Quem está acostumado a ouvir música no celular hoje mal se lembra, ou sequer chegou a viver, a época em que era necessário escutar música através de vinil, cassetes ou cds. Mas um software, no final dos anos 90, acabou por revolucionar e sacudir a indústria musical: o Napster.

Lançado em 1999, o Napster foi desenvolvido por Shawn Fanning e Sean Parker com a proposta de ser um programa que possibilitasse o compartilhamento de arquivos MP3 entre os usuários. 

Para isso, eles criaram uma tecnologia peer-to-peer (P2P), que permitia o download de arquivos diretamente de outros computadores, similar ao conceito dos torrents. Assim, qualquer pessoa com acesso à internet poderia baixar e compartilhar músicas gratuitamente, sem precisar de CDs ou fitas cassete. 

Do céu ao inferno

O impacto foi imediato. O programa rapidamente se tornou um fenômeno global, e no começo dos anos 2000 acumulou uma quantidade cada vez maior de usuários, com seu pico sendo estimado em cerca de 80 milhões. 

A fama do Napster se deu principalmente pela facilidade, já que fez com que as pessoas tivessem acesso a músicas de versões diferentes, como músicas antigas, gravações inéditas, versões de estúdio, registros piratas de shows etc. De certa forma, o programa acabou por popularizar o consumo de música digital.

No entanto, esse sucesso todo incomodou a indústria fonográfica, e trouxe consigo uma onda de processos judiciais por questões de direitos autorais. 

Em abril de 2000, a banda de heavy metal Metallica foi um dos primeiros artistas a abrir um processo contra a plataforma. O motivo foi que a música I Disappear (trilha do filme Missão:Impossível 2) estava circulando livremente no serviço. Mas com um detalhe: a música ainda não havia sido lançada oficialmente.

Outros artistas como Dr. Dre e Madonna também chegaram a abrir processo contra a plataforma por violação de direitos autorais. 

O ápice nas batalhas judiciais aconteceu quando a gravadora americana A&M Records e a RIAA (Recording Industry Association of America, ou Associação da Indústria de Gravação da América), decidiram também processar a plataforma. 

Apesar de ter feito muito barulho e de ter ido da Stairway to heaven para Highway to Hell em pouco tempo, o Napster foi obrigado a encerrar sua operação em julho de 2001. Em meio aos acordos, a plataforma teve que pagar cerca de US$ 26 milhões a detentores de direitos autorais.

Para alguns especialistas, o impacto do Napster na venda de CDs e LPs foi tão grande que ele quase chegou a matar o mercado musical como um todo, com efeitos que perduraram até recentemente.

Ressurgindo como uma fênix

Mas ainda não era o fim do Napster. Pouco tempo depois, seu nome e marca foram para leilão, sendo adquiridos pela empresa de tecnologia americana Roxio. Em 2008, a rede de varejo Best Buy comprou a Napster da Roxio, em uma operação de US$121 milhões. 

Apesar do encerramento, o Napster abriu caminho para a digitalização da música e para os diversos serviços de streaming como Spotify e Apple Music, que hoje dominam o mercado. E aqui entra um plot-twist na história: o Napster ressurgiu anos atrás e virou uma plataforma de streaming.

Em 2011, o Napster se fundiu com o serviço de streaming de música Rhapsody e, finalmente, em 2016, passou a adotar oficialmente o nome Napster em sua plataforma. O serviço de música sob demanda pode ser assinado por US$11 por mês.

A última etapa da história do software de música aconteceu em março de 2025, quando a empresa de tecnologia Infinite Reality comprou a plataforma por US$ 207 milhões.

 

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