justiça e a igualdade prevaleçam.
É um compromisso de todas nós, direcionado a todas nós e para todas nós!