Anunciado em 2015, o jogo Pokémon Go (Android e iOS) é o primeiro da Nintendo especialmente criado para dispositivos móveis. Desenvolvido pela Niantic, a aplicação ainda foi uma das pioneiras a utilizar a realidade aumentada e a geolocalização para incentivar seus usuários a se movimentarem, enquanto capturam os monstrinhos da franquia. O jogo foi lançado em 2016 e até hoje cativa uma legião de fãs, desde aqueles que jogaram em Game Boys àqueles que cresceram assistindo ao desenho na TV.
Inicialmente, ele oferecia um catálogo de pouco mais de cem pokémons e ainda contava com uma pulseira, que ao ser pareada via bluetooth com o celular alertava sobre as tarefas a serem completadas. Mais tarde, a mesma função chegaria ao Apple Watch.
Lançamento subestimado
No dia 6 de julho de 2016, Nova Zelândia, Austrália e Estados Unidos foram os primeiros países a terem acesso ao app nas lojas de aplicativo, para os sistemas Android e iOS. Este talvez tenha sido um dos erros de estratégia da Nintendo, já que com a restrição para o resto do mundo não demorou muito para um APK ser desenvolvido e até para hackers criarem um malware com a mesma aparência do jogo. Apesar disso, cerca de 13 horas após chegar ao país americano, o game era o mais baixado da App Store e o que gerava maior receita, o que prevaleceu pelos 74 dias seguintes.
Na Play Store, o aplicativo chegou à liderança de downloads quatro dias após o seu lançamento, e ficou na segunda posição em termos de receita. No dia 11 de julho, já era considerado o mobile game de maior sucesso da história. Em 20 dias, as lojas de aplicativos dos sistemas somavam 75 milhões de downloads. O sucesso também repercutia no tempo jogado, que apresentava uma média de 43 minutos por sessão. Pelo menos para aqueles que conseguiam jogar. Nintendo e Niantic de certo não tinham expectativas tão grandes para a aplicação. Era tanta gente tentando usá-la, que na primeira tela do jogo havia o alerta de que os servidores passavam por problemas.
Chegada a terras brasileiras
Em meio à expectativa para que o Pokémon Go chegasse ao Brasil, uma série de aplicativos se aproveitaram da situação para lançar soluções, como guias de uso e chats para fãs. Em agosto de 2016, pouco menos de um mês após seu lançamento, o game foi disponibilizado no Brasil, assim como em toda a América Latina.
Em meio ao sucesso por aqui, mais de 300 ameaças relacionadas ao aplicativo foram identificadas pela PSafe nos primeiros 15 dias. A empresa chegou a impedir 120 mil ataques a usuários do seu antivírus para Android. Fora das telas, a ferramenta virou alvo de preocupação de autoridades e empresas de serviços públicos, que passaram a alertar para o uso do jogo em lugares inadequados. O Metrô de São Paulo foi um dos pioneiros. Outra questão foi a troca de baterias, que cresceu especialmente em aparelhos com mais de um ano de uso.
Problemas à parte, os brasileiros que se tornaram treinadores (nome dado ao usuário do Pokémon Go) levaram a sério a missão. Uma pesquisa realizada em outubro de 2016 revelou que 31% dos usuários já tinham comprado algo no game e a maioria (60%) usava o caminho de casa ao trabalho ou à escola para caçar Pokémon.
Problemas técnicos e outros nem tanto
Como qualquer aplicativo, o Pokémon Go passou por atualizações e enfrentou alguns problemas nessa empreitada. A primeira intervenção da marca aconteceu cerca de seis dias após a chegada da ferramenta ao mercado. O intuito era corrigir o pedido de acesso completo às contas do Google e a instabilidade de algumas funções. Como muita gente também reclamou de assaltos enquanto caçava pokemons nas ruas brasileiras, o jogo passou a exibir uma mensagem de atenção. “Lembre-se de estar alerta o tempo todo. Preste atenção ao seu entorno”, avisava.
Se da parte virtual houve e ainda há o esforço para aprimorar a experiência do usuário, fora dela houve episódios, no mínimo, inapropriados. Em 2016, o Memorial do Holocausto, dos Estados Unidos, precisou emitir comunicado pedindo para que usuários não jogassem ali. Na Bósnia, jogadores caçaram pokémons em terrenos com minas terrestres. Concomitantemente, não faltaram relatos de pessoas machucando os joelhos, chocando-se contra portas ou árvores, tropeçando ou caindo, por ficarem totalmente atentas à caçada na tela.
Enquanto uns andavam por aí sem atenção, tinham aqueles que jogavam enquanto dirigiam. Por isso, a Niantic fez nova atualização, na qual alertava o treinador sobre não combinar o game com direção. Outras mudanças foram no layout e na performance da aplicação, como novos layouts e melhoria do arremesso em curva da pokébola.
Pokémon Go de 2024 e legado
Embora o jogo tenha chegado ao mercado com novidades, a sua rápida ascensão foi ancorada pelo crédito que a franquia já tinha desde os tempos em que era apenas um jogo de Game Boy. Ainda assim, o produto chegou com qualidade, especialmente pelo know-how que a Niantic possuía de realidade virtual.
Em sua atualização mais recente, a empresa focou em mudanças de acordo com a geolocalização do usuário. Os cenários de batalha e encontros mudam conforme o lugar onde o treinador está. Avatares e a Boutique têm mais opções de personalização. Já a fotografia Pokémon permite incluir até três monstrinhos na imagem. Além disso, a aplicação tem novas extensões, como o Pokémon Go Plus+, um dispositivo que deve facilitar a captura de pokémons e monitora a qualidade de sono do usuário, com direito ao Pikachu cantando músicas de ninar. Hoje, a o game tem mais de 1 bilhão de downloads
Ao analisar esses mais de oito anos do game, é interessante ver como ele se relaciona com qualidade de vida. Basicamente, ele é um rompimento da ideia de que um jogo para celular só pode ser utilizado parado, sem contar que tira o usuário da zona de conforto de casa e o coloca para desbravar o mundo da porta para fora. Isso também é uma forma de conhecer novos lugares e pessoas. Inclusive, não é difícil encontrar relatos de treinadores que fizeram novos amigos e até conheceram os cônjuges nessas caçadas.