Em dezembro de 2016, a ideia de ter um sistema de transferência monetária instantânea e de pagamento eletrônico instantâneo no Brasil passou a ganhar forma. A equipe de técnicos do Banco Central (BC) – que, na época, tinha o economista Ilan Goldfajn como presidente – publicou um relatório com detalhes do projeto, mostrando a eficiência dos sistemas de pagamentos instantâneos em outros países.
A ferramenta era inspirada no Zelle, uma plataforma de pagamentos de “pessoa para pessoa”, anunciada pouco antes nos Estados Unidos pela fintech Early Warning Services. Naquele mesmo ano, foi publicado um relatório no âmbito do Banco de Compensações Internacionais sobre os benefícios e as possibilidades de sistemas de pagamentos instantâneos, com detalhes do projeto, pela equipe de servidores do Banco Central.
As discussões se estenderam em 2017, através de pesquisas e estudos em parceria com agentes do mercado financeiro e integrantes de outros bancos centrais. Depois dos estudos para compreender o que era possível fazer, os técnicos do BC concluíram que implantar esse novo sistema de pagamentos instantâneos iria “aumentar a competição, eficiência, segurança e inclusão no sistema de pagamentos brasileiro”. Assim, a proposta foi avaliada pela diretoria colegiada do BC e aprovada por Goldfajn.
No primeiro semestre do ano seguinte, em maio de 2018, a instituição criou o grupo de trabalho denominado “Pagamentos Instantâneos”, com o objetivo de determinar as especificações básicas do sistema. Em dezembro – ainda durante a gestão de Goldfajn, que deixaria a presidência do Banco Central em fevereiro de 2019 –, o BC publicou um relatório que estabelecia diversos requisitos, considerados fundamentais, para uma eventual implementação do novo sistema de pagamentos. No relatório, o então diretor de política monetária, Reinaldo Le Grazie, descrevia o sistema como um método de transação bancária “eficiente, competitivo, seguro e inclusivo”.
Em fevereiro de 2020, a marca que hoje é conhecida como Pix foi lançada pelo BACEN. Inicialmente, no comunicado nº 34.836 do BCB, o sistema estava previsto de ser disponibilizado para a população a partir de novembro de 2020 por meio de bancos, fintechs e serviços de comércio eletrônico. No entanto, um mês antes, o sistema foi lançado oficialmente e disponibilizado pelos primeiros bancos para fins de testes. O sistema de pagamento começou a funcionar plenamente, para todos os usuários em 16 de novembro de 2020.
De acordo com o Banco Central, o objetivo da criação do Pix foi aumentar a competição no mercado financeiro e a digitalização das transações financeiras no Brasil, reduzir o uso de dinheiro em espécie e substituir o uso de DOCs e TEDs, por ser um sistema gratuito e estar disponível a qualquer hora, sete dias por semana.
Cem dias após a adoção, foi realizado um levantamento pela FGVcemif & Toluna, que revelou que mais de 70% dos que conheciam o novo sistema de pagamento cadastraram ao menos uma chave de acesso. Ainda de acordo com a pesquisa, o fato de o Pix ser gratuito ainda não era o maior motivador para o uso, mas que o principal interesse estava relacionado à facilidade e rapidez do sistema de pagamento.
Além disso, depois de dois anos de funcionamento, o Pix foi consolidado como o meio de pagamento mais usado pelos brasileiros, informou a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Em 2022, o Pix encerrou o ano com mais de 24 bilhões de transações, média de 66 milhões de operações diárias. Assim, o Pix superou cartão de débito, boleto, TED, DOC e cheques no Brasil, que juntos somaram 20,9 bilhões naquele ano.
A ferramenta já conta com inúmeras atualizações, e serve de fonte de inspiração para uma série de novos produtos, como o PixFace, pagamento instantâneo com biometria facial; QR Code do Pix no boleto; Pix via WhatsApp, do Banco do Brasil e do Bradesco, dentre outros.