Para a Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços Telecomunicações Competitivas (TelComp), o momento é de cautela. A entidade está otimista com o texto do relator Carlos Baigorri, mas entende que os itens que pegaram todos de surpresa – como as redes na Amazônia e a privativa para a administração pública – devem ser analisados com calma e tempo.
Amanda Ferreira, gerente de assuntos regulatórios da TelComp, explica que as exigências acarretam em novos custos e investimentos. “As novidades apresentadas no edital demandam uma análise mais aprofundada e estudos. A gente sabe que, ao determinar a construção de uma rede (como a privada ou a da Amazônia), isso pode ser impedimento para alguns players”.
Para Carlos Eduardo Sedeh, vice-presidente do conselho de administração da entidade, são novos elementos que trazem incertezas e precisam ser debatidos amplamente. “São custos relevantes, dadas as características, por exemplo, da Amazônia, além de ter impacto ambiental, de logística.. são considerações a serem feitas. É preciso saber quanto isso vai onerar o CAPEX das operadoras”, complementou.
Sedeh também comentou sobre os votos declarados de dois conselheiros da Anatel na última reunião, que aconteceu nesta segunda-feira, 1. Ele acredita que a antecipação dos votos é algo normal e mostra como a agência está mais transparente, mais inclusiva.
“Colocar os votos públicos não é negativo. Pelo contrário. Pode colocar pressão, mas já se tem uma base do que está sendo discutido e como está a cabeça dos conselheiros. Mudar de opinião também não é demérito, afinal, estamos tratando de um tema dinâmico. À medida que se busca entender melhor e se tem mais informações, é natural e saudável mudar de opinião. Colocar o voto público é positivo, mesmo que ele deixe claro que pode mudar”, resumiu.
A TelComp acredita que a rede 5G deveria partir do zero para todos. “Se a rede não for nova, o risco é de se ter um comprometimento na entrega do serviço e gerar uma frustração no mercado como um todo, que espera baixa latência e alta velocidade”.
Outro ponto que a instituição acredita trata da inclusão das competitivas no trabalho de interligação das torres, das ERBs. “O 5G só vai experimentar a qualidade que a gente espera se houver a interligação das antenas e das ERBs com fibra ótica. As pequenas operadoras de serviços levaram fibra para o interior para as cidades e podem ser essenciais para a expansão do 5G”, completa Sedeh, vice-presidente do conselho de administração da entidade.