O conselheiro da Anatel Carlos Baigorri, relator do edital de 5G, reiterou, em sua apresentação, na reunião extraordinária da agência desta segunda-feira, 1, a obrigação do chamado Release 16 do 3GPP para as operadoras que vencerem o leilão. “A revolução do 5G só será definida a partir do Release 16. A Anatel não pode frustrar a sociedade exigindo um padrão de 5G que seja apenas um 4G mais rápido”, defendeu. O conselheiro argumentou que o release 16 garante aplicações de baixíssima latência, como carros autônomos, e soluções de IoT com quantidade massiva de dispositivos.
Baigorri rebateu as críticas que apontam esta exigência indo contra o princípio da neutralidade tecnológica. Para ele, acima de tudo, está o princípio constitucional da isonomia que rege as licitações públicas. “O Release 16 é uma garantia de que todos, inclusive os novos players, tenham chance de iniciar a corrida partindo do mesmo ponto”, afirmou, lembrando que, de fato, esta tecnologia exigirá investimentos pesados. “Isso é plenamente justificável para se obter o padrão de qualidade que exigirá todos os benefícios do 5G para a sociedade brasileira”.
O conselheiro reconhece que nenhum país da América Latina adotou redes 5G com esse padrão até agora, mas apontou que outros mercados, como Estados Unidos, Canadá, Japão, China e alguns da Europa, já contam com rede “standalone”, ou seja, uma rede nova, sem ligação com as redes móveis pré-existentes. “Queremos exigir o mais alto nível de tecnologia possível para trazer todas as funcionalidades do 5G. Caso contrário, é como prometer para a sociedade uma Ferrari e entregar um Fusca”, comparou.