O percentual do título certamente já aumentou. Estamos falando de uma base que foi extraída em 2023 na pesquisa TIC Domicílios, com corte de indivíduos da Cetic Br. Hoje, 2024, ele é bem maior. Dados da SeniorLab que cruzam os primeiros resultados do Censo 2022 com dados atuais do TSE que atualiza seus números mensalmente com quem mudou de faixa etária e está vivo já projetam não mais 32,1 milhões de pessoas e sim 33,9 milhões de pessoas com 60 anos ou mais em julho de 2024. Ocupo tanto a atenção dos leitores para que entendam de onde vêm os números que vamos consolidar abaixo.

26 milhões já estão digitalizados

É um contingente imenso de pessoas que já se relacionam em maior ou menor grau com o mundo através de canais digitais. Ainda estamos descobrindo como eles fazem uso desta interface. Pense como foram suas experiências com a tecnologia e quanta inovação aconteceu nas últimas décadas. Muitas delas foram criadas e desenvolvidas por essa turma que agora surpreende quem não os decifrou ainda. Não vou tomar seu tempo listando os equipamentos e as tecnologias envolvidas nesta jornada evolutiva, mas garanto que só aconteceu porque a usabilidade foi aperfeiçoada e adequada. Este é o ponto do que estamos vivendo novamente a UI60+ e a UX60+. Nestes conceitos está o sucesso ou não de ferramentas brilhantes e necessárias. A questão é que se não alcançarem uma interface intuitiva ao modelo e referências deles, pode ser um fracasso.

No livro SHOPPER60+ que lançarei em setembro com o professor e pesquisador de neuro marketing Álvaro Flores, tratamos deste ambiente que é mais complexo do que se poderia imaginar. Vou usar um exemplo que parece simples, mas revela o abismo cognitivo entre gerações. Ou, mais precisamente, entre a geração Z (14 a 27 anos) e os Boomers (60 a 78 anos). Para cada grupo os emojis têm significados diferentes. Assim como falamos de emojis podemos usar qualquer símbolo, código, frase ou imagem. A geração Z interpreta os emojis sob o aspecto da conotação, ou seja: o sentido figurado da imagem. Já os 60+ interpretam um emoji pelo sentido literal, ou seja, pela denotação. Uma caveira que para o Z significa morrendo de rir, para o Boomer remete a algo perigoso como veneno ou algo que deve ser evitado.

São os Z que desenvolvem as interfaces    

Por isso, alinhamento de conhecimentos sobre como cada público enxerga e interpreta o mundo é tão importante. Construir estas pontes é uma arte e esse talento o criativo brasileiro tem, o que faltava é informação. A pequena contribuição deste texto é exatamente a de colocar luz sobre este assunto para capacitar e criar interfaces que gerem uma experiência do usuário, seja qual for, incrível.

Para finalizar, fica uma provocação aos nossos engenheiros de dados, cientistas cognitivos, especialistas em linguística e tantos outros mergulhados no desenvolvimento das IAs que não param de surgir. Criem uma IA que traduza linguagem entre as gerações. Uma que explique por que quando um Boomer ou um X usa um “joinha” no Zap ao conversar com um Z pode ser interpretado como rude.