Em nossas visões artísticas de futuro, tivemos Darth, Palpatine, ciborgues matadores e C3PO. Chega 2024 e temos Maduro, Xi, Putin e seus wannabes norte e sul-americanos, acompanhados de ChatGPT, Bard, Copilot e outros robôs que estão vindo por aí. O futuro chegou, mas ainda não o reconhecemos. 
 
E quando chegam novamente as eleições, nos encontramos vivendo uma distopia tropical particular que já nos aflige de véspera. Janeiro se esvai e já estamos tentando prever as maneiras todas em que tentarão nos manipular para dar nosso querido voto a algum ser irreal, ideal em suas intenções e pouco realístico em face das complexidades do país. 
 
As tentativas de tornar as próximas votações em uma prévia de 2026 para polarizar ainda mais o eleitorado, discutindo se vermelhos ou azuis têm alguma razão, só pioram ainda mais o cenário, afundando eventual discussão sobre melhorias nas maiores cidades do país, onde localmente há muito enfrentamos complexidades suficientes. 
 
Como as eleições municipais abundam em candidatos, memes, seres circenses e afins, a alegria dos votantes é completa. Que se façam as risadas, agora acompanhadas de deepfakes, audios falsos, vídeos irreais e toda sorte de ferramentas do chapeleiro maluco, já já em nosso cotidiano. Pra que metaverso, se nosso circo é aqui? 
 
Este nosso pleito será marcado por sua alta dose de digitalização, já que não vemos mais TV e o horário eleitoral pouco importa. Teremos assim uma disputa pela atenção em seu nível mais sádico, tendo que escolher candidatos locais entre os mais de 300 mil que provavelmente serão apresentados ao TSE e tribunais regionais. Se nas eleições ditas majoritárias, para cargos no Executivo, já temos uma ampla dominância de ferramentas digitais na escolha do eleitor, nas vagas para a vereança seremos inundados por memes e chamativos santinhos digitais. Quem não atropelou ator global, afinal, tem que correr atrás. 
 
As eleições de 2024 serão um grande teste de festa democrática com intrusos distópicos tentando alterar resultados usando as ferramentas de comunicação digital que já temos em nossas vidas, em velocidades estonteantes demais para tentarmos garantir algum controle eficaz.
 
A alternativa encontrada por ora foi a relativização da liberdade de expressão, pelos tribunais superiores, ainda que tal opção não conste do rol constitucional aprovado em 1988. Inovação jurisprudencial existente desde o pleito de 2022, ela deverá ser repetida em 2024. Questiona-se até quando, já que começa a se tornar palpável a próxima opção daninha, de simplesmente desligarmos a internet em vésperas de eleição, em efetiva lei seca digital, criada para evitar ataques e manipulações de última hora em disputas mais acirradas. Um botão de soneca digital para todos os brasileiros pensarem no que querem para seu futuro nas urnas. A medida, adorada por nossos atuais aliados em terras de Irã, Turquia e afins, representaria a derrocada final da democracia digital, que diante da impossibilidade de controlar tantas maleficências, simplesmente puxa a tomada. Se isto não lhe parece distópico, que fique claro: é sim.
 
Vamos acompanhar e torcer para que não cheguemos a isto e a democracia brasileira se prove mais uma vez elástica o suficiente, que consiga dobrar mais esta sapucaia. Bem vindos a 2024!

 

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