Há 10 anos, em outubro de 2013, o Projeto Ara foi revelado como uma grande promessa de criar smartphones modulares, com uma série de peças menores, no estilo LEGO, que poderiam ser reorganizadas e trocadas em segundos. Foi desenvolvido e liderado, inicialmente, pela equipe de Tecnologia Avançada e Projetos da Motorola Mobility enquanto era uma subsidiária do Google.

No início do ano seguinte, em 2014, a empresa americana foi vendida para a Lenovo pelo Google por US$ 2,9 bilhões. O Google Atap (área da empresa que pesquisa alta tecnologia), originalmente da Motorola, foi uma das poucas áreas da empresa que ficou com o Google após esta venda.

Em 2011, antes da aquisição da Motorola Mobility, o Google já havia adquirido algumas patentes relacionadas a telefones móveis modulares da empresa israelense Modu. No ano seguinte, houve uma exploração inicial teórica desse conceito e, em setembro de 2013, o designer holandês Dave Hakkens anunciou o conceito independente do telefone modular Phonebloks, que teve uma colaboração com o projeto.

Antes da divulgação, em 2013, a empresa de celulares fez uma viagem de cinco meses pelos Estados Unidos chamado “MAKEwithMOTO” com o intuito de medir o interesse do consumidor em telefones personalizados.

Desenvolvimento do projeto

O objetivo do projeto era “fazer pelo hardware o que a plataforma Android fez pelo software”, criando um ecossistema que pudesse suportar o desenvolvimento de hardware de terceiros para componentes individuais (peças comuns de smartphones, como processadores, monitores, baterias e câmeras) do telefone – ou seja, seria possível atualizar o processador, a tela e muito mais do telefone comprando de diferentes fornecedores. A descrição do projeto dizia: “Projeto Ara: desenvolvido para seis bilhões de pessoas”.

A proposta era permitir que um dispositivo fosse atualizado ao longo do tempo com novos recursos sem demandar a compra de um dispositivo totalmente novo, proporcionando um ciclo de vida mais longo para o smartphone e reduzindo potencialmente o desperdício eletrônico. No entanto, em 2016, o conceito foi revisado, alterando para um smartphone básico com componentes principais não atualizáveis e módulos que fornecem recursos suplementares.

A primeira versão do kit de desenvolvedores contou com um protótipo quase funcional de um smartphone Ara que foi demonstrado no Google I/O 2014, mas travou na tela de inicialização. No início de 2015, o grupo Ara apresentou, por sua vez, o protótipo “Spiral 2”, que programou um teste piloto do dispositivo em Porto Rico no fim do ano. Entretanto, em agosto, o Google anunciou que o piloto do Ara em Porto Rico havia sido adiado indefinidamente, e que a empresa, em vez disso, manteria pilotos em “alguns locais” nos EUA em algum momento de 2016.

Projeto cancelado

Na conferência Google I/O 2016, a empresa revelou um novo modelo de desenvolvimento, a “Developer Edition”. Havia mudanças notáveis em relação ao conceito original; agora o dispositivo consistia em um telefone básico com componentes principais que não podiam ser atualizados, incluindo antena, bateria, tela, sensores e aparelho de chip, além de conter módulos para adicionar recursos como display secundário ou câmeras e alto-falantes para substituição.

O Google tinha o plano de lançar a nova versão para desenvolvedores do Ara no quarto trimestre de 2016, com um custo de materiais de US$ 50, realizando o lançamento do Projeto Ara para o consumidor em 2017. Porém, em 2 de setembro de 2016, a Reuters informou depois de ouvir duas fontes que a fabricação havia sido cancelada. Naquele mesmo dia, mais tarde, o Google confirmou que o Projeto Ara havia sido arquivado.

“Os smartphones modulares têm gerado grande entusiasmo na comunidade tecnológica pelo seu potencial de prolongar a vida útil de um dispositivo e reduzir o desperdício eletrônico. Mas os dispositivos são difíceis de levar ao mercado porque suas peças intercambiáveis os tornam volumosas e caras de produzir”, disse o analista Bob O’Donnell, da TECHnalysis Research, em uma entrevista à Reuters.

 

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