Em tempos de 5G, videochamadas e mensagens instantâneas, é fácil esquecer que, não muito tempo atrás, ligar para outro estado exigia planejamento, paciência e – dependendo da época – uma dose de coragem para encarar a conta telefônica no fim do mês. Por trás dessas ligações, havia uma das empresas mais tradicionais da infraestrutura de telecomunicações brasileira: a Embratel.

Origem da Embratel

A Empresa Brasileira de Telecomunicações S.A., mais conhecida como Embratel, foi criada em 1965 como uma subsidiária pública de controle estatal. Seu principal  objetivo era integrar o Brasil por meio das comunicações de longa distância. Em um país de dimensões continentais, onde fazer uma ligação de Belém para São Paulo podia ser tão complicado quanto ligar para outro país, a missão era um grande desafio.

Cerca de quatro anos depois, em 1969, foi inaugurado o famoso DDD, ou discagem direta a distância, permitindo realizar ligações diretas entre um estado e outro. Antes disso, para se conversar com alguém de outro estado, ou até mesmo outra cidade, por exemplo, era necessário uma telefonista para intermediar a chamada.

Em 1972 foi então criada a Telebrás, empresa estatal brasileira ligada ao Ministério das Comunicações, que seria responsável pelo controle das operações da Embratel. A empresa era responsável pelas ligações nacionais e internacionais, operações de satélites, e, com o passar dos anos, investiu também na construção de estações terrenas de satélite, cabos submarinos e torres de retransmissão que costuram todo o território nacional.

Provavelmente se você é nascido dos anos 2000 para frente, nunca ouviu falar da expressão “ligação interurbana”, mas nos anos 1980 e 1990, fazer um DDD era parte do cotidiano. A Embratel foi uma das grandes responsáveis por isso, com o slogan “Faz um 21″, se tornando uma espécie de expressão cultural para chamadas entre outros estados.

Em 1994, com o crescimento e expansão da web, a Embratel também foi um dos primeiros provedores de acesso à internet no país. O Serviço Internet Comercial no Brasil foi lançado inicialmente de forma experimental, com cerca de 5 mil usuários e passou a ser oferecido de forma oficial em 1995.

As privatizações e o começo do fim

Em julho de 1998, a Telebras foi privatizada, com a Embratel sendo vendida para a empresa norte-americana MCI WorldCom por R$ 2,65 bilhões. Em 2002, a WorldCom decretou falência, e, em 2004, a Embratel foi adquirida pela empresa mexicana Telmex.

A Telmex era uma empresa do grupo América Móvil, também dona da operadora Claro. Assim, aos poucos, a Embratel foi sendo incorporada pela operadora, com um dos prenúncios do inevitável fim acontecendo em 2015.

A América Móvil decidiu unificar suas operações no Brasil sob a bandeira da Claro, incluindo os serviços da própria Claro, da Net e da Embratel. A ideia era fortalecer a identidade da empresa no país, integrando serviços de telefonia móvel, fixa, internet e TV por assinatura em uma só marca. 

Com isso, a Embratel deixou de atuar diretamente no varejo, e sua presença passou a ser concentrada exclusivamente em soluções corporativas e de infraestrutura, como redes privadas, serviços de nuvem e operações via satélite.

Assim, no dia 2 de abril de 2025, cerca de 59 anos depois da sua criação, a marca Embratel foi finalmente encerrada. Agora, os serviços corporativos fornecidos pela antiga marca passaram a ser da Claro Empresas, encerrando o ciclo de uma das principais redes de telecomunicações do país. 

 

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