Atualmente, a qualidade da câmera de um smartphone é um dos pontos mais relevantes para muitos consumidores ao escolher um. Em pouco mais de 20 anos, assim como os celulares, a tecnologia fotográfica nesses aparelhos móveis deu um salto, a ponto de até gerar fotos premiadas no World Press Photo, um dos maiores concursos de fotojornalismo do mundo. Se hoje é possível ter imagens de alta qualidade é porque, dos anos 1990 em diante, marcas asiáticas apostaram na integração entre aparelho móvel e câmera.

Há uma longa discussão sobre qual teria sido o primeiro celular com câmera. De acordo com o Mobile Phone Museum, o pioneiro foi o J-SH04, da marca japonesa Sharp, anunciado em novembro de 2000. Sua câmera ficava na parte traseira, tinha flash e ainda possuía um pequeno espelho, para que a pessoa tivesse uma noção do que estava capturando, e um sensor de imagem, chamado de CMOS. Com resolução de 0,1 megapixel, o aparelho possibilitava o envio de fotos a outras pessoas. A partir de então, não levou muito tempo para essa combinação – de dispositivo móvel com câmera -– se espalhar pelo mundo. 

Se o nascimento e a expansão começaram na Ásia, no Ocidente quem embarcou primeiro na era dos celulares com câmera foram os Estados Unidos. No ano de 2002, a Sprint lançou o Sanyo CP-5300. Com 0,3 megapixel, contava com flash, balanço de branco, temporizador, zoom digital e alguns filtros que alteravam a cor da imagem.

Dois anos mais tarde, a marca lançou o PM8920, o primeiro telefone celular com 1,3 MP dos EUA. A qualidade de imagem até viabilizava a impressão dos registros fotográficos. O aparelho tinha um botão específico para ativar a câmera e, como diferencial, possuía disparo múltiplo, que capturava até oito fotos consecutivas. Até a metade dos anos 2000, este período é definido como a primeira geração das câmeras fotográficas em dispositivos móveis. 

Evoluções que revolucionaram

Em 2004, segundo a Canalys (empresa que faz análises de mercado), metade dos celulares vendidos nos primeiros nove meses daquele ano já possuíam câmera. No terceiro trimestre, o percentual passava dos 65% e a Nokia era a marca líder. É aqui o início da segunda geração de celulares com câmera, com maior resolução e capacidade de foco automático.

A empresa europeia, inclusive, foi pioneira ao integrar a tecnologia com design inovador. Um exemplo disso é o modelo N90, que foi lançado em 2005. Ele contava com uma câmera de 2 MP, graças à lente da Zeiss, marca referência em soluções ópticas. Além disso, o celular tinha foco automático e flash em LED. Só que o que chamava a atenção era a rotação da tela, a qual o tornava parecido com uma câmera de filmagem.

Nokia N90

Nokia N90. Foto: Douglas Porter/Flickr

A Sony Ericsson não ficava atrás e protagonizava uma boa disputa com a Nokia. Em 2006, o Sony Ericsson K800i chegou ao mercado com sua câmera de 3,2 MP, foco automático, estabilização de imagem e flash xênon. Para equilibrar o jogo, o N73 foi lançado pela Nokia, no ano seguinte.

O segmento foi evoluindo e, em pouco tempo, a reoslução saltou para 5 MP. A Samsung foi a responsável pelo feito, com o Galaxy S. Só que a popularização dessa resolução ficou por conta da marca finlandesa, com o N95.

No ano de 2008, a marca sul-coreana foi novamente pioneira. Naquele ano, disponibilizou o Samsung i8510, que ficou conhecido como INNOV8. O dispositivo móvel foi o primeiro a contar com uma câmera de 8 MP. Enquanto Samsung e Nokia ainda persistiam com os teclados, a LG foi a primeira a ter uma câmera à base de comandos touchscreen, ao lançar o LG Renoir.

Nos dois anos seguintes, os saltos de resolução passaram a ter uma diferença de 4 MP. A marca sul-coreana, em 2009, chegou com 12 MP, ao desenvolver o M8910. Só que em 2010, Nokia e Sony Ericsson criaram aparelhos com capacidade de 16 MP, o N8 e o S006, respectivamente. Aqui chegava a terceira geração. 

LG Renoir

LG Renoir KC910. Foto: edgy.com.br/Flickr

iPhone: um divisor de câmeras

A chegada da Apple ao mercado de celulares mudou o panorama e trouxe tendências, como o touchscreen e o design mais fino, além de revolucionar a qualidade das câmeras, especialmente a partir do iPhone 7 Plus, lançado em 2016, que possuía um sistema de câmera dupla capaz de se alternar para gerar uma qualidade de imagem melhor, conforme o ambiente. Há quem também aponte que o iPhone 4 (2010) foi aquele que abriu novas possibilidades, já que sua câmera tinha a capacidade de capturar imagens em HD.

No entanto, o conceito de duas câmeras começou com HTC e LG, que apostaram em uma resolução de 5 MP, com capacidade de gerar imagens em 3D. Em 2013, a disputa pela melhor tecnologia voltou a ficar acirrada. Foram lançados o Xperia X (Sony), com 13 MP, e o Samsung S4, de 16 MP e zoom óptico. Só que as duas marcas ficaram para trás com a chegada do Nokia Lumia 1020. O celular tinha uma câmera com capacidade de 41 MP.

Nokia Lumina 1020

Nokia Lumina 1020. Foto: Andy H. Cheng/Wikimedia Commons

Três anos depois, a quarta geração passou a oferecer recursos mais avançados, como estabilidade na captura e sensores maiores. É aí que as câmeras de lente dupla começam a ganhar protagonismo. As melhorias impactaram na nitidez das imagens, mesmo em cenários de pouca luz. Além do iPhone 7, um outro importante exemplo foi o Galaxy S7. O aparelho não era tão potente em termos de resolução, apenas 12 MP, mas o foco automático de pixel duplo e a estabilização ótica o colocavam à frente.

A quinta e atual geração

Hoje, o mercado tem amplas opções e cada vez mais sofisticação. São lentes múltiplas, auxílio de IA para melhor captura, além de um bom processador de imagens. No ano de 2020, iPhone 12 e Galaxy S21 trouxeram novidades. O primeiro com sensores de 12 MP em suas três lentes, e as funções Modo Noturno e Deep Fusion com machine learning. Já o segundo tinha quatro câmeras, com resolução de 108 MP e captação de vídeo em 8K. 

A Apple mantém sua maestria na tecnologia de suas câmeras, enquanto a Samsung é uma das poucas marcas a oferecer qualidade semelhante. No entanto, a Xiaomi, vem ganhando mercado pelo seu custo-benefício e a ousada parceria com a Leica. Em 2024, entre os principais destaques estão o iPhone 15 Pro Max, com três câmeras, resolução máxima de 48 MP, uma teleobjetiva de 120 mm com zoom ótico de até cinco vezes e uma terceira é uma grande-angular para fotos macro com 12 MP. Tanto sua versão Pro quanto a Pro Max gravam vídeos em 3D, chamados pela Apple de “spatial videos”, para serem reproduzidos com seu headset de realidade virtual, o Apple Vision.

O Xiaomi 14 Ultra vai além, com os seus 50 MP, inclusive no sensor ultrawide e na câmera periscópio, além de diferentes aberturas do obturador. Já o top de linha da Samsung, o Galaxy S24 Ultra, tem cinco câmeras. A lente principal tem resolução de 200 MP, com abertura f/7 e zoom 2x. Enquanto a ultrawide tem 12 MP e a teleobjetiva, 10 MP, com zoom óptico de 3. Por fim, sua teleobjetiva é de 50 MP e 5x de zoom óptico. 

Samsung S24 Ultra

Samsung S24 Ultra. Foto: Hideo Papercraft/Flickr