Se você for um pouco mais jovem, provavelmente não vai se lembrar nem saber exatamente o que era, mas se você navegou pela internet nos anos 2000, é quase impossível que não tenha se deparado com o famigerado Adobe Flash Player.
Durante mais de duas décadas, essa tecnologia foi a base de grande parte dos conteúdos interativos e de vídeos da web, permitindo a execução de jogos online, animações e outros elementos multimídia nos sites da internet. No museu móvel de hoje, vamos fazer um flashback (rsrs) sobre um dos plugins mais famosos da web.
O nascimento do plugin
O Flash surgiu em meados de 1996, baseado em cima de um programa para a criação de animações com vetores chamado SmartSketch. O programa foi então desenvolvido pela empresa FutureWave, com o Flash sendo então conhecido como FutureSplash Animator. A empresa então foi posteriormente adquirida pela Macromedia, sendo batizado na época de Macromedia Flash Player.
Ao longo dos anos, sua capacidade e eficiência para criar animações e outros elementos interativos chamou a atenção da indústria, levando à sua aquisição pela Adobe em 2005, se tornando, enfim, o Adobe Flash Player. A ferramenta então se tornou o principal recurso para vídeos, jogos e animações na internet em geral, com plataformas como o Newgrounds, Miniclip e o Youtube, tendo sido impulsionadas pela utilização do Flash. Em sua versão inicial, o player de vídeo rodava com Flash antes de migrar para tecnologias mais avançadas.
A onipresença e insegurança do Flash
Se você foi um frequentador da internet na primeira década dos anos 2000, ou até mesmo em parte da década de 2010, provavelmente você já se deparou com problemas para acessar um determinado site por conta da necessidade de atualizar o Flash Player. Ele podia ser visto tanto em banners animados da publicidade online ou nos joguinhos que consumiam horas de quem navegava online.
A ferramenta era utilizada por desenvolvedores de todo o tipo, que tinham na ferramenta um meio acessível para criar e compartilhar seus trabalhos. Assim, o plugin acabou se tornando quase que onipresente e obrigatório na web, sendo encontrado em praticamente quase qualquer site.
Um dos maiores problemas do plugin, entretanto, era a sua segurança. Paradoxalmente, sem ele, grande parte dos sites não funcionavam direito, mas devido à sua estrutura, o Flash frequentemente se tornava alvo de hackers e cibercriminosos. Eles exploravam as vulnerabilidades da ferramenta para disseminar malwares e realizar ataques.
A Adobe tentava constantemente lançar atualizações para corrigir falhas, mas o problema nunca foi totalmente resolvido. Os problemas cresceram de tal forma, que os primeiros dispositivos da Apple, (o iPhone, iPod e iPad), não vinham com recursos para suportar o Flash.
Tanto que, em 2010, e uma carta aberta ao público, Steve Jobs publicou online um texto chamado Thoughts on Flash (algo como Pensamentos sobre o Flash). Nela, o executivo teceu duras críticas ao plugin, explicando por que eles não eram suportados nos dispositivos da Apple.
De acordo com Jobs, o plugin já estava obsoleto para as tecnologias da época, tendo sido criado ainda em um mundo que utilizava basicamente PCs e o mouse (incompatíveis com o surgimento das telas em touch). A carta do cofundador da Apple foi basicamente um prenúncio do fim da ferramenta, mesmo que ela ainda tenha demorado 10 anos para ser finalmente descontinuada.
O fim do Flash
Com a popularização dos smartphones e a necessidade de uma web mais leve e acessível, somado aos problemas de segurança, o Flash começou a ser trocado por outras alternativas, como o HTML5 que começou a ganhar espaço.
Outras tecnologias também passaram a oferecer recursos interativos sem a necessidade de plugins externos, o que eliminou barreiras de compatibilidade e melhorou a experiência do usuário. Aos poucos, grandes navegadores como Chrome, Firefox e Edge começaram a bloquear o plugin por padrão, até que a própria Adobe anunciou seu encerramento definitivo.
Assim, no dia 31 de dezembro de 2020, a Adobe desativou oficialmente o Flash Player, e em janeiro de 2021, as versões mais recentes dos navegadores removeram qualquer suporte à tecnologia. Hoje, grande parte dos sites e afins passaram a adotar o HTML5 como ferramenta para as suas páginas.