Em setembro de 2002, a Philips e a Sony anunciaram uma parceria com o intuito de desenvolver em conjunto uma nova tecnologia de comunicação de radiofrequência de campo próximo, conhecida por ‘Near Field Communication’ (NFC). Na época, o então vice-presidente executivo corporativo da Sony, Yuki Nozoe, afirmou que a colaboração entre as duas empresas marcaria um avanço no setor com uma nova solução para uma rede de comunicação fácil entre dispositivos eletrônicos de consumo.

A tecnologia foi construída a partir de uma combinação de identificação sem contato (RFID) e tecnologias de interconexão. Ela permite a troca de informações sem fio entre dispositivos compatíveis que estejam próximos um do outro, e que funciona a 13,56 MHz, sem a necessidade de configurações adicionais. Estes dispositivos podem ser smartphones, tablets, crachás, cartões de bilhetes eletrônicos, pulseiras e qualquer outro dispositivo que tenha um chip NFC.

Quase dois anos depois do anúncio, em março de 2004, as duas companhias se uniram à Nokia para criar o Fórum Near Field Communication com o intuito de promover a implementação e padronização da tecnologia NFC, de modo a garantir a interoperabilidade entre dispositivos e serviços. Em comunicado à imprensa, Pertti Korhonen, o então diretor de tecnologia e vice-presidente sênior da Nokia, disse que o NFC “não apenas vai melhorar a experiência de utilização dos serviços atuais, mas também criará aplicações e valor inteiramente novos”. 

No ano seguinte, a Nokia fez a atualização de alguns modelos de celulares para testar inicialmente a ferramenta: o Nokia 5140, 5140i e o Nokia 3220. O primeiro modelo (5140) era muitas vezes chamado de “telefone de construtor”, e o sistema NFC foi usado em lugares como aeroportos, serviços públicos do estado e na área da saúde em algumas regiões da Europa. Já o 3220 dava acesso a serviços de navegação e mensagens de texto ao tocar em tags NFC. Fora da Europa, o primeiro teste de NFC, nos Estados Unidos, foi realizado com a ajuda da Visa, do Chase Bank, da ViVOtech e da Cingular para fazer pagamentos em Atlanta.

Por outro lado, o primeiro telefone da marca criado com tecnologia NFC integrada foi o modelo Nokia 6131 em 2007. Os usuários eram capazes de fazer compras, acessar serviços móveis ou até mesmo usar o telefone para as passagens de transporte. No entanto, o modelo da empresa finlandesa não foi o primeiro do mundo. Em 10 de julho de 2004, a NTT Docomo, operadora de telefonia celular do Japão, lançou o primeiro dispositivo móvel habilitado para NFC – com a finalidade de fazer pagamentos móveis (e mais tarde para também pagar por bilhetes de transporte Suica) – o Panasonic P506iC.

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No Brasil, a Visa Net, atual Cielo, lançou a primeira solução de pagamento por aproximação em 2008. “Foi algo muito prazeroso, ver aquilo virando uma realidade dentro de um laboratório, onde tudo começou. Desde 2008, todo esse grupo que participou não tinha dúvida que era o início de uma grande transformação dentro do nosso sistema de pagamentos eletrônicos. Nem se cogitava outros casos de uso, como em transporte público, que vieram depois. Foi uma mudança cultural, uma agilidade para o comércio, realizando uma transação mais rápida e com segurança”, ressaltou Alessandro Rabelo, diretor-executivo de soluções Visa, em entrevista à Exame.

Com o passar dos anos, o sistema foi evoluindo e cada vez mais empresas foram aderindo à tecnologia. Após a pandemia de Covid-19, o crescimento do NFC acelerou e, desde então, o aumento da modalidade tem sido constante. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), no terceiro trimestre de 2023, pela primeira vez, os brasileiros pagaram mais por aproximação do que com cartão tradicional em compras presenciais, sendo mais da metade (52,3%) das transações presenciais foram realizadas por meio da tecnologia NFC, aproximando seu cartão, celular, relógio ou outro dispositivo.

 

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