Antes de falar do Fitbit Ultra, o primeiro wearable da história, é necessário falar do conceito utilizado para defini-lo como tal. O wearable, em tradução livre, é chamado de tecnologia vestível. Dentro do aspecto editorial do Mobile Time, era fundamental que o nosso achado fosse também conectado à Internet, de forma direta ou indireta (através de um smartphone, via bluetooth, por exemplo). Por isso, alguns antecessores, inclusive da própria marca Fitbit, foram descartados. A versão anterior estabelecia conexão apenas com computador por pareamento por meio de um código. Agora sim, voltaremos a 2011, ano em que o rastreador foi lançado durante o mês de outubro.

Pequeno, o Fitbit Ultra podia ser levado no bolso ou preso a alguma parte da roupa, pois a sua anatomia era – guardadas as devidas proporções – semelhante à de um prendedor. Suas medidas eram 5,5 cm x 1,9 cm x 1,4 cm e pesava pouco mais de 11 gramas. Ele foi a segunda geração do dispositivo e contava com outros três itens dentro de sua caixa. Além do próprio rastreador, possuía uma base com conector USB para recarregar a bateria e sincronizá-lo ao site (que apresentava os dados coletados e inseridos pelo usuário), uma munhequeira de tecido e um suporte para cinto.

FitBit

O Fitbit foi desenhado para mulheres, por isso o tamanho. Foto: Denis Kortunov – Flickr

Inicialmente disponibilizado no mercado estadunidense e canadense, o seu valor na época foi de US$ 99.

Bichinho virtual?

Pelo tamanho e o tipo de led, o Fitbit Ultra lembrava o Tamagotchi, uma espécie de bicho de estimação digital, que foi febre nos anos de 1990 e 2000. A semelhança não é casualidade. Para além do aspecto visual, o rastreador teve sua gamificação inspirada no brinquedo No final do menu, o usuário visualizava uma flor, que crescia conforme o seu avanço nas atividades físicas ou diminuía, caso ele ficasse muito tempo parado.

Aliás, a planta era apenas um dos artifícios motivacionais. Além dela, o aparelho dava a opção “Stopwatch Challenge”, em que basicamente o usuário era desafiado a superar o tempo da corrida anterior. Enquanto mensagens como “Burn it” ou “I’m ready” também estavam no seu repertório.

Tecnologia do Fitbit Ultra

O rastreador contava com um acelerômetro de três eixos e um altímetro, os quais permitiam que o dispositivo rastreasse a rotina do usuário, de uma maneira bastante semelhante ao que se vê em pulseiras e relógios inteligentes de hoje em dia. Dessa forma, a pessoa podia conferir as horas, quantos passos deu, por qual distância, quantos degraus subiu ou desceu, quantas calorias foram queimadas e, por fim, ainda saber como estava a qualidade do sono. Para ter acesso a tudo isso pelo próprio rastreador, era necessário apertar o botão até chegar à informação desejada.

A bateria, segundo a fabricante, durava de cinco a sete dias. A tela contava com OLED azul de apenas 1 polegada, motivo de preocupação para o dono, caso o deixasse caí-lo. Nem mesmo a munhequeira que o acompanhava transmitia segurança. Pela forma como se encaixava nela, não era muito difícil derrubá-lo. 

Fitbit Ultra

Fitbit na munhequeira. Foto: Denis Kortunov – Flickr

Em integração, o Fitbit oferecia uma série de conexões. Além do próprio site, que podia receber outras informações, como alimentação, alergia e estado de espírito, era possível se conectar com amigos que usavam a tecnologia e tinham Facebook ou por meio dos contatos do próprio equipamento. A marca ainda oferecia serviços pagos para dar acesso a dados mais detalhados e uma balança eletrônica, chamada Aria Wi-Fi Smart Scale. O seu diferencial era o aplicativo, inicialmente disponibilizado apenas no sistema iOS. Através de uma conexão Bluetooth, era possível definir as atividades físicas a serem realizadas e contar as calorias do que estava comendo. Também era possível se conectar com o celular ou computador pela base do rastreador.

O problema era que muitas das suas ferramentas dependiam do usuário informar dados, como a função “sono”, em que era necessário colocar o tempo que você dormiu. Com o avançar do tempo e da tecnologia, a Fitbit foi crescendo suas funções aprimoradas, até se conformar que o pulso era o seu melhor lugar, como muitos outros wearables. A marca segue no mercado e foi comprada pelo Google, em um processo que perdurou entre 2019 e 2021, por US$ 2,1 bilhões.

Foto: Divulgação – Retirada do site The Verge