O aplicativo de streaming Disney+ (Android, iOS) foi lançado em novembro de 2019, nos Estados Unidos, com opções para smart TVs, videogames, PCs e dispositivos móveis. Na época, a promessa da Disney era de que o app chegaria a ter 50 séries originais em cinco anos. Ela não só cumpriu, como oferece mais 80 títulos originais de seriados, contabilizando em torno de 15 mil episódios e 500 filmes.

Quatro semanas depois de ter sido lançado no país norte americano, o Disney+ contabilizou 22 milhões de downloads e 9,5 milhões de usuários ativos diários (DAUs, na sigla em inglês) em dispositivos móveis. Além disso, promoveu a ascensão no número de assinaturas globais da Disney, que chegou a crescer 162,5% e ter 63,5 milhões de clientes no quarto trimestre de 2019. Pouco mais de um ano depois, a plataforma chegava aos 100 milhões de assinantes, metade do que era registrado pela Netflix (Android, iOS), e começava sua empreitada na América Latina, com um ano de antecedência.

Improvável herói e vilão

O serviço de streaming foi uma das principais, senão a única, fonte de receita da Disney durante a pandemia de Covid-19, período em que suas lojas e parques temáticos precisaram fechar as portas e os cruzeiros foram impedidos de navegar por aí. Pelo sucesso de 2020, a companhia resolveu apostar alto no streaming. O problema é que as produções foram lançadas em um período que os usuários já tinham acesso à vacina e o cancelamento de assinaturas crescia.

As consequências começaram a repercutir já no primeiro trimestre de 2021. Naquela altura, a plataforma tinha 103,5 milhões de assinantes globais, mas sua receita média por usuário (ARPU) mensal caía para US$ 4. No segundo trimestre de 2023, o número de assinaturas sofreu uma queda de 12 milhões comparado ao primeiro período daquele ano.

Relançamento do Disney+

Desde o lançamento, o streaming soma US$ 11,4 bilhões em perdas operacionais. O prejuízo obrigou a Disney a rever seu foco no streaming. Para reverter o cenário negativo, US$7,5 bilhões foram cortados do orçamento. Já no início de 2022, o streaming anunciou seu plano mais barato com publicidade. Em abril de 2024, Bob Iger, CEO da empresa, anunciou novas estratégias para o app, como a cobrança por compartilhamento de senha. Além disso, passou a apostar em produções nacionais, inclusive no Brasil.

No final de junho deste ano, houve a unificação de Star+ e Disney+ na América Latina, movimento semelhante ao que foi realizado na Índia e no Sudeste Asiático, quando lançou o Disney+Hotstar e conseguiu aumentar a ARPU.

Na reestruturação, nem mesmo as empresas parceiras escaparam. O Mercado Livre (Android, iOS), por exemplo, passou a disponibilizar a versão com anúncios para assinantes Meli. Apesar das instabilidades, o streaming é o terceiro do mercado brasileiro, empatado com o Max. E abriga títulos que marcaram a vida de muitas pessoas, como “Divertida mente”, “Frozen”, “Toy Story”, “Star Wars” e muitos outros. O problema é que não tem memória afetiva e amor que resista a um reajuste de quase R$ 30,00 na mensalidade, que passou de R$ 33,90 para R$ 62,90.