Com o início da indústria do computador, nos anos 1950, diferentes tecnologias digitais surgiram para permitir o acesso múltiplo a redes móveis, o que antes ainda era feito de forma analógica, como em sistemas AMPS. O Acesso Múltiplo por Divisão de Código (CDMA, da sigla em inglês) é um método de acesso a canais de rádio, criado para suceder o padrão americano TDMA, ambas tecnologias que marcaram o início da era digital.
Em 1989, a Qualcomm, capitaneada por seus cofundadores, Irwin Jacobs e Andrew Viterbi, começou a apontar as vantagens de um sobre o outro. A CTIA, associação que representa a indústria de comunicações sem fio e empresas em todo o ecossistema móvel nos EUA, inicialmente recebeu a proposta de tornar padrão o CDMA de maneira branda. Em 1991, a companhia americana conseguiu convencer uma série de empresas de telecom do país a realizarem testes em larga escala utilizando a tecnologia. Após discussões sobre os padrões, o CTIA aceitou o CDMA como padrão para os celulares americanos, em 1993.
Historicamente utilizado em comunicações militares, o CDMA teve como primeiras aplicações comerciais transmissões para satélites de comunicação, como um forma de evitar interferências entre satélites, que estavam se tornando mais comuns, já que a órbita espacial estava ficando muito saturada. Uma das propriedades do CDMA é justamente suprimir interferências, diferentes das tecnologias analógicas, que estavam mais sujeitas a esse tipo de problema.
As primeiras redes comerciais foram lançadas em 1995, proporcionando cerca de dez vezes mais capacidade do que redes analógicas, e até mesmo do TDMA e GSM. Além de suportar mais tráfego, a tecnologia tinha outros benefícios, em relação às antecessoras, como qualidade de voz melhor, cobertura mais abrangente e a segurança. Além disso, as ligações caíam menos, com um handoff mais suave entre sites. Os dispositivos custavam menos e tinham bateria que durava mais, já que o CDMA era mais eficiente, em termos de energia.
Essa técnica de acesso é utilizada em redes 2G e, principalmente, 3G, que marcaram o início da era dos smartphones e da Internet móvel. Na época, ela tinha os requisitos para dar suporte aos novos recursos de serviços de dados e aplicações que a nova conectividade permitia, como e-mail, navegação na web, envio de imagens e GPS. Ela provia mais capacidade de voz e dados que outras tecnologias móveis comerciais, permitindo um maior número de usuários com acesso simultâneo à rede.
Trata-se de uma tecnologia de espalhamento de espectro, isto é, que permite muitos usuários ocuparem as mesmas alocações de tempo e em determinada banda de frequência. Depois de serem digitalizados, os dados são espalhados em toda a faixa disponível usada pela operadora. Múltiplas ligações são sobrepostas no canal, mas a cada uma é associado um código único. O receptor, na outra ponta, usa este mesmo código para decifrar o sinal e transformá-lo novamente em voz ou dados.
Velocidade
O CDMA evoluiu ao longo do tempo e deu origem a várias tecnologias baseadas em CDMA. Duas delas são o CDMA2000 e o EV-DO (Evolution-Data Optimized). O CDMA2000 é uma tecnologia que oferece velocidades de dados mais rápidas em comparação com o CDMA original. Ele permitiu a transição do 2G para o 3G e suportou serviços como chamadas de voz, mensagens de texto e acesso à Internet. Já o EV-DO é uma evolução do CDMA2000 que se concentra em fornecer serviços de dados de alta velocidade, permitindo uma melhor experiência de navegação na web, streaming de vídeo e download de arquivos.
A velocidade alcançada pelo CDMA pode variar dependendo da versão específica do CDMA e da implementação da tecnologia. Nas primeiras versões do CDMA, como o CDMAOne (IS-95), a velocidade de dados era relativamente baixa, geralmente variando de 9.6 kbps a 14.4 kbps. Essas velocidades eram adequadas para serviços de voz e mensagens de texto, o foco principal na época.
No entanto, com a evolução do CDMA para tecnologias como CDMA2000 e EV-DO, as velocidades de dados foram consideravelmente aprimoradas. O CDMA2000, por exemplo, oferecia velocidades de dados teóricas de até 153.6 kbps na sua primeira versão (1xRTT). Já o EV-DO, uma evolução posterior, permitia velocidades de dados mais altas, variando de centenas de kbps a vários Mbps, dependendo da configuração da rede e da disponibilidade de recursos.
É importante ressaltar que o CDMA2000 e o EV-DO foram tecnologias utilizadas principalmente nas redes 3G, e as velocidades mencionadas acima correspondem a essas gerações específicas. Com a adoção de tecnologias mais recentes, como LTE (4G) e 5G, as velocidades de dados continuaram a aumentar significativamente, superando as velocidades oferecidas pelas versões anteriores do CDMA.
Portanto, é importante considerar que as velocidades específicas alcançadas pelo CDMA podem variar de acordo com a implementação da tecnologia e a geração da rede em que está sendo utilizada.
Legado do CDMA
Embora muitas redes móveis tenham migrado para tecnologias diferentes, como LTE e 5G, o CDMA deixou um legado significativo na indústria das telecomunicações. Várias operadoras em todo o mundo ainda têm infraestruturas de rede CDMA operacionais, especialmente em regiões onde a migração para tecnologias mais recentes não é economicamente viável. Além disso, o conhecimento e a experiência adquiridos com o CDMA continuam a influenciar e aprimorar as tecnologias atuais e futuras de comunicação sem fio.
Embora o CDMA tenha sido amplamente utilizado em tecnologias de comunicação móvel anteriores, como 2G (CDMAOne) e 3G (CDMA2000 e EV-DO), ele não é comumente usado na implementação do 4G (LTE) e das redes 4G em geral.
No entanto, é importante notar que, em alguns casos, operadoras podem ter usado CDMA2000 em paralelo com o LTE em transições de rede ou em áreas com cobertura insuficiente de LTE. Isso ocorre porque algumas operadoras optaram por manter suas infraestruturas CDMA existentes enquanto implementavam gradualmente o LTE.