O Museu Móvel dessa semana não deu tempo de virar fóssil ainda, mas já teve o seu fim anunciado. O Skype, um dos aplicativos de chamada mais famosos da internet, tem data marcada para seu encerramento. A Microsoft anunciou que descontinuará o serviço em 5 de maio de 2025, dando fim e extinguindo assim a plataforma de videoconferência.
O surgimento da plataforma
O Skype foi criado em 2003 pelos empreendedores Niklas Zennström, da Suécia, e Janus Friis, da Dinamarca, com o software do programa tendo sido desenvolvido pelos estonianos Ahti Heinla, Priit Kasesalu, Jaan Tallinn e Toivo Annus. A ideia era reduzir o custo das chamadas de voz usando um protocolo P2P (peer to peer).
O nome, aliás, vem justamente dessa ideia. Ele é derivado de Sky peer-to-peer, posteriormente abreviado somente para Skyper. O problema era que esse nome já tinha alguns domínios registrados, com os criadores então retirando a letra R do final.
Ele surgiu como um dos primeiros serviços de chamadas VoIP (voz sobre IP) acessíveis ao grande público e tinha como diferencial na época a possibilidade de fazer chamadas gratuitas entre usuários e chamadas internacionais a preços reduzidos. Isso foi de encontro com os altos custos das operadoras tradicionais, principalmente na questão de ligações internacionais (quem era um pouco mais velho lembra como as chamadas interurbanas eram um dos grandes vilões das contas telefônicas).
O programa acabou ganhando rapidamente popularidade e, em poucos anos, passou a ser amplamente adotado tanto por usuários comuns quanto por empresas.
Cerca de dois anos depois, em setembro de 2005, a plataforma foi comprada pelo eBay por aproximadamente US$ 2,5 bilhões. Já em 2009, a Silver Lake, Andreessen Horowitz e o Canada Pension Plan Investment Board desembolsaram cerca de US$ 1,9 bilhão para adquirir 65% do Skype.
A compra pela Microsoft
O sucesso do Skype já estava atraindo a atenção de grandes empresas, mas foi em 2011 que isso chegou ao auge, quando a Microsoft adquiriu a plataforma pela bagatela de US$ 8,5 bilhões. Na época foi a maior operação de aquisição que a Microsoft já havia realizado.
A compra fazia parte de uma estratégia da empresa que pretendia integrar o serviço ao Windows, Xbox e ao pacote Office, em uma tentativa de competir com o crescimento do iPhone. Para focar os esforços na nova plataforma adquirida, a Microsoft encerrou pouco mais de dois anos depois o funcionamento do Microsoft Live Messenger, o popular MSN.
Em 2015, o Lync, plataforma de comunicação empresarial unificada desenvolvida pela Microsoft lançada em 2010, foi substituído pelo Skype for Business. Ele integrava funcionalidades do Skype com outras do mundo corporativo, como reuniões online, integração com o Microsoft Office e a compatibilidade com dispositivos de telefone e videoconferência.
Durante anos, o Skype conseguiu estabelecer uma base de usuários, sendo utilizado para reuniões, entrevistas, chamadas pessoais etc. Em 2016, chegou a ter cerca de 300 milhões de usuários ativos por mês, e no seu auge atingiu o número de 70 milhões de pessoas conectadas ao mesmo tempo, em 2013.
O avanço da concorrência e o fim do Skype
A Microsoft tentou reformular o Skype várias vezes, com a plataforma passando por dificuldades técnicas e perdendo sua identidade por conta das mudanças sucessivas em sua interface. Ao mesmo tempo, a Microsoft lançou um programa concorrente do próprio Skype, em 2017, o Microsoft Teams. Na época ele era uma plataforma voltada à comunicação corporativa que oferecia não apenas chamadas de vídeo, mas também ferramentas de colaboração para empresas.
Com o passar do tempo, o próprio modelo do Skype começou a se tornar ultrapassado, com sua interface cada vez mais envelhecida e pouco prática. Enquanto concorrentes ofereciam interfaces mais simples e integração com dispositivos móveis, o Skype acumulava reclamações sobre seu desempenho e sua experiência de uso, que se tornou menos intuitiva ao longo das atualizações.
Novas plataformas de comunicação começaram a surgir, apresentando outras soluções e funcionalidades mais simples. Aplicativos como WhatsApp, FaceTime e Google Meet, por exemplo, começaram a disputar o mesmo espaço do Skype. Mas o choque veio mesmo com o Zoom, que explodiu em popularidade durante a pandemia de Covid-19.
Com o crescimento do Teams, a Microsoft passou a focar cada vez mais no novo serviço, deixando o Skype em segundo plano. Como resultado, o Skype teve um impacto no número de usuários, que diminuiu de 300 milhões para pouco mais de 36 milhões de pessoas em 2023.
O fim, então, já estava anunciado e era questão de tempo. No dia 28 de fevereiro de 2025, a Microsoft anunciou a decisão de encerrar de vez o Skype. Todos os esforços seriam redirecionados agora 100% para o Microsoft Teams, com os usuários que ainda utilizam o serviço sendo todos redirecionados automaticamente para o Teams, mantendo seus contatos e históricos de conversas.