Ao final dos anos 1990, tecnologias de comunicação sem fio já eram comuns, com a criação do rádio, telefone, celular e outras formas de transmissão de sinais de voz. Por outro lado, ainda não havia uma tecnologia de rádio de curta distância que possibilitasse conectividade e colaboração entre diferentes produtos e indústrias.

Na época, cabos de dados (serial ou USB) eram usados para sincronizar dados entre seu computador e PDA, por exemplo. Havia a opção do infravermelho, usado em controles remotos, mas requeria que os dois dispositivos estivessem com os seus sensores mirados um para o outro durante a transferência de dados. O Bluetooth é diferente e e os dispositivos não precisam estar alinhados. A velocidadade da versão 1.0 chega a 721 Kbps.

Tudo começou com a fabricante sueca Ericsson, que montou um consórcio de fabricantes de computadores e eletrônicos, chamado Bluetooth SIG (Special Interest Group), para lançar no mercado a tecnologia que estava desenvolvendo há alguns anos. Ela permitia que computadores, celulares, e PDAs se livrassem se fios par transferir dados entre eles.

O consórcio, que existe até hoje, era formado inicialmente pela Ericsson, IBM, Intel, Nokia e Toshiba, mas já contava com 4 mil membros no fim do seu primeiro ano. Atualmente, há mais de 30 mil empresas que participam do grupo, cada um com um nível de influência.

Nils Rydbeck, ex-CTO da Ericsson Mobile, e o inventor e físico sueco Johan Ullman, chamaram os engenheiros Jaap Haartsen and Sven Mattisson para se juntar a eles na missão de desenvolver um jeito de conectar computadores a headsets sem fio. Os dois se empenharam na criação de um substituto para os cabos RS-232, padrão concebido nos anos 1960, no laboratório de pesquisa da companhia, na cidade de Lund, na Suíça. Ele usava ondas de rádio UHF entre 2,4 e 2,485 GHz.

O T36, da Ericsson, foi o primeiro celular com Bluetooth mostrado ao público, em 2000, mas não chegou a ser lançado no mercado, pois foi cancelado. O primeiro celular disponível comercialmente com Bluetooth foi o T39, lançado pela Ericsson em 2001. O alcance começou em 10 metros na primeira geração, o que já subiu para 240 metros na quinta geração, lançada em 2016. Ele consegue transmitir em até 2 Mbps.

As especificações da primeira geração do Bluetooth foram divulgadas em 1999. Basicamente, o Bluetooth possibilita que dispositivos criem pequenas redes chamadas piconets. Por meio delas, são transmitidos dados com ondas de rádio na frequência de 2,4 GHz. Ele permite que um dispositivo central, como um smartphone, envie ou solicite dados de dispositivos periféricos, como fones de ouvido ou alto-falantes, por exemplo, que podem compartilhar dados com o dispositivo central, mas não podem se comunicar entre si. Além de permitir a conexão de uma variedade enorme de dispositivos, o Bluetooth tem como recursos centrais seu baixo gasto de energia, permitindo ser utilizado com baterias simples, o que reduz seu custo.

Após um período de lançamento inicial difícil, ele começou a ganhar tração no mercado. A tecnologia apareceu pela primeira vez em computadores em 2000, se espalhando para celulares, impressoras e notebooks, no ano seguinte. Em meados da década de 2000, fones de ouvido Bluetooth para celulares haviam se tornado quase onipresentes. A a tecnologia passou a ser usada em aparelhos de televisão, relógios, óculos de sol, porta-retratos e muitos outros produtos.

Nos primeiros 10 anos do protocolo, quase 2 bilhões de produtos habilitados para Bluetooth foram comercializados. O crescimento constante no uso do Bluetooth continuou e, em 2020, 4 bilhões de produtos habilitados para Bluetooth já haviam sido vendidos.

O nome tem origem curiosa. Em 1996, representantes da Intel, Ericsson e Nokia se reuniram para planejar sobre o futuro padrão. Durante o encontro, Jim Kardach, que na época trabalhava na Intel, sugeriu o nome Bluetooth como um codinome temporário. Ele fazia referência ao rei Harald Gormsson, da Dinamarca, que ganhou o apelido de Bluetooth, dente azul em inglês, por conta da cor azulada do seu dente morto. Em 958, ele foi responsável por unir a Dinamarca e a Noruega.

“O rei Harald Bluetooth ficou famoso por unir a Escandinávia, assim como pretendíamos unir as indústrias de PC e celulares com um link sem fio de curto alcance”, disse Kardach, que foi engenheiro na Intel de 1986 a 2012.

Era para ser apenas um nome temporário. Ele seria substituído por RadioWire ou Personal Area Networking (PAN) – o último acabou sendo escolhido. Depois de uma pesquisa exaustiva, descobriu-se que havia milhares de marcas chamadas PAN na Internet. Já que não seria possível fazer uma pesquisa sobre o uso do nome RadioWire, a solução foi ficar com Bluetooth mesmo. O símbolo é uma junção de duas palavra de um antigo alfabeto rúnico usado na Escandinávia a partir do século IX, o Futhark.

 

 

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