Criada em junho de 2000 no Brasil, a comunidade blah! foi considerada uma das primeiras redes sociais móveis do mundo, sendo uma subsidiária de serviços de valor agregado (SVA) para telefonia móvel da TIM. De maneira inicial, foi disponibilizada somente para a operadora.
Foi no primeiro semestre de 2003 que outras empresas passaram a ter acesso, assinando seu primeiro contrato internacional para a oferta de seu chat via SMS com a operadora Verizon Wireless. No Brasil, a BCP – atual Claro – também firmou contrato.
Nesse momento, a companhia contava com mais de 2 milhões de usuários cadastrados em seu chat no Brasil e em alguns países da América Latina e tinha o objetivo de dobrar o número até o final daquele ano. Em setembro de 2003, o aplicativo começou a prestar serviços para a operadora asiática a Smart Communications, das Filipinas.
Como era uma dificuldade criar comunidades virtuais que pudessem falar outras línguas além de português, inglês e espanhol, outros países ainda não estavam sendo considerados, principalmente nos continentes europeu e asiático. As Filipinas foram o primeiro país com grande número de usuários que falam o inglês fora dos Estados Unidos com o qual a empresa fechou contrato.
Blah! e a separação da TIM Brasil
Em dezembro, as operadoras TIM – TIM Sul, TIM Nordeste, Maxitel (MG, BA e SE) e a própria TIM do Brasil – anunciaram a venda de suas respectivas participações para a TIM International NV, empresa da Telecom Italia. Cada uma tinha uma participação acionária no provedor de serviços adicionados blah! de 20%, no valor de R$ 19,5 milhões. O restante já pertencia à TIM International.
O motivo da transição era centralizar o foco da TIM do Brasil no overlay e expansão de sua rede móvel 2G no Brasil, além de gerar ao provedor e à operadora maior autonomia e flexibilidade em contratos que viriam a acontecer.
O OTT fechou 2003 com 3,5 milhões de usuários, sendo 70% deles no Brasil, e com 3 bilhões de SMS trafegados em seu servidor. O total somava tanto as mensagens enviadas, quanto aquelas recebidas. No início de 2004, do total de usuários únicos, entre 10% a 15% eram ativos. Isso significava que as pessoas usavam o serviço pelo menos uma vez por dia. Entre eles, a média de mensagens de texto enviadas por dia e por pessoa girava em torno de 12. Após assinar um novo contrato com mais uma operadora do continente asiático, a DiGi, da Malásia, a companhia tinha também o objetivo de alcançar o mercado europeu, principalmente em Portugal e Espanha.
Retorno
No entanto, depois de aproximadamente três meses, em junho de 2004, o presidente Federico Pisani saiu do cargo e a blah! passou a redirecionar sua atenção exclusivamente para a TIM novamente. Foi interrompida, por sua vez, a expansão mundial que vinha sendo comandada pelo ex-presidente e que levou a empresa a firmar contratos com 19 operadoras de 11 países.
Funcionalidades
Em relação aos produtos, os usuários tinham acesso a personalização, lazer, canais e conexão. Personalização contava com papéis de parede e ringtones para o celular. Em lazer, havia uma seleção de jogos; no caso dos canais, o espaço era voltado para conteúdos de notícias, esportes e horóscopo. Por fim, a conexão: um chat anônimo onde os jovens podiam conversar com os outros utilizando um apelido e a partir de um perfil cadastrado.
A comunidade era também uma plataforma de produtos integrada. Por exemplo, um usuário que tivesse escrito em seu perfil do chat que era torcedor de um determinado time, e esse time ganhasse um jogo, ele poderia ganhar um convite para baixar o ringtone do hino do clube ou assinar o canal de notícias do time.
Renovação da marca
Após dez anos de atividade, o app foi extinto, mas a TIM lançou no mesmo ano um aplicativo OTT com o mesmo nome. Funcionava como uma plataforma de mensagens instantâneas, mas também um centralizador de várias formas de comunicação móvel do usuário.
Entre elas, continha: agenda de contatos; agregador de troca de mensagens de texto (SMS) e de mensagens instantâneas pelo blah em um único ponto; discador para chamadas telefônicas; e ligações VoIP para uma pessoa ou grupo; videochamadas; e troca de arquivos digitais armazenados no dispositivo.
O serviço pretendia concorrer com apps como WhatsApp, WeChat, entre outros da época. Posteriormente, seu nome foi alterado e passou a ser TIM Beta.
O legado
Lá na virada do milênio, a ideia inicial era construir uma experiência completamente centrada no celular. E todo o sucesso alcançado, assim como a alta adesão dos jovens no blah!, foram pontos importantes para a propagação do uso do SMS e mensagem de texto pelos brasileiros.